Valdir Avelino
A saúde pública ocupa, há décadas, o topo das preocupações do povo brasileiro. Não é por acaso. É no posto de saúde, na porta de uma unidade de atendimento, que a população busca cuidado, acolhimento e respostas quando mais precisa.
Por isso, qualquer decisão que afete diretamente a estrutura de uma unidade de saúde precisa ser tratada com seriedade, planejamento e absoluto respeito ao interesse público.
Recentemente, servidores e usuários foram surpreendidos com a informação de que a UBS Centro – Dr. Antonio Marcos Barbin poderia ter todo o seu quadro efetivo substituído por trabalhadores contratados por entidade privada.
O anúncio, feito sem apresentação de ato administrativo formal, sem estudos técnicos conhecidos e sem diálogo prévio, acendeu um alerta legítimo. Servidores concursados não são números em uma planilha. São profissionais que passaram por concurso público, que conhecem o território, os usuários, os fluxos de atendimento e a realidade da população.
A retirada abrupta dessas equipes rompe vínculos construídos ao longo dos anos, fragiliza o atendimento e gera insegurança tanto para quem trabalha quanto para quem depende do serviço. Isso é fazer Ribeirão andar para trás em termos de saúde pública.
Do ponto de vista financeiro, a improvisação também cobra seu preço. Substituir equipes efetivas por contratos privados, sem planejamento e sem estudo de impacto, pode representar aumento de despesas, perda de controle sobre custos e maior pressão sobre o orçamento municipal.
Dinheiro público é fruto do esforço coletivo da população e precisa ser administrado com critério, responsabilidade e transparência — especialmente em uma área tão sensível quanto a saúde. É importante dizer com clareza: fortalecer o serviço público não é atraso, é solução.
Países e cidades que investem em equipes estáveis, valorizadas e bem estruturadas colhem melhores resultados em qualidade, continuidade do atendimento e eficiência no uso dos recursos.
A saúde não melhora com atalhos, nem com decisões apressadas. Melhora com planejamento, dados, diálogo e compromisso com o interesse coletivo. Por isso, a direção do nosso Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis protocolou ofícios junto à Secretaria Municipal da Saúde, ao prefeito e à Câmara Municipal.
O pedido é simples e atual: suspender qualquer medida anunciada, apresentar os estudos que a fundamentariam e abrir um debate público, transparente e técnico sobre o futuro da UBS Centro e da rede municipal de saúde. Com saúde não se improvisa.
Não se decide sem estudos amplos e profundos. Cada escolha feita sem planejamento pode significar filas maiores, atendimento pior e mais gastos para os cofres públicos.
Defender o serviço público de saúde é defender a população, é cuidar do dinheiro público e é respeitar uma das maiores preocupações do povo brasileiro. Seguiremos atentos, dialogando e cobrando responsabilidade. Porque saúde pública forte não se constrói com precarização, mas com valorização do servidor, transparência administrativa e fortalecimento do SUS.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis

