Por: Adalberto Luque
A Justiça de Ribeirão Preto iniciou, na manhã desta terça-feira (9) a audiência de instrução do caso da morte da professora de pilates Larissa Talle Leôncio Rodrigues, de 37 anos, morta por envenenamento. Nesta etapa, todas as 24 testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público, além das testemunhas de defesa e os réus serão ouvidos.
O médico ortopedista Luiz Antônio Garnica, de 38 anos, e sua mãe Elizabete Eugênio Arrabaça, de 68 anos, foram denunciados pelo promotor Marcus Túlio Nicolino como autores do feminicídio de Larissa. Nesta etapa em que as testemunhas serão ouvidas, tanto Elizabete, presa em Tremembé (SP), quando Garnica, preso em Serra Azul, irão acompanhar apenas remotamente, embora as defesas de ambos tenham tentado autorizar para que eles estivessem pessoalmente na sala de audiência do Fórum de Ribeirão Preto.
Nicolino denunciou Elizabete pelo crime de Feminicídio, apontada como a responsável por envenenar Larissa. Já Garnica, além de ser acusado por feminicídio, também foi citado por fraude processual, em razão de ter alterado a cena do crime no dia em que encontrou Larissa morta no apartamento onde viviam.
Além disso, o inquérito da Polícia Civil concluiu que o médico teria produzido um álibi, sendo visto com sua amante no cinema de um shopping e dormindo na casa dela, indo para seu apartamento apenas na manhã de 22 de março, quando encontrou a mulher morta.

A expectativa é que todas as 24 testemunhas de acusação sejam ouvidas hoje pelo juiz. Tanto o MP, quanto os advogados de defesa Júlio Mossin (de Garnica) e Bruno Correa Ribeiro (de Elizabete), poderão formular perguntas para as testemunhas.
Caso não seja possível ouvir todos, uma nova data será marcada. Depois outra data será marcada para as testemunhas das defesas de Elizabete e seu filho. A última etapa será ouvir em juízo os dois acusados pelo MP pela morte da professora Larissa.
A audiência de instrução é um ato processual onde o juiz colhe depoimentos de partes e testemunhas para definir se irá admitir a acusação e levar o caso para júri. É neste momento que o juiz busca esclarecer pontos controversos e avaliar provas apresentadas para tomar uma decisão final se o caso vai a julgamento e, em caso afirmativo, se será júri popular.

As defesas
Segundo o advogado de Garnica, não há provas da participação de seu cliente no feminicídio. Ele cita que a investigação constatou que ele estava na companhia de outra mulher quando tudo aconteceu. Também acrescenta que o celular de Elizabete demonstrou que ela esteve no apartamento e questiona se ela pode ter ficado até pela manhã para, então, deixar o local.
Já o advogado de Elizabete acrescenta que sua cliente não nega ter estado no apartamento, mas estranha ninguém ter visto a idosa entrando ou saindo do prédio, nem zelador, nem porteiro. Correa indaga que há apenas um registro rasurado indicando a hora de saída dela do prédio, o que pode dar o direito de pensar que, além dela, outra pessoa pode ter ido ao local.
Entenda o caso
Larissa foi encontrada morta em seu apartamento, no Jardim Botânico, zona Sul de Ribeirão Preto, na manhã de 22 de março. Seu marido, o médico ortopedista Luiz Garnica, foi quem encontrou o corpo caído no banheiro.
No primeiro boletim de ocorrência do caso, ele disse ter chegado e encontrado a mulher desfalecida. Depois colocou-a na cama, acionou a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas ela já estava morta e não reagiu aos estímulos.

O exame necroscópico foi inconclusivo em relação à causa da morte, mas exame toxicológico apontou que a professora foi envenenada por “chumbinho”. Depois de ouvir várias testemunhas, o delegado do caso, Fernando Bravo, pediu a prisão preventiva do médico e de sua mãe, Elizabete Eugênio Arrabaça, por considerar ambos suspeitos de envenenar Larissa.
Bravo também pediu a exumação do corpo de Nathalia Garnica, irmã e filha dos suspeitos presos, por desconfiar que ela possa ter morrido envenenada, pois teve enfarte e tinha, a exemplo da cunhada Larissa, boa saúde. Ambas estão na mesma sepultura. A exumação foi feita no Cemitério de Pontal em 23 de maio. A conclusão dos exames apontou que ela também morreu envenenada por chumbinho.
Os advogados de defesa negam a culpa de seus clientes e ambos teriam ingressado com pedidos de habeas corpus, que foram negados. Uma das hipóteses investigadas pela Polícia Civil é que o crime possa ter ocorrido por conta de uma eventual partilha de bens em caso de divórcio da vítima.

