José Eugenio Kaça *
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No Grupo Escolar aprendíamos as noções de Pátria, e os valores dos símbolos nacionais: Hino, Bandeira, Brasão e o Selo Nacional faziam parte da nossa introdução ao patriotismo. Todos os dias formávamos filas no pátio da escola, as filas eram organizadas de acordo com o nível escolar, com os maiores na frente, mantendo a distância de um braço do aluno da frente e do aluno do lado.
Ficávamos em posição de sentido para cantar o Hino Nacional; cantávamos com fervor, apesar de não entender o significado da letra. Mas nossas professoras nos diziam que o respeito aos símbolos era a marca do patriotismo – não entendíamos o sentido, mas aceitávamos como sendo uma coisa boa.
Entretanto, a meninada na sua inocência procurava no cotidiano os reflexos daqueles símbolos nacionais que eram ensinados na escola, mas os símbolos não ultrapassavam os muros escolares. A derrota da Seleção Brasileira de Futebol, na final Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã, explicitou o que o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues chamou de síndrome de vira-lata, que era o sentimento absorvido pela maioria da população, de que éramos um povo inferior, e essa inferioridade se materializava na adoração dos costumes europeus, e principalmente do Império do Norte.
A efervescência dos movimentos sociais, dos anos 1950/60, quando a população foi para as ruas exigir um país para os brasileiros, e que as reformas de base propostas pelo Presidente João Goulart fossem aprovadas, desagradou o andar de cima.
Acontece que o viralatismo é a marca registrada das elites, que adoram com fervor bater continência para a bandeira estadunidense, e vendo o povo nas ruas exigindo autonomia e independência da Nação, não tiveram dúvidas; correram para os braços do Tio Sam pedindo ajuda para não permitir que a vontade do povo se realizasse, e com a ajuda do Império impuseram ao povo brasileiro vinte e cinco anos de uma ditadura sangrenta e criminosa, tudo para manter seus privilégios.
E com isso aquele ideário de patriotismo que aprendíamos no Grupo Escolar ficaram só nas lembranças daquela geração. Mas o povo tem orgulho de ser brasileiro, e esse orgulho ganhou às ruas a partir de 1958, com a conquista da primeira Copa do Mundo de futebol, e a partir dai o povo brasileiro começou a vestir com orgulho a camisa verde e amarela para as suas comemorações – era o orgulho nacional.
Nos dias atuais, a camisa verde e amarela da Seleção Brasileira, e a ideia de patriotismo foram roubadas pela extrema direita, que com a sua sanha entreguista conseguiu avacalhar estes símbolos. Além de roubarem a simbologia da camisa verde e amarela, também roubaram a noção de patriotismo que aprendemos na escola.
O povo, por decepção ou ignorância (ignorância de ignorar) colocou na presidência da República uma figura nefasta, que tem orgulho de bater continência para a bandeira estadunidense, e esta figura criminosa tem com lema “Deus, Pátria e Família”, ele e seus asseclas enchem a boca para falar de patriotismo, que são os verdadeiros patriotas, no entanto, adoram lamber os excrementos das botas do Tio Sam. Que tipo de patriota é esse?
A soberania do Brasil está sendo atacada com mentiras e virulência pelo delinquente que preside o Império do Norte, e os asseclas do ex-presidente, todos extremistas de direita, ao invés de defender o povo brasileiro estão enaltecendo as atitudes do mafioso daquele que preside o Império.
O deputado, líder do PL (partido liberal), que queria absolver o estuprador e criminalizar a vitima do estrupo, apresentou na Comissão de Relações Exteriores, uma moção de louvor e regozijo ao presidente do Império, por sua tentativa de interferir no judiciário brasileiro, e na nossa autonomia; nunca se viu nada igual nos cento e trinta e seis anos de República. O povo brasileiro tem que extirpar da vida pública este tipo de traidor da pátria. O povo tem que tomar as ruas e exigir que a Constituição seja cumprida! Chega de vendilhões da Pátria!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação

