Levantamento do Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência, plataforma criada pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a Fundação Seade, revela que Ribeirão Preto empregou entre 2020 e julho de 2025, 3.312 pessoas com algum tipo de deficiência. No mesmo período foram demitidas 3.262 pessoas. Até o final de julho deste ano foram feitas 529 admissões e 480 demissões.
O número de deficientes empregados neste período representa apenas 8% do total de pessoas com deficiências existentes na cidade. Dados da coordenadoria de Atenção à Saúde das Pessoas com Deficiência de Ribeirão Preto, ligada a Secretaria Municipal de Saúde revelam que atualmente Ribeirão Preto tem 40.521 pessoas com alguma deficiência. (Ver total por tipo de deficiência nesta página).
Um dos objetivos do Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência é ser um instrumento de políticas públicas e um ponto de partida para a construção de novas ações inclusivas, para este público nos 645 municípios do Estado de São Paulo. Para tanto, disponibiliza dados organizados e integrados sobre as pessoas com deficiência transformando-os em informações úteis para a tomada de decisões pelos governantes.
O Observatório também tem como objetivo ser fonte de estudos para os pesquisadores e profissionais interessados na causa, além de ser um instrumento de monitoramento do progresso das políticas relacionadas à deficiência e à implementação da Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Programa tenta a inclusão
Para tentar alterar esta realidade, o programa “Meu Emprego Inclusivo”, das Secretarias dos Direitos da Pessoa com Deficiência e de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, trabalha para promover a inclusão, permanência e desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Também atua para apoiar empresas na busca por destes profissionais.
A atuação do programa é feita pelos Polos de Empregabilidade Inclusivos (PEI) existentes nas grandes cidades do estado. Em Ribeirão Preto o PEI é executado pela Associação Síndrome de Down de Ribeirão Preto (Ribdown) e atua no desenvolvimento da autonomia e emancipação social de pessoas com deficiência intelectual e síndrome de down há mais de 20 anos.
De março de 2022 até o momento, em Ribeirão Preto e na Região Metropolitana, foram atendidos cerca de 800 profissionais e realizada a inserção de 181 no mercado de trabalho. O endereço eletrônico para informações sobre o programa é www.ribdown.org.br
Segundo os responsáveis pelo Programa ainda existem muitas barreiras que dificultam não só a inserção, mas a permanência destes profissionais nos postos de trabalho. Entre elas, o desconhecimento de equipes e gestores sobre deficiência e a visão cultural de assistencialismo ou de incapacidade dos trabalhadores com deficiência.
Total de Pessoas com deficiência em RP
Visual – 20.959
Auditiva – 7.685
Física – 25.151
Intelectual – 7.685
TEA – 9.082
Total – 40.521
Fonte: Coordenadoria de Saúde da Pessoa com Deficiência de RP
PCD’s empregados em Ribeirão Preto
2020
Admissões – 364
Demissões – 407
2021
Admissões – 413
Demissões – 507
2022
Admissões – 601
Demissões – 552
2023
Admissões – 717
Demissões – 617
2024
Admissões – 688
Demissões – 699
2025 – Até julho
Admissões – 529
Demissões – 480
De 2020 a 2025
Admissões – 3.312
Demissões – 3.262
Fonte: Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Conseguir emprego é um grande desafio, revela pesquisa
Pesquisa realizada pela Catho, uma grande plataforma de empregos do país, com 1.863 pessoas, revelou que os desafios para a inclusão no mercado de trabalho de quem tem alguma deficiência, ainda são significativos. O levantamento mostrou que 57% dos entrevistados estão desempregados, sendo que metade deles busca recolocação de forma ativa. Apesar da existência da Lei de Cotas, que obriga empresas com mais de 100 funcionários a contratarem PcDs, 45% nunca tiveram experiência profissional amparada pela lei.

Entre os participantes, mais de 40% eram pessoas com deficiência física, mas uma parcela expressiva enfrenta dificuldades para comprovar oficialmente a deficiência: 38% não têm laudo médico ou certificado do INSS e quase 30% desconhecem o processo para obter o documento. A percepção sobre o mercado também foi um ponto de atenção. Para 31% dos entrevistados, as oportunidades para PcDs são restritas e 22% acreditam ser quase inexistentes.
Embora 23% reconheçam que as vagas voltadas a esse público estejam relacionadas à conscientização, a maioria (64%) considera que elas só existem por conta da lei de cotas. Esse cenário impacta diretamente a experiência profissional, visto que 43% dos respondentes relataram já ter sofrido algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho.
Em relação às principais barreiras para inclusão, destacam-se a falta de oportunidades (18%) e falta de preparo dos gestores (13%), fatores que reforçam, principalmente, a importância de ter maior conscientização e políticas estruturadas dentro das empresas.
Mitos profissionais sobre os deficientes
Pessoas com deficiência preferem receber benefícios a trabalhar
Na verdade, o trabalho não representa apenas renda, possibilita o desenvolvimento de habilidades e autonomia, aumenta a autoestima e a participação social ativa.
Pessoas com deficiência são menos produtivas
A produtividade está ligada a condições adequadas de trabalho e não a deficiência.
Contratar pessoas com deficiência gera alto custo para a empresa
Muitas adaptações são simples e de baixo custo.
Pessoas com deficiência não têm qualificação profissional
Atualmente mais pessoas com deficiência têm acesso à educação básica, capacitação, formação técnica ou de ensino superior.
Pessoas com deficiência não podem ser demitidas
Elas têm os mesmos direitos e deveres, incluindo avaliação de desempenho

