Mudança busca agilizar atendimentos pediátricos e organizar fluxos de casos moderados a graves; crianças t~em livre acesso ao Hospital das Clínicas
A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria Municipal da Saúde atualizou o protocolo para atendimento a vítimas de acidentes com escorpiões. A partir de agora, crianças de zero a 10 anos têm acesso direto ao Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE) para avaliação imediata e possível administração de soro antiescorpiônico.
De acordo com Luzia Márcia Romanholi Passos, subsecretária de Vigilância em Saúde, a atualização busca agilizar o atendimento de casos potencialmente graves e reduzir o tempo entre a picada e a assistência médica, considerado determinante para o desfecho clínico em crianças pequenas.
Para pacientes acima de 11 anos, a orientação permanece a de procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima para avaliação inicial. Somente casos classificados como moderados ou graves, após avaliação médica nas unidades, serão encaminhados ao HC-UE caso haja necessidade de tratamento especializado ou uso de soro.
A revisão do protocolo ocorre em meio ao aumento de notificações de escorpiões em áreas urbanas, fenômeno associado ao calor, ao período de chuvas e à expansão de habitats favoráveis ao animal. Ribeirão Preto soma 1.531 ataques de escorpião em dez meses deste ano, de janeiro a outubro, média de um caso a cada cinco horas. O número já é 1,93% superior as 1.502 ocorrências de 2024 inteiro, 29 a mais.
Aumentou na passagem de setembro para outubro, de 174 para 183. São nove a mais e alta de 5,17%. Na comparação interanual, entre os meses de outubro, são 15 a mais em 2025, alta de 8,93%, passando de 168 em 2024 para 183.
Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro do ano passado, a Divisão de Vigilância Epidemiológica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) registrou 1.502 ataques de escorpião em Ribeirão Preto (quatro por dia), contra 2.037 de 2023. São 535 a menos e queda de 26,26%. Ribeirão Preto encerrou 2023 com recorde absoluto de ocorrências envolvendo ataques de escorpião.
Pela primeira vez, o total superou a barreira de dois mil casos. A média ficou em cinco por dia. Desde 2012, são 13.622 ocorrências, duas por dia. Porém, até 2019, quando foram constatados 1.534 casos, não havia ultrapassado a barreira dos três dígitos.
Mortes – Ribeirão Preto fechou 2023 com duas mortes por ataque de escorpião. Um menino de seis anos morreu em 19 de agosto, após ter sido picado por um escorpião dentro de seu quarto, na cama, na Vila Carvalho, Zona Norte da cidade. Um mês antes, em 19 de julho, uma menina de quatro anos morreu após ataque no Jardim Jandaia, na mesma região. Em treze anos, foram constatados, em Ribeirão Preto, seis óbitos em decorrência de picadas de escorpião: um em 2018, outro em 2020, dois em 2021 e dois em 2023.
“É importante buscar atendimento imediato diante de qualquer suspeita de picada. Sintomas como dor intensa, vômitos, sudorese e alteração no ritmo cardíaco exigem avaliação urgente, especialmente em crianças pequenas, consideradas mais vulneráveis aos efeitos do veneno”, afirmou Luzia.
O HC-UE fica na rua Bernardino de Campos nº 1.000, no Centro. A principal forma de evitar acidentes é manter os ambientes limpos e eliminar locais que possam servir de abrigo ou alimento para escorpiões. Entre as medidas recomendadas estão manter quintais, jardins e terrenos próximos sempre limpos. Evitar acúmulo de entulhos, lixo, folhas secas e materiais de construção; aparar a grama; sacudir roupas e sapatos antes do uso; usar luvas e calçados ao manusear entulhos; vedar portas, janelas, frestas, ralos e vãos; manter camas afastadas das paredes e roupas de cama longe do chão; e acondicionar corretamente o lixo para evitar baratas.

