Tribuna Ribeirão
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Os vampiros do dia e da noite

Feres Sabino *


advogadoferessabino.wordpress.com



A indiferença das pessoas em relação ao que diariamente acontece em Gaza é explicado. Lá as mulheres e crianças e ocasionalmente homens continuam morrendo, para que o grupo da barbárie sionista, fazendo-se de insubstituíveis, apareça como realmente são: os vampiros da modernidade infernal.

Seguramente, essa indiferença está ligada às ausências das narrativas de nossos jornais e noticiários. Como é que a desgraça humana coletiva prossegue, diariamente, e não se fala dela com a repetição da gravidade apresentada pela barbárie? Aliás, essa barbárie retrocede à criação do Estado de Israel pelo movimento sionista, que não pode ser confundido com o povo judeu.

1948, era assassinado o representante da ONU que fora levantar o que acontecia com a destruição violenta e morte de palestinos e suas aldeias. Assassinado.

Sempre com o apoio irrestrito dos norte-americanos, apesar dos Estados Unidos, que juntamente com 32 países da Europa, em 1934, na conferência de Evian, França terem se negado a receber imigrantes da Alemanha.

Os nazistas fizeram piada dessa contradição. Hoje a defesa de palestinos, em Universidades americanas, por alunos e professores, é motivo de perseguição e expulsão. A razão virou vítima do futuro.

A última dessa alma vampiresca foi outro ataque a prédio residencial em Beirute, Líbano, matando mais de vinte residentes, para pegar mais um líder do Hamas, como desculpa do homicídio, tal qual ao ataque havido no país Catar, com suas fronteiras violadas, para matar os negociadores da paz.

O Estado de Israel é um Estado especialista em matar, impunemente, inclusive negociadores da paz. A razão é sempre a mesma: matar para cancelar ameaça futura, tal como foi o ataque covarde ao Irã, país que era membro da agência de não proliferação das armas atômicas, e que estava sentado à mesa de conversação com os Estados Unidos.

O Irã era acusado de se dedicar a produção atômica, pois, Israel quer ter o monopólio das armas. Diz-se que a rodada pela paz era mera distração, para o ataque surpresa, que aconteceu. Mataram nas primeiras horas comandantes militares, que estavam em suas residências, e evidente que nas explosões dos prédios houve morte de civis, mulheres e crianças.

A outra surpresa foi a capacidade de reorganização do Irã e sua capacidade de ataque com mísseis e drones. Essa reação, no tempo de 12 dias, fez Israel proibir a imigração de seus habitantes e proibir o uso de celulares para registrar as cenas de destruição de Telaviv.

Eles pensam construir o futuro com tal matança.

Será que o futuro deles não está indo junto com o sangue palestino?

Tem alguma religião, algum Deus, que celebra a matança deliberada? Deus pode ser arrastado como garoto-propaganda na política da violência? O rosto da divindade não está no rosto de cada pessoa?

Onde está o irmão ou irmã como simples vivente do planeta terra? A religião não é a prática da humanização da pessoa? Como matar dizendo-se religioso?

Não é mais absurdo aderir aos que defendem e matam como política de uma salvação?

Como trazer ou plantar o símbolo da cruz, sem que se considere a lição desse exemplo de vida? Como conviver com essa hipocrisia? 

Acreditei sempre que a barbárie tem prazo de validade, como todo episódio histórico.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras

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