José Eugenio Kaça *
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Já disseram que o Brasil é um país abençoado por Deus, e que tem um povo solidário e cortês, mas essa douração de pílula foi apenas uma cortina de fumaça criada pelos dono do poder para manter o povo na rédea curta, e se contentar com o mínimo para viver. E essa douração de pílula fez a maioria do povo aceitar uma condição de vida desfavorável, como se fosse uma dádiva divina. A música “Barracão de Zinco” composta por Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, interpretada magistralmente por Elizeth Cardoso, com o acompanhamento do grande Jacob do Bandolim, exalta a miséria de se viver em um local insalubre, e ainda agradecer. “Barracão de zinco sem telhado, sem pintura lá no morro , barracão é bandalô. Lá não existe felicidade de aranha céu, pois quem mora lá no morro já vive pertinho do céu…”.
Essa música fez um sucesso extraordinário, e era cantada pelo povo pobre como um hino, que zombava, e ao mesmo tempo exaltava sua miséria. Falar em fome e miséria em um país com uma vastidão de terras férteis, com as maiores reservas minerais do mundo, em condições normais seria um sacrilégio, entretanto, a herança escravagista cuida do normal. Os herdeiros das Capitanias Herditárias, continuam até hoje com seus latifúndios, usando as mesmas estratégias, e com isso impedindo que sejamos um país de classe média. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, Promulgada em 10 de dezembro de 1948, pela ONU, traz em seus considerados e artigos, uma nova visão para a humanidade, esperando que atrocidades impingidas pelo Nazismo durante a Segunda Guerra mundial, nunca mais fizesse parte das relações humanas, no entanto, foi só baixar a poeira das explosões nucleares, para tudo começar de novo, e não parar mais.
No Brasil, apesar da nossa Constituição espelhar em seus artigos e incisos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a extrema direita acha que direitos humanos são direitos de bandidos. Mas, ser contra os diretos humanos seletivo, não passa de cortina de fumaça, para esconder o ódio e o preconceito que nutrem contra os pobres. Em um País abençoado por Deus, não pode haver tanta iniquidade contra outros seres humanos. As décadas vão se sucedendo, e as oportunidades de sermos uma Nação, onde seu povo tenha uma vida digna vão se perdendo.
Não existiu, e não existe nenhum país no mundo que tenha evoluído, e proporcionando ao seu povo uma vida digna, sem a mão do Estado. Acontece que os países considerados evoluídos, também são os colonizadores, que conseguiram suas riquezas as custas dos países por eles explorados, e quando sentiram que seus ex-súditos queriam seguir o mesmo caminho; chutaram a escada, e impuseram as políticas de austeridades, como receita para o crescimento, promovendo a política do Estado mínimo, e que a iniciativa privada vai cuidar do bem estar do povo – e a maioria acreditou.
Criaram o teto de gastos e arcabouços, com a intenção de manter as contas públicas equilibradas. Os políticos de extrema direita, que representam o grande capital agrário e financeiro, só falam em cortes no orçamento, mas os cortes não podem atingir os privilégios dessa gente, pois o “direitos adquiridos” são sagrados, e em “direitos sagrados” não se mexe. Cortar o Bolsa Família, e o Benefício de Prestação Continuada, congelar o salário mínimo e as aposentadorias, acabar com o piso constitucional da saúde e da educação, são propostas que mostram todo o ódio que nutrem pelo povo pobre. Dizem abertamente que o pobre é vagabundo, pois prefere viver dos benefícios do Governo federal , do que trabalhar, e por conta disso há falta de mão de obra. E pra piorar, o pobre por desinformação e necessidade acaba se tornando um “pobre de direita”. “Não verás país nenhum como este”.
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação

