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O rádio não morrerá

Foto: Arquivo

O rádio é uma das maiores invenções da humanidade. Os profissionais que constroem, todos os dias, esse meio de comunicação de massa tão extraordinário merecem homenagens constantes — e o calendário reserva datas especiais para celebrá-los. Uma delas é 25 de setembro, dedicado ao nascimento de Edgard Roquette-Pinto, em 1884, considerado o pai da radiodifusão no Brasil. 
 
Neste ano, retornei ao Teatro Bassano Vaccarini para representar a Ordem dos Jornalistas da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e a Rádio Nova Ribeirão Web no encontro promovido pela Unaerp e pelo grupo Loucos por Rádio. O evento homenageou ícones como Antonio Carlos Morandini, Corauci Neto, Demétrio Luiz Pedro Bom, Sebastião Xavier e Vicente Seixas, que receberam troféus das mãos de personalidades da comunicação — entre elas, o incomparável Daércio Neto. Cada depoimento trouxe à tona páginas memoráveis da história da radiodifusão. 
 
Na plateia, estavam presentes grandes comunicadores — muitos, infelizmente, esquecidos pelos registros oficiais — e também jovens do curso de Jornalismo, que terão a missão de dar continuidade a essa trajetória. Ribeirão Preto ocupa lugar de destaque nessa história, marcada pelo pioneirismo e pela competência de inúmeras vozes que daqui partiram para brilhar nos maiores veículos de comunicação do país. 
 
Recentemente, o rádio brasileiro viveu mudanças importantes: foram extintas as autorizações das emissoras de ondas médias com alcance local, que precisaram migrar para a faixa FM. Permanecem apenas as rádios AM de alcance regional e nacional, em faixas de frequência distintas. Ao mesmo tempo, o governo federal deu  grande impulso na expansão das rádios comunitárias e, diariamente, surgem novas rádios web — tendência que amplia e democratiza ainda mais a comunicação. 
 
Foi lembrado, durante o encontro, que com a chegada da televisão muitos anunciaram o fim do rádio. No entanto, ele não só sobreviveu como forneceu profissionais para a programação televisiva. Mais tarde, com o advento da internet, outra vez decretaram seu desaparecimento. O rádio, porém, se reinventou: ganhou imagens, expandiu-se para a web e passou a alcançar ouvintes no mundo inteiro. Sempre que surge uma novidade tecnológica, alguém decreta o fim, e aí ecoa o bordão do querido Antônio Dorival: “É o fim do rádio!”. 
 
Em um momento de descontração, recordou-se também a época em que se exigia um padrão rígido de voz para os locutores. Isso despertava o imaginário popular sobre a aparência dos “astros do microfone”, e as decepções quando eram vistos pessoalmente. Com a chegada do FM, o estilo mudou: vozes mais variadas, linguagem mais leve e descontraída. Mas um atributo essencial permaneceu — a credibilidade, valor inestimável sobretudo em tempos de proliferação de notícias falsas. 
 
Agradeço ao querido Corauci Neto pela referência à minha presença. Sentado naquela plateia, revivi grandes momentos da minha trajetória e agradeci a Deus pela dádiva de ser radialista, dividindo o microfone tanto com lendas que cresci ouvindo no radinho da família quanto com novos comunicadores que surgem com talento e ousadia. 
 
Na noite do Encontro de Profissionais do Rádio, os experientes radialistas deram seus testemunhos e convocaram as novas gerações a continuar lutando pela preservação da magia, do encanto e da importância desse meio de comunicação inigualável. 
 
O rádio não morreu. O rádio não morrerá!

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