O Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do promotor Paulo Cesar Souza Assef, denunciou o vereador Roger Ronan da Silva (MDB), o Bigodini, de 33 anos, que se envolveu em acidente de trânsito e é suspeito de dirigir embriagado e de cometer fraude processual ao mentir para policiais.
O parlamentar foi denunciado pelos crimes de embriaguez ao volante, falsidade ideológica e fraude processual. A namorada dele, Isabela de Cássia de Andrade Faria, de 29 anos, também foi denunciada por falsidade ideológica e fraude processual, além de favorecimento pessoal.
A denúncia foi formalizada na quarta-feira, 19 de novembro, após o promotor descartar a possibilidade de oferecer acordo de não persecução penal para o vereador e a namorada, medida que resultaria no arquivamento do inquérito policial.

Segundo o MP, o fato de ocupar uma cadeira no Legislativo Municipal torna inviável a oferta de um acordo. “Á época dos fatos, Roger Ronan ocupava o cargo de vereador nesta municipalidade, circunstância que lhe impunha o dever de preservar sua conduta social e reputação”, diz parte do documento enviado a Justiça de Ribeirão Preto.
O acordo de não persecução penal é uma medida alternativa prevista no Código de Processo Penal (CPC) para crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, cuja pena mínima seja inferior a quatro anos.
O objetivo é evitar o processo judicial tradicional, desde que o investigado se comprometa a cumprir certas condições para reparar o dano causado, e assim dar uma resposta mais rápida e efetiva à sociedade.
Para que o acordo seja aplicado, é necessário que o investigado confesse a prática do crime e aceite cumprir todas as condições estipuladas pelo Ministério Público, como, por exemplo, prestar serviços à comunidade, pagar indenização ao ofendido ou cumprir outras medidas que promovam a reparação do dano.
O barbeiro e infuenciador pode perder o mandato legislativo ficar inelegível por oito anos caso a Justiça de Ribeirão Preto acate a denúncia do Ministério Público e Bigodini seja condenado.
No dia 10 de novembro, a Câmara de Ribeirão Preto aprovou, por unanimidade, projeto de resolução do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que impõe pena de suspensão de seis meses – 180 dias – para Bigodini, sem a remuneração de R$ 20.597,25.
Ele se envolveu em acidente de trânsito na madrugada de 28 de setembro, na avenida do Café, na Zona Oeste. A cerca de 60 km por hora, bateu em poste e derrubou um coqueiro. O processo na Câmara foi instaurado após o jornalista Rodrigo Leone da Silva impetrar pedido de cassação.
Bigodini foi flagrado bebendo vodca, cachaça, uísque e cerveja antes de dirigir um Chevrolet Tracker a 183 km/h pelas vias da cidade, além de mentir para policiais militares. Somadas, as penas podem chegar a dez anos de prisão em caso de condenação. O casal não foi preso e acompanha o trâmite do processo em liberdade.
Segundo o delegado Gustavo André Alves, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e responsável pelo indiciamento do vereador, as investigações reuniram diversas imagens de câmeras de segurança coletadas em diversos pontos por onde Bigodini e a namorada haviam passado naquela noite e madrugada que antecederam o acidente.
Eles foram a diversos bares e a Polícia Civil conseguiu levantar o que ele consumiu. Os vídeos foram submetidos à perícia comprovam que Bigodini estava ao volante do Chevrolet Tracker cinza alugado. O rastreamento foi possível porque o carro que Bigodini dirigia era alugado e monitorado por GPS.
As imagens também mostram que o vereador dirigia o carro em altíssima velocidade. À 1h32 de domingo, 28 de setembro, o carro dirigido pelo vereador Bigodini estava a 113 quilômetros por hora na avenida Presidente Vargas; à 1h52, foi flagrado a 131 km/h na Maurílio Biagi; e às 2h06, manteve os 131 km/h na avenida Brasil.
Às 2h08, estava a 165 km/h na Rodovia Anhanguera (SP-330), onde foi visto a 183 km/h às 3h19. De volta á avenida Brasil, às 3h57 estava a 133 km/h. Às 4h29, na rua Florêncio de Abreu, dirigia a 72 km/h e passou no sinal vermelho; e, por fim, no momento do acidente na avenida do Café, estava a 66 km/h.
Segundo o mapa da Polícia Civil, que rastreou os passos do vereador e de sua namorada naquele último final de semana de setembro, antes da meia-noite de sábado (27) Bigodini havia consumido duas caipirinhas (uma de vodca e uma de cachaça) num bar da cidade.
Por volta de uma hora da madrugada de domingo, consumiu ao menos duas jack coke (mistura de uísque com coca-cola) numa casa de shows. Imagens do local mostram o vereador com andar cambaleante, sendo escorado por uma geladeira. Ele ainda comprou três cervejas em duas lojas de conveniência de postos de combustíveis.
A secretária de Cultura e Turismo de Ribeirão Preto, Maria Eugênia Biffi, a Magê, de 36 anos, primeira suplente do vereador Bigodini, assumirá o mandato legislativo na próxima segunda-feira, 24 de novembro. Ela já deixou a pasta temporariamente, conforme portaria de exoneração publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de quarta-feira (19).
Filiada ao MDB, a advogada Magê ficará no cargo por menos de um dia. Imediatamente após a posse, pedirá licença do cargo para continuar no secretariado do prefeito Ricardo Silva (PSD). Ela obteve 2.400 votos obtidos nas eleições de 2024.
Com o retorno de Maria Eugênia à Cultura, quem será chamado para assumir o cargo até o retorno de Bigodini será o segundo suplente do MDB, o líder comunitário e educador físico Robson Vieira, de 36 anos.
Entre a notificação por parte da Câmara e a entrega da documentação exigida para a posse, a previsão é que ele assuma o mandato interino de seis meses na sessão do dia 1º de dezembro. Até o fechamento desta edição a reportagem não havia conseguido falar com a defesa de Bigodini.

