Por Hugo Luque
O Botafogo tem mais uma “final” pela frente neste domingo (16), às 16h30, contra o Criciúma, no Estádio Heriberto Hülse, pela 37ª e penúltima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Após uma recuperação surpreendente, o Pantera pode garantir a permanência na divisão em caso de vitória.
O conjunto ribeirão-pretano abriu a rodada na 15ª posição, com 41 pontos, enquanto os rivais diretos, Athletic-MG e Ferroviária, chegaram ao fim de semana com 40, respectivamente em 16º e 17º. A situação favorável ao Tricolor se opõe ao resto da campanha da equipe no Brasileiro e até mesmo na temporada como um todo.
Um dos clubes que passou mais tempo na zona de rebaixamento do nacional, o Bota também brigou para não cair no Campeonato Paulista. No entanto, nesta reta final de 2025, o grupo se uniu sob o comando interino de Ivan Izzo e emendou uma importante sequência de resultados.
Desde a saída do técnico Allan Aal, foram três vitórias e três empates em seis partidas. Entre os adversários, três na zona de rebaixamento e outros três na briga pelo acesso à Série A. Na última segunda-feira, o time bateu o rival direto Amazonas em casa, por 1 a 0, e deu um importante passo rumo ao quarto ano consecutivo na Série B.

O gol, de pênalti, foi marcado por Léo Gamalho. Contratado na janela de transferências do meio do ano, o atacante soma quatro gols em nove jogos pelo Pantera e tem sido peça importante na reabilitação botafoguense.
“O Léo está a dois gols de ser o maior artilheiro da história da Série B. É um atleta inquestionável. É a primeira vez que trabalho com ele, um ótimo profissional. Ele tem a característica dele e entendemos que esse era um jogo para a característica dele”, afirmou Ivan Izzo.
Feliz com o momento e com a fundamental bola na rede diante do melhor público do Tricolor nesta Série B (8.922 pessoas foram ao Estádio Santa Cruz/Arena Nicnet diante do Amazonas), Gamalho soma 90 gols no segundo nível brasileiro. O veterano de 39 anos está a dois tentos de empatar com Zé Carlos, ex-CRB e Criciúma, na artilharia histórica da competição, mas o foco principal do centroavante é o coletivo.
“Estou procurando fazer o meu melhor com o que tenho hoje. Nos últimos jogos que joguei, não finalizei muito, mas procurei ser o mais eficiente possível. Procuro ajudar a equipe da melhor maneira, fazer meu melhor do jeito que posso, na condição que tenho hoje. Cheguei à marca de 90 gols e é importante para mim. Tem muito jogador de alto nível que jogou a Série B e não chegou nem perto. (…) A questão de ultrapassar ou não este ano está nas mãos de Deus e eu só procuro fazer o meu melhor. Não estou tão preocupado se vai ser este ano ou ano que vem. Só procuro fazer meu melhor e honrar a camisa do Botafogo”, pontuou.
‘Final’ dos dois lados
Os três pontos em disputa valem muito para o Botafogo e podem decidir a temporada dos paulistas, mas também são fundamentais para o Criciúma. O Tigre iniciou a rodada na quinta posição, com 58 pontos, e sonha em chegar à partida final da temporada ainda na briga pelo acesso.
“A gente tem de procurar fazer o nosso melhor e o professor vai montar a equipe que ele considera a melhor. Acredito que o Botafogo não pode entrar para perder, perder de pouco ou empatar. Tem de jogar o jogo como ele tem de ser jogado, como foi contra o Volta Redonda, buscando o equilíbrio. A gente sabe que vai estar lotado, mas, se vencermos, vai ficar complicado para o Criciúma, que praticamente perde a chance de acesso, enquanto nós temos uma outra chance em casa”, disse Gamalho.
“Nesse jogo, se a gente for ver, o Criciúma tem muito a perder se não conseguir um ótimo resultado. Temos de jogar o jogo, fazer o nosso melhor e, se conseguirmos resolver lá, melhor ainda, porque vamos chegar tranquilos contra o Avaí [na última rodada]. Quanto mais rápido a gente se afastar da Série C, melhor para todos, porque a gente está nessa agonia faz tempo. Já nos deram como rebaixados, mas rodada a rodada tem diminuído a porcentagem. Quando zerar, vai estar muito bom”, acrescentou o jogador.
O Criciúma vive um momento de oscilação. Embora tenha batido o Atlético-GO por 1 a 0 em seu compromisso mais recente, a equipe catarinense também acumula outros dois empates, uma derrota e outro triunfo nos últimos cinco embates.
Por outro lado, no Heriberto Hülse, o adversário sulista é sólido. O Tigre tem 35 pontos somados em 18 jogos como mandante. São 11 vitórias, dois empates e cinco reveses – o que representa 64,8% de aproveitamento e deixa o lado visitante em estado de alerta.
“Será outro jogo complicado. Se a gente for lá atrás e tirar o Amazonas e o Volta Redonda, é o quarto jogo com um time que está brigando pelo acesso. É outro jogo dificílimo e agora é assistir aos vídeos, entender a maneira que o Criciúma joga e procurar acertar na estratégia”, explicou Izzo.
O histórico do duelo também joga a favor do Criciúma. Foram sete vitórias, quatro derrotas e três empates em 14 jogos contra o adversário deste domingo. No primeiro turno, em julho, o Botafogo tropeçou em casa por 2 a 0.
Fogão embalado
Nem mesmo o retrospecto desanima o Pantera. Em ascensão e com uma das melhores campanhas nas últimas rodadas da Série B, o Tricolor conseguiu superar até mesmo a lanterna na metade da competição para chegar à 37ª rodada dependendo apenas de si.
“A situação na virada do turno era complicada. A gente vinha de uma derrota de 5 a 0 para o Avaí. Me lembro que foi no dia que assinei o contrato e fomos para o último lugar. O Paysandu, que passou um tempão na última colocação, conseguiu ultrapassar o Botafogo naquela rodada. Mas tinha esperança de sair. Tinha esperança, chance e todo um turno”, relembrou Léo Gamalho.

“O trabalho feito tem sido de reerguer na competição, de buscar essa permanência na Série B. A gente estava numa situação muito complicada e a gente chega nesta rodada com esperança. Tem mais dois jogos difíceis. A gente pega o Criciúma fora de casa agora, com eles brigando para subir. É complicado, mas como a gente já passou momentos piores na competição, acredito que a gente tem condição de dar a volta por cima e manter o Botafogo onde merece, que é na Série B”, concluiu.
Falta pelo menos mais uma tarefa e, apesar do otimismo, a comissão técnica trabalha para evitar o “salto alto” após seis jogos de invencibilidade. Mas Ivan Izzo não se preocupa e reforça a confiança no plantel para deixar Santa Catarina com o alívio da permanência.
“Sobre como mantê-los focados e concentrados, é um grupo consciente. A pontuação ainda não nos dá tranquilidade. A gente ainda não conquistou nada. Faltam duas rodadas e o grupo, no dia a dia, é muito consciente, focado e concentrado no que tem de fazer”, enfatizou o técnico.
Sem novos desfalques confirmados, o Bota tem como dúvida Jefferson Nem, que deixou o gramado do Santão com dores diante do Amazonas. Uma provável escalação tem: Victor Souza; Wallison, Ericson, Vilar e Gabriel Risso; Gabriel Bispo, Wesley Dias e Alejo Dramisino; Jefferson Nem (Jonathan Cafu), Gabriel Barros e Léo Gamalho.

