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Júri de fotógrafa invade a noite

Foto Jus: Max Gallão Mesquita
Amigos e familiares de Carlos Felipe foram ao Fórum de Ribeirão Preto pedir justiça


Júri popular vai decidir se a fotógrafa Brenda Caroline Pereira Xavier é culpada por homicídio qualificado; família da vítima quer pena máxima



Adalberto Luque



O juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto, abriu às dez horas desta segunda-feira, 20 de outubro, o júri popular que vai definir se a fotógrafa Brenda Caroline Pereira Xavier, de 30 anos, é culpada pelo assassinato do namorado, o corretor Carlos Felipe Camargo da Silva, de 29 anos, em 3 de março do ano passado.

O julgamento invadiu a noite de ontem e o resultado não havia sido divulgado até as 21 horas. A fotógrafa responde por homicídio triplamente qualificado – motivo fútil, premeditação e sem dar chance de defesa à vítima – e fraude processual por ter alterado a cena do crime.

Foto Pri-Alfredo Risk/Arquivo
    Brenda Caroline está presa desde 4 de abril do ano passado

Logo cedo, familiares de Carlos Felipe se reuniram na frente do Fórum Estadual de Justiça e Ribeirão Preto, onde ocorria o julgamento, para protestar e pedir justiça. 

O advogado da família e assistente de acusação, Mário Badures, disse que a expectativa da família era pela pena máxima de 30 anos de reclusão, relatando que Carlos Felipe era um jovem calmo, de valores, educado, batalhador e disciplinado.

“Um contraste com quem se senta no banco dos réus, marcada por sua possessividade, seu materialismo”, disse, referindo-se a Brenda Caroline. Para Badures, trata-se de um crime macabro e sanguinário, onde Carlos Felipe foi vítima de nove golpes de faca, havendo inclusive seu evisceramento, o que derruba qualquer tentativa de provar que houve legítima defesa.

“A maneira pela qual o homicídio se deu, somado a toda dinâmica, somado a toda postura da ré, somado à questão da alteração da cena do crime […] a expectativa é que os jurados de Ribeirão Preto reconheçam, de fato, as três qualificadoras: motivo fútil, meio cruel e recurso que dificulta a defesa de Carlos Felipe”, conclui.

O advogado de Brenda Caroline, Alexandre Durante, não foi visto pela imprensa. Ele também não retornou às solicitações da reportagem. A fotógrafa está presa na Penitenciária de Pirajuí (SP) desde abril do ano passado. Ela alega legítima defesa.

O promotor Marcus Túlio Nicolino quer a condenação por homicídio triplamente qualificado.

Afirma que as provas são muito evidentes e as agressões que diz ter sofrido, no entender do Ministério Público de São Paulo, foram provocadas depois, como forma de mascarar a situação.

A expectativa era de que o resultado fosse conhecido somente nesta terça-feira (21).

São sete jurados que ouviram testemunhas de acusação e defesa. Brenda esteve presente, vindo de Pirajuí, a 230 quilômetros de Ribeirão Preto.

Relembre o caso – Carlos Felipe Camargo da Silva nasceu em Praia Grande (SP) e tinha 29 anos. Veio para Ribeirão Preto com a mãe e o irmão há cerca de dois anos, quando conheceu Brenda Caroline, agora com 30 anos.

Havia sete meses que os dois moravam juntos quando o crime ocorreu, mas a relação era conturbada.

De acordo com o boletim de ocorrência (BO), o casal teria rompido o relacionamento na véspera do crime, em 2 de março do ano passado. No dia seguinte, a mulher foi até a casa da mãe do corretor de imóveis, para onde ele tinha se mudado, no Adelino Simioni, Zona Norte de Ribeirão Preto.

Após conversarem no carro por dez minutos, ele entrou na casa da mãe dizendo que ele e a namorada voltariam a morar juntos, depois de a mulher reconhecer que precisava mudar.

