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RP se mobiliza para ampliar cobertura vegetal urbana

Iniciativas do poder público e da sociedade civil apontam caminhos para tornar a cidade mais verde, resiliente e saudável.  Em Ribeirão Preto, a urgência é evidente: a cobertura vegetal na área urbana está em apenas 18,42%, segundo os dados parciais de 2025 do Plano Estratégico do Sistema de Áreas Verdes e Arborização Urbana

 

Lúcio Mendes

Em meio aos impactos crescentes das mudanças climáticas, como ondas de calor intensas, escassez hídrica e perda de biodiversidade, a vegetação urbana passou a ser tratada como infraestrutura essencial à sobrevivência das cidades, e não mais como mero ornamento. Em Ribeirão Preto, a urgência é evidente: a cobertura vegetal na área urbana está em apenas 18,42%, segundo os dados parciais de 2025 do Plano Estratégico do Sistema de Áreas Verdes e Arborização Urbana (PESAVAU).
O índice está bem abaixo do ideal para garantir conforto térmico, qualidade do ar e equilíbrio ecológico. A meta da cidade é ambiciosa: atingir 30% de cobertura até 2030. Mas para o ecólogo Perci Guzzo, coordenador técnico do PESAVAU e servidor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o desafio vai além dos números.
“Se não cuidarmos da floresta urbana que já temos, vamos desperdiçar tempo e recursos. É preciso manejo, manutenção e envolvimento da população”, alerta Guzzo. “Estudos mais recentes indicam que o ideal para reequilibrar termicamente as cidades paulistas seria atingir pelo menos 40% de cobertura vegetal.”

PESAVAU propõe nova lógica para o verde urbano – Coordenado por Guzzo, o PESAVAU reúne dados sobre vegetação e temperaturas de superfície, e propõe uma nova estratégia de arborização. Um dos pilares do plano é a rearborização técnica de calçadas e avenidas, com base na hierarquia do sistema viário, garantindo espaço adequado tanto para árvores quanto para pedestres.
A proposta foi tema da Primeira Audiência Pública do Plano de Arborização e Áreas Verdes, realizada no dia 2 de junho, como parte da programação da Semana do Meio Ambiente. A participação social segue aberta até 4 de julho, com o objetivo de incorporar contribuições de moradores e entidades.
“É uma resposta ousada e necessária à nova realidade climática”, afirma Guzzo, destacando que a arborização urbana eficaz depende da continuidade de políticas públicas e do apoio da sociedade.

Para o ecólogo Perci Guzzo, coordenador técnico do PESAVAU e servidor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o desafio vai além dos números

Prefeitura planta 13 mil mudas e incentiva o verde nos bairros – A Secretaria do Meio Ambiente também coordena o Planta Aí Ribeirão, programa permanente que já plantou mais de 13 mil mudas só em 2025. A ação envolve planejamento técnico, escolha criteriosa de espécies e acompanhamento pós-plantio, um cuidado essencial para evitar perdas.
Além disso, o Horto Municipal tem se tornado peça-chave no processo. Ele recebe cerca de 4 mil mudas por mês e já distribuiu mais de 6 mil mudas a moradores e comerciantes. A distribuição é acompanhada de orientações técnicas, considerando espaço viário, fiação, calçadas e tipo de solo. As espécies são selecionadas com base na Cartilha de Arborização Urbana, disponível online, e priorizam plantas nativas e atrativas para a fauna local.
“O aumento da cobertura vegetal urbana é essencial para criar uma cidade mais segura, resiliente e saudável. Estamos avançando com base em planejamento técnico e participação cidadã”, manifesta secretário do Meio Ambiente, Cláudio Almeida.

“O aumento da cobertura vegetal urbana é essencial para criar uma cidade mais segura, resiliente e saudável”, segundo o secretário do Meio Ambiente, Claudio Almeida.

Sociedade civil refloresta bairro e inspira modelo nacional – Do lado da sociedade civil, uma iniciativa inovadora está mudando a paisagem e a mentalidade de um bairro inteiro. O projeto Ribeirão Floresta, idealizado e coordenado pela AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto), transformou o Jardim São Luiz no primeiro território tecnicamente reflorestado da cidade.
Desde 2023, engenheiros, agrônomos, arquitetos e voluntários organizaram mais de 100 horas de seminários gratuitos, promovendo educação ambiental e escuta ativa dos moradores. A resistência inicial ao plantio de árvores, que era de 80%, caiu para 15%, revelando que o maior obstáculo era a desinformação.
“As pessoas culpavam as árvores por problemas como calçadas quebradas ou sujeira, quando o real vilão é a impermeabilização do solo e a poda malfeita”, explica o engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo Silva, coordenador do projeto.
Cada morador pôde escolher a espécie desejada para a calçada de sua casa, num processo participativo que respeitou preferências estéticas e critérios técnicos. Entre as 23 espécies mais populares, destacam-se árvores floridas e ornamentais como resedá, ipês, escova-de-garrafa, uvaia e jacarandá-mimoso, todas adaptadas ao meio urbano e atrativas para beija-flores, abelhas e outras espécies da fauna local.
“Além de melhorar o microclima e a estética, essas árvores fortalecem a biodiversidade urbana e promovem um senso de pertencimento nas pessoas”, diz Figueiredo.

“As pessoas culpam as árvores por problemas como calçadas quebradas ou sujeira, quando o real vilão é a impermeabilização do solo e a poda malfeita”, explica o engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo Silva

Vegetação como infraestrutura: um novo paradigma urbano – A convergência entre o plano municipal (PESAVAU e Planta Aí Ribeirão) e o protagonismo da sociedade civil (Ribeirão Floresta) aponta para um novo paradigma: a vegetação como infraestrutura urbana essencial. Já não se trata apenas de “embelezar a cidade”, mas de enfrentar problemas estruturais, como: ilhas de calor urbano; baixa permeabilidade do solo; aumento de enchentes; perda de biodiversidade; e doenças respiratórias agravadas pela poluição
Guzzo destaca que, sem políticas de longo prazo, manutenção técnica e participação social, qualquer tentativa de arborização está fadada ao fracasso. “Plantio sem cuidado é desperdício. Precisamos de continuidade, escala e técnica”, reforça.
Um exemplo nacional em construção
A união entre ações públicas e privadas transforma Ribeirão Preto em um laboratório vivo de reflorestamento urbano. Se bem-sucedida, a cidade pode se tornar referência nacional na forma de integrar natureza, infraestrutura e bem-estar humano no mesmo território.
“Não é só uma questão ambiental, é uma questão de inteligência urbana”, resume Guzzo.

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