Tribuna Ribeirão
DestaqueGeral

Os desafios dos bares e restaurantes

FOTOS: ALFREDO RISK

Renato Munhoz, presidente da Associação de Bares e Res­taurantes de Ribeirão Preto (Abrasel) aposta no avanço da vacinação como a principal me­dida para o começo da recupera­ção da economia e do setor. Em Ribeirão Preto, levantamento da entidade revelou que quatro em cada dez bares fecharam as por­tas por causa da pandemia. Mais de sete mil postos de trabalhos também foram extintos na cida­de no ano passado.

Tribuna Ribeirão – Qual o ba­lanço que a Abrasel faz sobre o fe­chamento de bares e restaurante durante a pandemia?
Renato Munhoz – Levantamento recente da Abrasel mostrou que qua­tro em cada dez bares e restaurantes fecharam as portas em Ribeirão Preto por causa da pandemia da covid-19. As estatísticas ainda permanecem nesse patamar, mas também precisa­mos contabilizar aqueles que não de­ram baixas em seus CNPJ´s e os em­preendedores Informais que foram forçados a parar de trabalhar.

Tribuna Ribeirão – Quantos pos­tos de trabalho foram fechados na cidade em função da pandemia?
Renato Munhoz – No ano passa­do fizemos várias pesquisas buscando informações oficiais no nosso setor e temos certeza que os números das perdas são bem impressionantes. Tí­nhamos mais vinte mil colaboradores no setor de alimentação fora os infor­mais que não contabilizamos por não existir um estudo mais aprofundado sobre eles. Perdemos mais de sete mil postos de trabalhos que foram extin­tos no ano passado. Acreditamos que, agora, com a maior flexibilização no horário de funcionamento dos bares e restaurantes e o aumento na taxa de ocupação o setor deverá começar uma recuperação. Mas precisamos estar com 100% (cem por cento) em funcionamento para traçarmos um projeto de recuperação para o setor. Recuperação que acreditamos que será bem longa.

Tribuna Ribeirão – No seu caso específico, quantos empregados o senhor tinha antes da pandemia e quantos tem atualmente?
Renato Munhoz – Antes de pan­demia eu tinha três operações (esta­belecimentos), algumas com a parti­cipação de sócios. Com a pandemia uma delas teve suas atividades encer­radas e houve a demissão de cinquen­ta colaboradores. Nos outros dois, tínhamos um total de oitenta e três colaboradores e tivemos que demitir sessenta. Nestes dois casos, atualmen­te estamos com um total de quarenta colaboradores.

Tribuna Ribeirão – Em sua opi­nião foram criados mecanismos, como por exemplo, linhas de crédito para minimizar as perdas do setor?
Renato Munhoz – O Governo Federal criou o Pronampe (linha de crédito especial para ajudar micro e pequenas empresas com recursos fi­nanceiros e, assim, evitar demissões no contexto da pandemia), mas ele não foi direcionado ao nosso setor e para outros que foram dizimados pela pandemia. Ao contrário, esta li­nha de crédito foi boa para os setores que cresceram e que não tinham res­trições financeiras. Eles conseguiram pegar recursos financeiros com juros muito baixos. Grande parte do nosso setor se encontrava com pagamentos atrasados e também com restrições fi­nanceiras, impossibilitando o acesso a esta linha de crédito.

Tribuna Ribeirão – A nova fle­xibilização do Plano São Paulo que permitiu a abertura dos bares e res­taurantes – mesmo com limitação de horário e de ocupação – representa luz no fim do túnel?
Renato Munhoz – Essa última flexibilização que aumentou a capa­cidade de lotação para 60% e o fun­cionamento até às 23 horas é um pas­so rumo a melhoria. Mas temos que ressaltar que já temos vários estados brasileiros onde não existem as res­trições. Será fundamental que o go­verno faça essa liberação, pois há de­zesseis meses estamos operando com prejuízo. Estas limitações interferem diretamente em nossos negócios. É necessário que o governo do estado libere 100% e desta forma poderemos trabalhar, enfrentar nosso endivida­mento e colocar a situação financeira de nossos empreendimentos em dia.

