Tribuna Ribeirão
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Psicologia da vida cotidiana (11): teste psicométrico

José Aparecido Da Silva*

 

O domínio da avaliação psicológica é denominado de psicometria, a qual se constitui na abordagem científica para a mensuração das características psicológicas. A psicometria faz uso dos testes padronizados que são compostos por um conjunto de tarefas administradas em condições controladas e as quais são usadas para avaliar o conhecimento, as habilidades e outras características psicológicas dos indivíduos. A testagem psicológica é atualmente um dos campos mais amplos da psicologia aplicada e, talvez, representa uma das contribuições mais importantes da ciência psicológica/comportamental para a nossa sociedade. De fato, os testes psicológicos e outras formas de avaliação, que não necessariamente a psicológica, são frequentemente utilizadas em quase todos os processos envolvidos na avaliação humana.

A despeito da ampla variedade de aplicações e manifestações, todas as avaliações ou mensurações devem compartilhar um conjunto de propriedades ou características comuns elas devem ser fidedignas, válidas, padronizadas e livres de vieses. Há boas e más avaliações, e há uma ciência de como maximizar a qualidade da avaliação.  Esta ciência é a psicometria. E, não há certamente outro aspecto do campo da psicologia que tenha tido tamanho impacto na vida dos indivíduos.

Um teste psicológico consiste numa situação experimental padronizada que serve de estímulo a um dado comportamento ou constructo que se pretende mensurar. Este comportamento é avaliado mediante uma comparação estatística com comportamentos similares de outros indivíduos colocados na mesma situação. A partir desta comparação podem-se classificar os indivíduos quantitativa e qualitativamente em função do constructo sendo mensurado. O teste psicológico desempenha um tipo de mensuração, mas diferente das medidas físicas, tais como comprimento ou peso, há uma confusão considerável sobre o que de fato o teste mede e quão bem ele faz isso. Um problema particular reside no fato de que o que está sendo mensurado não é um objeto físico, mas sim uma variável/constructo interveniente ou uma entidade hipotética.

O estudo de Forcelinni et al. (Psychometric characteristics of the Mini-TEA scale: a screening instrument for autism spectrum disorder in children) publicado recentemente no Jornal de Pediatria 2025; 101(5):101419 é muito ilustrativo da importância clínica de estudos psicométricos. Entendendo que o diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é aconselhável para prover um melhor prognóstico, os autores empreenderam um estudo no qual analisaram as características psicométricas da escala Mini-TEA como um instrumento de triagem para o TEA em crianças. A Escala consistia em 48 questões binárias (sim/não) as quais foram divididas em 15 itens que resultaram numa pontuação de 0 a 15. Os procedimentos psicométricos da análise fatorial e da Teoria de Resposta ao Item foram utilizados para evidências de validade.

Os autores tomando juntos várias outras análises psicométricas, concluíram que a escala Mini-TEA é uma ferramenta muito sensível para triagem de TEA e tem alta consistência interna para avaliar sintomas típicos de autismo. Em adição, afirmaram que o uso generalizado dessa escala pode ser útil para fins de identificação precoce de casos suspeitos de TEA e exclusão de casos sem TEA em diversos contextos.

 

Professor Titular Sênior – USP-Ribeirão Preto

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