Pais e responsáveis por alunos que estudam em alguma das mais de dez mil escolas e universidades particulares do estado de São Paulo – Ribeirão Preto tem mais de 400 – devem preparar o bolso: a mensalidade escolar deve subir 9,8% em 2026, o dobro da inflação oficial projetada para este ano, de 4,81%, segundo o Boletim Focus do Banco Central com base na evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para 2026, a projeção para o IPCA é de 4,28%. Este deve ser o maior reajuste dos últimos anos, super ando em 0,3 ponto percentual a correção de 2025, de 9,5% – a inflação de 2024 ficou em 4,83%. O Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições privadas de ensino, prevê um aumento médio de 9,8%. Prognóstico semelhante ao feito pelo Instituto Brasileiro de Estudos em Educação (IBEE), que varia de 5% a 11,5%
Ambas as previsões superam a inflação oficial projetada para o próximo ano, que é de 4,81%. A última pesquisa Focus do Banco Central foi divulgada na segunda-feira, 29 de setembro. A legislação exige que o valor da anuidade seja divulgado com pelo menos 45 dias de antecedência ao fim do período de matrícula, permitindo que as famílias escolas se organizem financeiramente.
De acordo com os levantamentos, os aumentos são impulsionados por fatores diversos, como a inflação acumulada, os investimentos pedagógicos (incluindo programas bilíngues e tecnologia) e os reajustes salariais de professores. Outro fator econômico crucial é a saúde financeira das próprias instituições.
O estudo da Rabbit com 308 instituições de ensino em todo o país revelou que 70% das escolas estão mais endividadas hoje do que antes da pandemia. Esse cenário de endividamento crescente pressiona as escolas a buscarem maior arrecadação para manter o equilíbrio financeiro.
Segundo o estudo, quatro em cada dez escolas pretendem aplicar um reajuste de 10% nas mensalidades. A justificativa recai principalmente sobre a pressão dos custos salariais. A remuneração dos professores representa entre 45% e 55% das despesas totais e cresce, historicamente, acima da inflação.
O CEO da Rabbit, Christian Coelho, afirma que parte do aumento também decorre de investimentos feitos após a pandemia. “Apesar da alta nas matrículas, as escolas ainda não compensaram as perdas financeiras do período, quando ofereceram descontos e lidaram com evasão”, diz.
A pesquisa mostra que escolas menores devem aplicar reajustes mais modestos. Colégios com até 80 alunos preveem alta de 8,4% nas mensalidades, enquanto instituições com mais de 850 estudantes estimam aumento de 9,2%.
Os recursos adicionais serão destinados a diferentes frentes: 70% das escolas disseram que vão ampliar atividades extracurriculares, e 52% apontaram melhorias em infraestrutura. Mesmo assim, a lucratividade média deve permanecer em torno de 14%, segundo a consultoria.
Não há limite legal para os reajustes. A legislação apenas determina que os colégios só podem alterar o valor uma vez por ano, devendo apresentar às famílias planilhas de custos que justifiquem a correção. No ano passado, as mensalidades escolares também subiram acima da inflação.
Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa as escolas particulares paulistas, o índice ficou em 9%, em média. O IPCA fechou 2023 em 4,62%.
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Neste ano, as mensalidades escolares também subiram acima da inflação no estado: reajuste médio foi de 9,5%, e o IPCA fechou 2023 em 4,83%

