Por Hugo Luque
O Santos recebe o São Paulo para mais uma edição do clássico San-São, o duelo dos maiores campeões internacionais do Brasil, neste domingo (21), às 20h30, na Vila Belmiro, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. As equipes vivem situações distintas na competição. Um briga para não cair, enquanto o outro sonha com mais uma classificação para a Libertadores.
Mesmo com um elenco recheado de nomes conhecidos, sendo o principal deles Neymar, o Peixe não consegue engrenar na temporada. A chegada do técnico argentino Juan Pablo Vojvoda, no entanto, traz esperança à torcida.
O conjunto do litoral chegou à rodada na 16ª posição, com 23 pontos em 22 jogos disputados e com a quinta maior probabilidade de queda, segundo as estatísticas divulgadas pelo Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): 34,2% de chance.
Embora ainda não tenha vencido, Vojvoda conseguiu estancar a “sangria” no início do trabalho. Em dois jogos, o Santos não venceu, mas também não perdeu. Os empates contra Fluminense e Atlético-MG representaram uma evolução em relação aos tropeços anteriores diante de Bahia (2 a 0) e Vasco (6 a 0). Diante do Galo, o Alvinegro Praiano garantiu um importante ponto mesmo com um jogador a menos e com a contusão do goleiro Brazão, que deixou o campo de ambulância após um choque.
“Sabíamos que teríamos um rival que gosta da posse de bola, mas jogamos no campo deles, criamos situações de gols claras. Eu pedi no intervalo que continuassem desse jeito, era provável que os três pontos fossem nossos. A expulsão foi correta e nos complicou. Depois, [teve] a lesão de Brazão. Foram muitas coisas não planejadas, que não temos no treino. O planejado foi o primeiro tempo. Fico com o espírito de luta. Um ponto, dadas as circunstâncias, fora de casa, com um a menos, temos que valorizar”, analisou Vojvoda.
Apresentado na terça-feira, o zagueiro paraguaio Alexis Duarte afirmou já estar preparado para estrear pelo clube brasileiro. Ex-Spartak Moscou, da Rússia, e Cerro Porteño, do Paraguai, o atleta demonstrou felicidade por vestir a nova camisa e dividir o vestiário com Neymar.
“Estou bem fisicamente. Depende do que o técnico vai querer. Vamos ver como será na semana, como trabalharemos. Estou muito feliz de estar num clube grande como o Santos. Aqui estiveram muitos nomes como Pelé e Neymar. Estou muito feliz e vou trabalhar muito para ajudar ao clube e ganhar títulos aqui”, disse.
A aptidão física de Duarte vem em momento importante, já que o Santos não contará com o zagueiro Zé Ivaldo, suspenso. A tendência, porém, é que o novo reforço comece no banco. Outra baixa é o lateral-direito Igor Vinícius, que também está suspenso, mas não poderia atuar por motivos contratuais referentes à rescisão com o próprio São Paulo, no meio deste ano. Por outro lado, Rollheiser está de volta após cumprir “gancho” e deve jogar.
A principal dúvida está no gol. Por conta do choque sofrido na cabeça, Gabriel Brazão pode ficar de fora do clássico. Assim, uma provável escalação tem: Diógenes (Brazão); Mayke, Adonís Frias, Luan Peres e Escobar; João Schmidt, Zé Rafael, Rollheiser (Victor Hugo) e Neymar; Lautaro Díaz e Guilherme.
São Paulo
O outro lado da rivalidade vive momento melhor, mas vem de um baque no meio de semana. O São Paulo, que abriu a rodada do Brasileiro na sétima colocação, com 35 pontos em 23 jogos, foi derrotado pela LDU por 2 a 0 na quinta-feira, pela ida das quartas de final da Copa Libertadores, e precisa reverter a desvantagem neste meio de semana para manter o sonho do título vivo. Por isso, deve haver rotação no time titular.
“Méritos da LDU, que aproveitou nos nossos erros. LDU teve um resultado importante. Eles fizeram os gols que não fizemos. Nós não concretizamos o que criamos, e essa é a diferença. Espero reverter, temos armas suficientes para isso. Não vai ser fácil, mas temos que crer”, comentou o também argentino Hernán Crespo, técnico são-paulino.
Nas últimas cinco partidas do nacional, o conjunto do Morumbis acumulou três vitórias, um empate e uma derrota, e entrou de vez na briga pelo G-6. Assim, caso não avance na Libertadores, existe a chance de o Tricolor chegar à competição continental pelos pontos corridos. Contratado nesta temporada após toda a carreira no futebol europeu, o lateral-direito português Cédric Soares entende a importância de manter a “alta rotação” nas duas frentes.
“O Brasileirão é um jogo que é necessário entender o adversário, pois o adversário se adapta a você, vê que você faz uma coisa e vai tentar fechar aquele espaço. Então é um adversário que nem sempre segue a ideia coletiva, tem muitos duelos individuais e isso torna um futebol difícil. (…) O jogador tem de ser muito profissional. Joga a cada três dias, então não pode quebrar, errar muito. Ou seja, o jogador tem que se cuidar por si e eu sempre tive esse hábito”, destacou em entrevista ao GE.
Cédric tem se adaptado à vida no Brasil e já entende que clássicos são como campeonatos à parte. No caso do San-São, é uma “competição” com ampla vantagem para o lado tricolor. Na história, o São Paulo venceu 140 vezes, perdeu 109 e empatou 76 em 325 encontros com o Santos. O confronto, inclusive, está a dois tentos de chegar a seu milésimo gol, que pode vir na Vila. Neste ano, um triunfo foi conquistado para cada lado: os paulistanos venceram no primeiro turno do Brasileirão, no Morumbis, enquanto o Peixe levou a melhor no Paulistão, em seus domínios.
Lucas e Oscar vivem fase final de recuperação de suas lesões e devem ser preparados especialmente para a volta contra a LDU. No entanto, existe a possibilidade de iniciarem no banco no clássico deste domingo para que possam adquirir ritmo. O camisa 8 está é quem tem a maior probabilidade de aparecer entre os relacionados.
Sem Tapia, suspenso, e com grande chance de mexer no 11 inicial de olho na LDU, o São Paulo deve ir a campo com a seguinte escalação: Rafael; Tolói, Alan Franco e Sabino; Mailton, Alisson, Rodriguinho, Pablo Maia (Bobadilla ou Luan) e Wendell; Luciano (Rigoni ou Ferreirinha) e Dinenno.

