Por Adalberto Luque
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou Michele Cristina Feliciano Costa do Santos, de 32 anos, à Justiça de Ribeirão Preto pela morte da mãe, a diretora escolar aposentada Márcia Cristina Feliciano Costa, de 59 anos. A assassina foi indiciada pela Polícia Civil e denunciada por homicídio qualificado pela Promotoria Criminal, após ter confessado o crime, relatando detalhes do que ocorreu em 11 de setembro na área de lazer da família, no Planalto Verde, Zona Oeste da cidade.
O promotor Marcus Túlio Nicolino cita que o laudo necroscópico destacou a presença de diversas lesões no corpo da vítima, incluindo ferimentos de defesa e um corte profundo e de grande extensão no pescoço, que seccionou estruturas vitais na região. O caso configura homicídio por motivo fútil, com meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele apontou ainda o crime contra ascendente como fator agravante.
A Polícia Civil havia indiciado a assassina por feminicidio. Segundo o delegado José Carvalho de Araújo Júnior, coordenador da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), a mulher levou 20 facadas, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Além disso, teve todos os dentes da frente quebrados pela filha Michele Cristina Feliciano, de 32 anos, que confessou o assassinato.
Segundo Araújo, os policiais da Delegacia de Homicídios que investigam o caso estranharam o primeiro depoimento de da Michele Cristina Feliciano, no dia em que a mãe foi morta, 11 de setembro. Ela teria relatado tudo com tranquilidade, segundo o delegado, postura incompatível para quem havia acabado de perder a própria mãe.
O delegado disse que a médica responsável pelo serviço de verificação de óbito ligou informando que havia ferimento de faca, razão pela qual a Polícia Civil passou a investigar como homicídio. Com o laudo, foi possível constatar que a maioria dos ferimentos era de defesa da vítima, nos braços e mãos. O ferimento fatal foi um corte no pescoço.
As duas estavam limpando a área de lazer quando começaram uma discussão que evoluiu para briga. A Márcia Costa teria tocado num assunto delicado para Michele Cristina – a festa de aniversário de 15 anos da filha, neta da vítima –, que depois de empurrar a mãe pegou uma faca de cozinha e ainda cortou-lhe o pescoço.
Durante a briga, a vítima tentou se defender das facadas, por isso os vários ferimentos nas mãos e nos braços. Antes de voltar a encher bexigas, Michele Cristina Feliciano começou a gritar como se alguém estivesse no local, proferindo frases como “sai, Gustavo” ou “para, Gustavo” para que os vizinhos ouvissem.
A mulher, presa no dia 19 de setembro, confessou o crime ao delegado José Carvalho de Araújo Júnior. Ela retornou à área de lazer para indicar à Polícia Civil o local onde a faca de cozinha usada no crime e com vestígios de sangue estava escondida. A arma do crime está sendo periciada.
A defesa de Michele Cristina Feliciano disse que ela colabora com as investigações e todas as explicações serão reveladas no decorrer do processo. Ela pode ser condenada a pena de até 30 anos de prisão em regime fechado. Está na Cadeia Pública de São Joaquim da Barra
A Polícia Civil prendeu Michele Cristina Feliciano após expedição do mandado de prisão, ela foi presa em casa e levada à delegacia acompanhada de um advogado. Na quinta-feira (18), havia relatado à Delegacia de Homicídios que a mãe fora vítima de acidente doméstico.
O óbito chegou a ser registrado como morte a esclarecer. Contudo, o exame de necropsia constatou um corte no pescoço da ex-diretora, levantando a possibilidade de homicídio. Michele Cristina empurrou Márcia Costa, pegou uma faca de cozinha e desferiu vários golpes, cortando o pescoço da vítima.
No primeiro depoimento, a filha havia dito que estava enchendo bexigas para decoração de uma festa quando estranhou a ausência da mãe. A ex-diretora foi encontrada caída no chão de um banheiro, com o box estilhaçado e a barra de ferro da estrutura sobre o corpo.
A filha disse que havia tentado reanimar a mãe, depois acionou o socorro médico e chamou o companheiro, mas Márcia Cristina já estava morta. Segundo José Carvalho de Araújo Júnior, antes mesmo da chegada do laudo o caso passou a ser investigado como homicídio para garantir que todas as provas sejam colhidas a tempo.
Michele Cristina Feliciano apresentava ferimentos nas mãos e na perna. Inicialmente, disse que teria se machucado ao fazer massagem cardíaca na mãe, que estava com estilhaços sobre o corpo. Passou por exames no IML. Porém, ela se machucou devido à tentativa de defesa de Márcia Costa.
A Polícia Civil apreendeu os celulares da ex-diretora, de Michele Cristina e do marido dela, genro da vítima. Segundo Araújo, os aparelhos foram entregues sem objeções. A Polícia Civil também analisou imagens de câmeras de segurança. A defesa da filha prefere não se manifestar no momento. Araújo confirma que Michele Feliciano confessou o crime.

