Dupla foi abordada pela Polícia Rodoviária, que encontrou as garrafas no veículo em que estavam
Adalberto Luque
Duas mulheres, de 23 e 34 anos, foram presas na noite de quarta-feira, 1º de outubro, com 162 garrafas de bebidas alcoólicas falsificadas. As duas trafegavam em um Kia Sportage conduzido pela mais jovem, na Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), altura do km 310, entre Dobrada e Matão, cerca de 100 quilômetros de Ribeirão Preto.
Uma equipe do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) recebeu denúncia sobre uma possível contravenção no veículo e fez a abordagem na rodovia, no trecho entre Matão e Dobrada.
Durante a revista no veículo, foram encontradas 162 garrafas de uísque de diversas marcas, entre elas Red Label, Black Label, Double Black, Buchanan’s, Old Parr, White Horse, Chivas e diferentes rótulos de Jack Daniel’s.

Nenhuma das mercadorias possuía documentação fiscal e todas apresentavam sinais de falsificação. Também foram apreendidos vários rótulos. As ocupantes relataram que compraram os produtos em uma tabacaria na Galeria Pagé, região da rua Vinte Cinco de Março, Centro de São Paulo, pelo valor de R$ 9.760, e que o destino final seria uma adega em Guariba e eventos em Jaboticabal, na região metropolitana.
Representantes da Alliance Against Counterfeit Spirits (AACS) e da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) foram acionados e confirmaram a falsificação após análise das imagens das garrafas e rótulos, destacando que alguns sequer são comercializados no Brasil. Diante da constatação, o delegado de plantão autuou as duas mulheres em flagrante com base no artigo 272 do Código Penal.
A condutora do veículo possuía antecedentes criminais pelo mesmo artigo e também por estelionato, enquanto a passageira, de 34 anos, não tinha registros anteriores. Após a conclusão da documentação, as mulheres foram encaminhadas à Cadeia Pública de São Carlos, ficando à disposição da Justiça.
O material apreendido será submetido a exames no Instituto Criminalista de Araraquara, inclusive para detectar se contém metanol. Jaboticabal – Em Jaboticabal, mais de mil garrafas de uísque e vodca foram apreendidas pela Polícia Civil e Vigilância Sanitária em uma adega e um supermercado, nesta quinta-feira, por suspeita de adulteração e falsificação. O dono foi preso porque também vendia cigarros contrabandeados.

Amostras dos produtos confiscados ontem serão analisadas pelo Instituto de Criminalística para confirmar se houve à fraude e se havia metanol. A coloração e os lacres de alguns itens chamaram a atenção dos policiais. Havia bebidas alcoólicas em galões.
O dono dos estabelecimentos diz que tem nota fiscal dos produtos apreendidos. Sobre os cigarros, informou que três pacotes foram apreendidos e que não trabalha mais com esse tipo de mercadoria Barrinha – Ainda na quarta-feira, a Polícia Civil de Ribeirão Preto e a Secretaria Municipal de Saúde fizeram uma fiscalização em uma distribuidora na Zona Oeste da cidade após um morador de Barrinha, na região metropolitana, dar entrada no Hospital das Clínicas por suspeita de intoxicação por metanol.
Ele já teve alta. Segundo as investigações preliminares, o homem contou que consumiu uísque em um bar de Barrinha e passou mal. A Vigilância Sanitária esteve no local e o proprietário informou que comprava bebidas de uma distribuidora de Ribeirão Preto.
Durante a ação, nada de suspeito foi encontrado no local. As bebidas tinham nota fiscal e estavam lacradas. Amostras de sangue do paciente internado no HC foram coletadas e devem ser analisadas para confirmar ou descartar a presença de metanol. O secretário de Saúde Mauricio Godinho acompanhou a ação da polícia e da Vigilância Sanitária.
“Ele chegou ao HC com queixas bem condizentes de intoxicação por metanol, é provável até que ele recebe alta, mas foi feita coleta de sangue para análise, que consegue confirmar se foi ingestão de metanol. Como acontece no estado inteiro hoje, é obrigação nossa a investigação”, disse à EPTV Ribeirão.
Delegado da Seccional de Ribeirão Preto, Sebastião Vicente Piccinato disse que o proprietário da distribuidora se prontificou em mostrar todos os documentos que comprovavam a origem dos produtos comercializados no estabelecimento.
“Nada foi encontrado de ilícito, não é local de envazamento clandestino de qualquer tipo de bebida, as mercadorias que se encontram depositadas, todas têm nota fiscal, a nota fiscal do estabelecimento de Barrinha foi apresentada, o proprietário forneceu espontaneamente um exemplar de cada bebida que foi vendida e isso foi apreendido para exame pericial”.
Hungria – O rapper Hungria deu entrada no Hospital DF Star, em Brasília, nesta quinta-feira (2), com sintomas que incluem dor de cabeça, náuseas, visão turva, e acidose metabólica, ou seja, quando o sangue fica excessivamente ácido. De acordo com a assessoria do rapper, a suspeita é que ele tenha consumido bebida adulterada. A nota afirma que o cantor está “fora de risco iminente” e que, por orientação médica, os shows foram cancelados.

“O cantor Hungria encontra-se sob cuidados médicos após a suspeita de ter ingerido bebida adulterada, em situação que remete aos casos recentemente noticiados em São Paulo”, diz o texto publicado nas redes sociais. Em nota, o hospital afirmou que investiga a origem do quadro. Os sintomas são semelhantes aos relatados por pacientes que sofreram intoxicação por bebida adulterada com metanol. O último registro de show do cantor em suas redes sociais, foi no dia 14 de setembro, em Ribeirão Preto.
No Estado de São Paulo, sete estabelecimentos foram interditados até a tarde desta quinta-feira. O número de prisões no ano subiu para 24. No total, mais de mil garrafas foram apreendidas para análise nas operações desta semana. Ontem, 1,8 mil lacres falsos foram apreendidos na capital. Além disso, foram localizadas 17,7 mil unidades em uma fábrica clandestina em Americana na terça-feira (30).
Em Barueri, um lote de 128 mil garrafas foi lacrado na quarta-feira (1) por ausência de documentação. Somente em 2024, mais de 50 mil garrafas já haviam sido recolhidas pela polícia em ações de combate à falsificação de bebidas alcoólicas.
A Secretaria de Estado da Saúde confirma onze casos de contaminação por metanol no Estado de São Paulo, sendo um óbito, de um morador de São Paulo. Outros seis estão em investigação, totalizando seis mortes – três na capital paulista e dois em São Bernardo do Campo.
São 52 ocorrências, 41 em apuração em investigação. O Brasil registra 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira. O balanço foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha, em entrevista à imprensa na Sala de Situação, instalada pelo governo para monitorar os casos e coordenar as medidas de resposta. Dessas 59, onze já tem a detecção laboratorial da presença do metanol por um Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs).

