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O consumo de energia pela Inteligência Artificial no futuro – 1

Luiz Paulo Tupynambá *
Blog:
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Quando você faz uma consulta no Google, inicia um processo que demanda um certo consumo de energia. É um consumo ínfimo a ser considerado na sua conta de energia. Porém, se somarmos os oito bilhões e meio de consultas diárias feitas no Google, veremos que as consultas são bem relevantes na demanda de energia elétrica no mundo todo.

Tudo o que é processado na Internet passa pelos data centers. “Estima-se que os data centers consumam cerca de 415 terawatts-hora (TWh) por ano, representando cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade em 2024. Previsões indicam que esse consumo pode dobrar até 2026 devido ao crescimento da inteligência artificial e da demanda por dados” (consulta ChatGPT).

Em tempos de COP 30, é bom transformar esse tipo de dados para a chamada “pegada de carbono”, a régua usada por ambientalistas e cientistas ao calcular o impacto de uma atividade sobre o meio ambiente. A pegada de carbono total da infraestrutura de internet (incluindo dispositivos, redes e data centers) foi estimada em cerca de 3,7% das emissões globais de GEE (gases de efeito estufa) em 2018, e esse valor tem aumentado. Um único e-mail sem anexo gera cerca de 4 gramas de CO₂, enquanto atividades de maior consumo de dados, como streaming de vídeo, têm impactos proporcionalmente maiores.

Imagine qual seria o consumo mundial de combustíveis se só existissem carros populares. E se todo mundo tivesse um Fórmula 1 para usar no dia-a-dia? Em vez de um Citroën C3 1.0  todos tivessem um McLaren, igualzinho ao do Lando Norris na garagem? Pensa no impacto disso no consumo mundial de combustíveis.  E na emissão dos GEE. É nessa proporção o impacto no consumo de energia elétrica com a chegada dos super data centers da Inteligência Artificial. A melhor estimativa é que, por volta de 2030, a demanda de energia pela IA multiplicará o consumo atual por dez. Mas já existem estudos que dobram essa estimativa.

OpenAI é a maior empresa dedicada à Inteligência Artificial no mundo todo. Criadora do ChatGPT e de várias IAs dedicadas a tarefas e objetivos específicos. Ela não está no mercado de ações. É uma empresa de capital constituído por sócios, com mais ou menos quotas. Tornou-se relevante no mercado no final de 2022, quando revelou o ChatGPT. Seu CEO é Sam Altman, grande estrela em ascensão na Nova Economia.

Altman é conhecido no mercado por sua ousadia. Recentemente fechou acordos com as duas concorrentes do mercado de placas gráficas, imprescindíveis para o funcionamento das IAs. Juntou numa mesma sociedade, a NVidia, ainda a maior empresa do mundo e a concorrente AMD, que está um pouco abaixo na hierarquia dos tubarões da IA. De quebra, acrescentou na sua poção mágica a Microsoft, também sócia da OpenAI e a Oracle, gigante dos datacenters de armazenamento de dados.

Dessa mistura nasceu o Projeto Stargate, uma rede de data centers, no mundo todo, com investimentos estimados entre 300 e 500 bilhões de dólares. Para você ter uma ideia da voracidade por energia desse “megassauro” das IAs, estima-se o consumo de 7 gigawatts anuais de energia, somente com os primeiros data centers nos Estados Unidos. É metade da produção anual de Itaipu. É mais do que um terço do consumo de todo o Estado de São Paulo registrado em 2023. Para consumir toda essa energia, será necessário produzi-la. Some ao Stargate os data centers em construção pertencentes a outras big techs, que podem gerar uma demanda igual ou maior e dá para você imaginar a dimensão da encrenca ambiental que isso provocará. E a solução mais óbvia para as pessoas do ramo é a queima de combustível fóssil, como o Gás Natural Liquefeito. Mas que, no fim das contas, gera mais Gases de Efeito Estufa do que o mais poluente dos poluentes, o carvão.

Começou a entender o porquê da turma do Vale do Silício virar amiguinha da turma do fura poço de petróleo, do Trump e companhia? E a correria para ver quem chega primeiro no petróleo do Caribe, com o maior porta-aviões do mundo ameaçando o “Império do Mal(duro)”? Mas, você já sabe quem vai pagar essa conta e quem vai lucrar, né?

* Jornalista e fotógrafo de rua

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