Tribuna Ribeirão – Que avalia­ção o senhor faz dos governos Fede­ral, Estadual e Municipal na gestão da pandemia?
Renato Munhoz – O Governo Fe­deral cometeu falhas e demorou em sancionar algumas Medidas Provisó­rias (MPs) para tentar minimizar os prejuízos das atividades produtivas. Já o Governo Estadual não nos possibi­litou um diálogo digno para que en­contrássemos soluções e pudéssemos tentar sobreviver, como por exemplo, algum projeto de lei sobre renúncia de impostos. A gestão municipal de Ribeirão Preto nos deu abertura para o diálogo em vários momentos, mas muitas vezes não houve consenso que permitisse uma flexibilização maior para podermos trabalhar. A Prefeitu­ra também não explicou claramente a gestão dos leitos para covid-19. Em vários momentos no ano passado, por exemplo, quando eram necessá­rios apenas vinte leitos para a cidade avançar de fase no Plano São Paulo, eles não foram criados porque fala­vam que não tinham disponibilidade de recursos humanos.
Em março de 2021 estivemos em uma reunião presencial com o prefei­to e, naquele dia, fomos informados que seria impossível a cidade disponi­bilizar 240 leitos como aconteceu no ano de 2020. Entretanto, poucos dias depois estávamos com mais de 315 leitos e isso nos deixou com muitas dúvidas sobre o que era possível ou impossível de ser feito pela Prefeitu­ra. Temos convicção que fomos pre­judicados imensamente pela falta de alguns leitos a mais, pois com eles a cidade não teria fechado as portas por tanto tempo de acordo com as regras do Plano São Paulo.

Tribuna Ribeirão – Quais têm sido as principais ações da Abrasel na pandemia junto aos empresários do setor?
Renato Munhoz – A Abrasel tem suas regionais, seccionais e a nossa sede nacional, onde temos como pre­sidente o executivo Paulo Solmucci. Foi por uma articulação do nosso presidente junto ao presidente da Re­pública, Jair Bolsonaro e ao ministro Paulo Guedes que conseguimos a PL 936 que permite o afastamento ou redução de jornada de trabalho du­rante a pandemia. Nossas seccionais tentaram diálogo com os governa­dores para tentar mostrar que não somos os culpados pela propagação do vírus. Em Ribeirão Preto conse­guimos um diálogo constante com o prefeito, com o Ministério Público e com a Câmara para mostrar nossa situação complexa.
Nos primeiros meses da pan­demia este relacionamento foi um pouco lento e burocrático, mas de­pois de tantas vezes presentes em reuniões foram possíveis várias conquistas com a interlocução da Abrasel. Fazendo uma analogia, é como se estivéssemos em uma guer­ra, muitos ficaram para trás, mas não podemos desistir. A resiliência e a empatia foram palavras que mais usamos durante esse período.

Tribuna Ribeirão – O aumento da vacinação é a principal solução para a retomada do setor?
Renato Munhoz – Sem sombra de dúvidas é a nossa salvação. É só olhar os números da doença hoje em com­paração com o passado para verificar­mos que ela está sendo muito eficien­te. Diferente dos lockdown que tem sido feito sem estudo algum, somente baseado na teoria do achismo. Com o avanço da vacinação, com certeza, até o final do ano estaremos em um nível muito próximo ao pré-pandêmico.

Postagens relacionadas

Motociclista fica ferido ao se envolver em acidente com caminhão na zona Norte

William Teodoro

Polícia Civil cumpre mandados contra fraudes no recolhimento de ICMS em Ribeirão Preto

William Teodoro

Casal é preso ao furtar loja no centro da cidade

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com