A secretária municipal de Cultura e Turismo de Ribeirão Preto, Maria Eugênia Biffi, conhecida como Magê, sempre foi uma ativista movimentos culturais. Advogada, em 2020 ela decidiu entrar na política e disputar uma vaga na Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto. Na ocasião pelo PDT, teve obteve 1.788 votos. Já nas eleições do ano passado, no (MDB) obteve 2.400 votos e ficou como primeira suplente do partido.
No cargo de secretária desde o começo do governo do prefeito Ricardo Silva (PSD), em novembro deste ano, Magê teve a possibilidade de assumir interinamente, por seis meses, o cargo de vereadora em virtude do afastamento de um vereador titular da legenda [Roger Ronan da Silva, o Bigodini]. Entretanto, decidiu ficar no comando da Secretaria. Em entrevista ao Tribuna Ribeirão ela fala sobre os desafios e projetos que tem desenvolvido no setor.
Tribuna Ribeirão – A senhora está há quase um ano na Secretaria de Cultura e Turismo. Como avalia este período à frente da pasta?
Maria Eugênia – Este foi um ano de conquistas e de estruturação para o futuro. Junto com o Prefeito Ricardo Silva conseguimos voltar a sentir orgulho de Ribeirão. A cidade voltou a ter movimento, vida e a cultura virou referência na cidade. Fortalecemos as feiras de arte e economia criativa. Ampliamos as atividades descentralizadas. Conquistamos o MIT (Município de Interesse Turístico) para Ribeirão. Também construímos uma gestão baseada em indicadores, recolocando a cultura e o turismo como eixos estratégicos de desenvolvimento econômico e social da cidade. Estamos construindo a Ribeirão que sonhamos.
Tribuna Ribeirão – Recentemente, a senhora assumiu a vereança interinamente, mas retornou logo em seguida para a Secretaria. O que a levou a tomar esta decisão?
Maria Eugênia – Assumir a vereança foi, antes de tudo, o cumprimento de uma exigência legal e do rito democrático. Após muita reflexão, entendi que, nesse momento e com o contexto em que estamos, posso contribuir de forma mais efetiva para a cidade na Secretaria. Os meus propósitos e compromissos continuam pautados no trabalho para transformar a vida das pessoas e fazer de Ribeirão a potência que merece ser. Seja no Executivo, no Legislativo ou na sociedade civil mantenho, como sempre fiz, a luta para construir o melhor futuro para a cidade e para as pessoas.
“Os meus propósitos e compromissos continuam pautados no trabalho para transformar a vida das pessoas e fazer de Ribeirão a potência que merece ser. Seja no Executivo, no Legislativo ou na sociedade civil”
Tribuna Ribeirão – Em sua avaliação, quais os dois maiores desafios que enfrentou ao assumir a pasta?
Maria Eugênia – Iniciei os trabalhos com um propósito de reconhecer, fomentar e valorizar a pluralidade e excelência das produções artísticas de Ribeirão. Para alcançar diferentes territórios foi necessário desenvolver estratégias de democratização cultural. Uma iniciativa que pretendo ampliar em 2026 com o propósito de descentralizar, ainda mais, o acesso à cultura. No turismo, criamos laços com diferentes segmentos do setor e passamos a debater e construir em conjunto as ações concretas para o futuro turístico de Ribeirão. Sem dúvidas, o turismo de Ribeirão será referência regional.
Tribuna Ribeirão – Ribeirão Preto já foi conhecida como Capital da Cultura. A cidade tem potencial para retomar este título?
Maria Eugênia – Sem dúvida. Esta gestão da Secretaria de Cultura e Turismo, junto com o prefeito Ricardo Silva, tem se dedicado à retomada do protagonismo cultural que Ribeirão Preto merece. A cidade tem um dos mais diversos e potentes ecossistema culturais do país. Artistas premiados, grupos renomados, produções audiovisuais de excelência, a orquestra sinfônica centenária, o terceiro maior teatro de ópera do país, o teatro de arena mais antigo do interior paulista, patrimônios históricos inigualáveis.
Tribuna Ribeirão – Quais foram as principais ações implementadas sob seu comando?
Maria Eugênia – Minha gestão tem trabalhado na democratização do acesso à cultura e economia criativa, buscando a descentralização das atividades, parceria com os produtores locais e a ocupação de espaços públicos com diferentes manifestações culturais. O carnaval de Ribeirão foi um exemplo histórico, com recorde de público (mais de 100 mil pessoas nas ruas de Ribeirão) e atividades em todas as regiões da cidade. O festival Geek é outro exemplo de pluralidade cultural, que pela primeira vez foi realizado pela Secretaria e dentro de um parque municipal.
O aniversário da cidade é outra amostra nesta atuação, com atividades em diferentes locais, de forma gratuita e para todos os públicos: trouxemos a esquadrilha da fumaça no Cristo Redentor, Rock e Samba no Teatro de Arena, bolo na praça XV e muito mais. Essa é uma gestão de portas abertas, construindo ações por meio uma escuta ativa e diálogo com a população e produtores de todos os segmentos. No turismo, a grande vitória foi a articulação decisiva para conquistar o MIT (município de interesse turístico, divulgações das atividades e eventos atrativos no município e a inovação com o projeto Conhecendo Ribeirão Free Walking Tour, uma caminhada guiada pelo centro histórico de Ribeirão todos os meses. Meu trabalho à frente da pasta tem tido como cerne fortalecer o setor cultural, ocupar os espaços públicos e potencializar o turismo local: tudo de forma mais acessível, plural e democrática!