Reprodução

Brenda Caroline Pereira Xavier tenta provar que matou o namorado, o corretor Carlos Felipe Camargo da Silva, em 3 de março de 2-024, em legítima defesa

Pegou suas roupas e foi embora para o Complexo Ribeirão Verde, na Zona Leste, onde Brenda Caroline morava.

Ainda segundo o BO, no final da noite a mãe de Brenda Caroline teria ligado para a mãe de Caerlos Felipe informando que ele havia sofrido um acidente e estava na Unidade de Pronto Atendimento Nelson Mandela (UPA), no Adelino Simioni.

A família foi até lá e encontrou o rapaz morto. Ele foi atingido por nove golpes de faca entre a cintura e o pescoço, segundo laudo oficial.

Na casa de Brenda Caroline a polícia não localizou celular e notebook da vítima. Também não encontrou a fotógrafa.

Havia sinais de sangue em várias partes da residência. Um dos cômodos havia sido lavado. O laudo apontou que Carlos Felipes recebeu pelo menos nove facadas no tórax, costas, pescoço e face. O jovem foi sepultado na Praia Grande, em clima de revolta entre seus familiares e amigos.

Brenda Caroline compareceu à Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) no final da tarde de 6 de março. Estava acompanhada da mãe e de seu advogado, Alexandre Durante.

Com um olho roxo e muito abalada, segundo Durante, Brenda Caroline alega legítima defesa. Disse que fraturou o nariz e a costela devido às agressões que sofria constantemente por Carlos Felipe e, no final de semana do crime, usou uma faca para se defender.

Ela alegou ter dado três facadas na vítima após ser agredida, embora o laudo aponte pelo menos nove facadas.

 A ex-namorada sumiu com a carteira, o notebook e o celular do corretor de imóveis. Brenda Caroline está presa desde 4 de abril do ano passado, quando se apresentou à Polícia Civil acompanhada do advogado. A prisão preventiva foi decretada no dia 3 pelo juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto, o mesmo que conduziu o Tribunal do Júri,

Foi detida por quatro motivos: comportamento agressivo comprovado durante a investigação; alteração da cena crime – limpou a casa onde o casal morava e local do crime –, “excesso doloso” no número de facadas desferidas – a ré diz que foram três, laudo apontou nove, descartando a legítima defesa – e possibilidade de fuga, já que ela não se apresentou logo após o crime.

Foto Pri-
Alfredo Risk/Arquivo

Brenda Caroline está presa desde 4 de abril do ano passado

Alexandre Durante alega que a acusada sofreu constrangimento ilegal com a prisão e era vítima constante de violência doméstica, inclusive sofrendo fratura no nariz e na costela no dia da morte de Carlos Felipe Camargo da Silva. Também alega que sua cliente é ré primária, possui domicílio, emprego e compareceu espontaneamente à delegacia

A defesa de Brenda teve dois pedidos de habeas corpus negados pela Justiça.

O delegado Rodolfo Latif Sebba disse que, além do número excessivo de facadas, a Polícia Civil também considerou as regiões do corpo da vítima onde os golpes foram desferidos. A Justiça acatou o pedido feito pela Polícia Civil e endossado pelo promotor Marcus Túlio Nicolino.

Rodolfo Latif Sebba indiciou a acusada por homicídio.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou a suspeita por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, premeditação e sem dar chance de defesa à vítima. Em depoimento, a fotógrafa admitiu ter matado o namorado em legítima defesa.

O delegado já havia descartado essa tese. A família de Silva questionava o desaparecimento do celular, da carteira e do notebook do rapaz e, nove dias depois do crime, dois dos três pertences foram entregues à polícia. O material passou por perícia.

Segundo informações, a família de Brenda Caroline Pereira Xavier encontrou a carteira e o celular na casa onde ocorreu o homicídio. O computador não foi localizado. O celular de Brenda Caroline passou por nova perícia. Segundo a Polícia Civil, mensagens foram apagadas após o crime.

* Matéria será atualizada no decorrer dos desdobramentos do julgamento

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