Por: Alfredo Risk e Adalberto Luque
Foi realizada na manhã desta terça-feira (16) a reconstituição da morte de Karina Cristina Queiroz, de 22 anos, encontrada morta com um tiro no rosto no Jardim Cristo Redentor, zona Norte de Ribeirão Preto. O investigado já teria confessado o crime e esclareceu em detalhes como foi que ocorreu a morte da jovem para peritos e policiais civis.
Segundo o delegado André Baldochi, que está à frente das investigações, o inquérito deverá ser finalizado logo após a reconstituição. Ele já adiantou que vai representar pela prisão preventiva de Rodrigo Cesar Mussi, de 48 anos, um radialista conhecido por Rodrigo Totti pelo crime de homicídio qualificado.

“Ele confessou os fatos, foi muito detalhista. Na verdade, temos um arcabouço muito grande, muito forte. Isso aqui é só para realmente arrematar, resolver algumas divergências na cena do crime” explicou Baldochi, da Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DIG/DEIC).
O delegado também adiantou que entende não ser um caso de feminicídio, por não haver uma relação de afeto entre os dois. Baldochi explicou que eles haviam marcado um encontro e Mussi não compareceu. O investigado alegou que passou a ser chantageado pela vítima, que ameaçava contar tudo à sua esposa.
Baldochi também esclareceu que o encontro não era de cunho sexual. O radialista teria dito ao delegado que foi até a casa de Karina apenas para dar-lhe um susto, mas que a situação teria fugido de controle.

A prisão de Mussi ocorreu 10 dias após o crime e ele indicou onde havia jogado o celular e a chave da vítima, além de ser encontrado em sua casa a arma usada na morte de Karina. Também admitiu ter alterado a placa do carro da esposa para dificultar sua identificação.
Baldochi explicou que vai apontar como qualificadoras do homicídio a premeditação (alterar a placa do carro), além da falta de possibilidade de defesa da vítima (que estava sentada e não esperava ser atingida).
Sobre o tiro, Mussi disse que não teria mirado no rosto e que não teria cortado o cabelo da vítima. O delegado explicou que, por ter sido um disparo a queima roupa, pode ter cortado o cabelo de Karina.

A defesa
A advogada Júlia Rodrigues Campos é responsável pela defesa de Mussi. “A defesa assumiu o caso hoje. Estão muito enxutos os fatos, mas pelo que nós vimos até agora, Rodrigo está sendo extremamente colaborativo”. A advogada disse que a defesa vai fazer o possível para que a justiça seja feita e ele responda exatamente dentro de suas ações. Disse ainda que o radialista se mostra arrependido e que vai tentar habeas corpus.
A família da vítima
O advogado da família de Karina, Edson Oliveira, acompanhou a reconstituição. “Esperamos que aconteça o que está acontecendo, dedicação do poder público, da polícia, do MP, Judiciário, para a apuração”. Oliveira também disse que espera pela denúncia e posterior condenação e vai esperar a decisão da Polícia Civil na conclusão do inquérito para se manifestar.

A família de Karina não pode participar da reconstituição, mas a mãe e as irmãs da jovem acompanharam do lado de fora da casa. Em clima de muita indignação, Júlia, uma de suas irmãs, disse que o clima é de indignação e esperam que o homem que confessou o crime pague por isso.
Relembre o caso
Karina Cristina Queiroz, 22, foi encontrada morta na noite de 1º de agosto em sua casa, na rua Terezinha Alves de Oliveira, bairro Cristo Redentor. Ela morava com uma amiga e, segundo relatos, não tinha namorado, mas marcava encontros por aplicativo de relacionamento, sempre enviando à família localização em tempo real, foto e telefone da pessoa.

No dia do crime, havia marcado um encontro às 16h50. Após a morte, o celular e a chave do imóvel sumiram. O corpo apresentava marcas de tiro no rosto, havia muito sangue no local, sinais de luta, fios de cabelo na cama e uma fruteira caída.
Um boné com a marca de um produto agrícola, desconhecido pela amiga, foi encontrado. A família chegou a cogitar feminicídio. A ocorrência também foi investigada como latrocínio, mas foi considerado que o celular poderia ter sido levado junto às chaves para ocultar provas.
O radialista Rodrigo Totti foi preso 10 dias depois. Ele foi identificado pela placa do carro da esposa, que havia adulterado. Indicou um bueiro onde havia jogado o celular e as chaves da casa da vítima.