Tribuna Ribeirão – Como levar cultura para todas as regiões, especialmente a periferia?
Maria Eugênia – Democratizar é a marca dessa gestão. Dentre muita coisa que estamos fazendo neste sentido, é importante destacar os projetos de ações continuadas que a secretaria criou, fortaleceu e ampliou nesta gestão. A começar pelo projeto cultura livre circulação, em que espalhamos atividades de danças urbanas, circo, dança de salão e capoeira em praças e parques para mais de 15 bairros descentralizados da cidade: atividades para todas as idades de forma gratuita. Também trabalhamos nos projetos de formação artística nos 5 (cinco) centros culturais, disponibilizando aulas de ballet, violino, musicalização, circo, teatro, violoncelo e muitas outras para crianças e adolescente das regiões leste, oeste e norte de Ribeirão, tudo gratuito. Além disso, temos ainda o Programa de Integração Comunitária, que atende em 59 bairros descentralizados pessoas acima de 50 anos com atividades de lazer, cultura e bem-estar.
“No turismo, criamos laços com diferentes segmentos do setor e passamos a debater e construir em conjunto as ações concretas para o futuro turístico de Ribeirão Preto”
Tribuna Ribeirão – O que é o projeto de visitas monitoradas?
Maria Eugênia – O projeto Conhecendo Ribeirão: Free Walking Tour foi criado para fortalecer o turismo cultural. Uma iniciativa em parceria com a comunidade acadêmica, através da Dra. Ana Cirigliano e a Barão de Mauá. O projeto oferece passeios guiados pelo centro da cidade, explorando construções de interesse histórico e arquitetônico e narrativas sobre a formação da cidade. O objetivo é fomentar pertencimento e reconectar moradores e visitantes à nossa história.
Tribuna Ribeirão – Qual a situação dos museus municipais na USP?
Maria Eugênia – Os Museus Histórico e do Café são patrimônio da história de Ribeirão. Resgata a nossa trajetória, a nossa memória e a nossa identidade da nossa cidade e da região. Por isso, estamos olhando com muito carinho para esse lugar e desenvolvendo uma séria de ações focadas exclusivamente no complexo dos museus. No próximo ano já pretendemos realizar a inauguração da Reserva Técnica: Uma estrutura física que está sendo construída para guarda e conservação segura do acervo museológico.
Além disso, fomos contemplados no Edital do IBRAM, ou seja, vamos conseguir desenhar o nosso sistema municipal de museus e entre as ações, vamos catalogar o acervo do Museu do Café. E ainda, criamos desta gestão uma comissão específica para analisar e estudar as possibilidades de gestão do complexo dos museus históricos e do café. Voltar com as atividades no Museu é nosso objetivo e para isso, estamos dando os primeiros passos de uma longa caminhada que estamos traçando para reconstruir e devolver esse importante patrimônio para toda a população.
Tribuna Ribeirão – Quais ações têm sido desenvolvidas na área do turismo?
Maria Eugênia – O turismo é um setor prioritário na gestão da pasta. Por isso, reestruturamos totalmente as operações institucionais. Abrimos espaços de escutas com hotéis, agências, produtores de eventos e restaurantes; iniciamos um projeto de fortalecimento da governança municipal; participamos da formação e encaminhamento do Observatório do Turismo junto com as demais entidades e empresas do segmento. Também buscamos captação de recursos federais e estaduais focados nas ações de fortalecimento de eventos turísticos; laçaremos o Programa de Capacitação do Trade turístico no próximo ano com a ampliação a promoção do Destino turístico de Ribeirão, desenvolvimento de roteiros oficiais. E, junto com os deputados Leo Oliveira e Baleia Rossi aprovamos o reconhecimento do título inédito para Ribeirão de Município de Interesse Turístico pela Assembleia Legislativa do Estado ainda em 2025.
“Esta gestão da Secretaria de Cultura e Turismo, junto com o prefeito Ricardo Silva, tem se dedicado à retomada do protagonismo cultural que Ribeirão Preto merece”
Tribuna Ribeirão – Quantos eventos culturais são realizados por mês?
Maria Eugênia – A Secretaria da Cultura e Turismo realiza, em média, cerca de 150 atividades culturais por mês, considerando apenas as que são realizadas a exclusivamente pela Secretaria por meio dos eventos, oficinas e programação esporádica. Isso garante que Ribeirão mantenha uma agenda ativa e descentralizada durante todo o ano.
“A meta é entregar o Palácio requalificado como um equipamento vivo, acessível e multiuso para cultura e turismo de Ribeirão”
Tribuna Ribeirão – Como está a restauração do Palácio Rio Branco? Há previsão de conclusão?
Maria Eugênia – O Palácio é uma obra de grande complexidade técnica. A Ordem de Serviço foi assinada em 2024, com início das obras em junho do mesmo ano e cronograma inicial de 18 meses. As etapas iniciais da parte interna e externa foram concluídas. Em se tratando de restauro as descobertas devem ser apresentadas e aprovadas pelo Conselho de Patrimônio Municipal, como foi o caso dos pisos originais que encontramos nos salões rosa e verde. Tais análises, elaborações de relatórios e aprovações demandam cuidado e tempo específico, o que amplia o prazo de entrega final. A meta é entregar o Palácio requalificado como um equipamento vivo, acessível e multiuso para cultura e turismo de Ribeirão.