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29 de março de 2024 | 3:40
Jornal Tribuna Ribeirão
MARCELLO CASAL JR./AG.BR.
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Abuso sexual atinge um em cada sete adolescentes

Um em cada sete adoles­centes brasileiros em idade escolar já sofreu algum tipo de abuso sexual ao longo da vida, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es­tatística (IBGE), a sondagem aponta também que quase 9% das meninas já foram obriga­das a manter relação sexual contra a vontade. Dois terços dos escolares informaram já ter ingerido algum tipo de bebida alcoólica. Desse total, um em cada três o fez antes de completar 14 anos.

Na coleta dos dados, o IBGE entrevistou quase 188 mil estudantes Eles respon­deram às questões em 4.361 escolas de 1.288 municípios brasileiros. Segundo o institu­to, o Brasil tinha, em 2019, 11,8 milhões de estudantes de 13 a 17 anos. Dentre os diversos temas abordados sobre saúde e comportamento, casos en­volvendo algum tipo de abuso sexual chamaram a atenção. Segundo os números apresen­tados, 14,6% dos entrevistados responderam que já foram to­cados, manipulados, beijados ou passaram por situações de exposição de partes do corpo alguma vez contra a vontade.

Entre as meninas, o per­centual de vítimas chegou a 20,1% dos entrevistados, e 9% dos meninos. No conjunto de jovens que sofreram esses abu­sos, alguns relataram que, além dessas agressões, também fo­ram obrigados a manter rela­ção sexual. Esses adolescentes equivalem a 6,3% dos entrevis­tados. Também nesse caso, as meninas foram mais atacadas. A pesquisa mostrou que 8,8% das garotas foram vítimas des­sas relações forçadas, contra 3,6% do total de garotos.

Especialistas têm apontado que o contexto da pandemia pode ter prejudicado a iden­tificação e denúncias desses casos, uma vez que crianças e adolescentes ficaram afastados da escola, da comunidade e de redes de proteção. A redução do contato social torna mais difícil o combate a essas práti­cas criminosas, que podem ser enquadradas desde importu­nação sexual a estupro de vul­nerável, com penas previstas no Código Penal.

Ao todo, 63,3% dos es­tudantes de 13 a 17 anos in­formaram ter ingerido pelo menos uma dose de bebida alcoólica. A pesquisa também apontou que 47% dos escola­res afirmaram ter passado por algum episódio de embriaguez. O uso de drogas ilícitas foi rela­tado por 13% dos estudantes en­trevistados. Mais de um quinto (22,6%) deles afirmou já ter fu­mado pelo menos um cigarro.

Nos dois casos, a preva­lência foi maior nas escolas da rede pública. Em 2019, um em cada cinco estudantes (21,4%) de 13 a 17 anos afirmou ter sentido que a vida não valia a pena ser vivida nos 30 dias anteriores à PeNSE 2019. No mesmo período, quase um quarto (23%) disse ter sofrido bullying de colegas. Em 2018, o então presidente Michel Temer sancionou uma lei de combate ao bullying nas escolas.

O texto alterou um trecho da lei 9.394, de 1996, e passou a ampliar as obrigações das es­colas em promover medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. O novo texto também busca combater outros tipos de violência como agressão verbal, discrimina­ção, furto e roubo. O bullying, inclusive, foi apontado pela polícia como um dos fatores que levaram um adolescente de 14 anos a atirar contra cole­gas em uma escola de Goiânia, em 2017.

Dois alunos foram mortos e outros quatro ficaram feri­dos. Entre os estudantes que responderam à pesquisa do IBGE, 35,4% declararam já ter tido sua iniciação sexual. Ape­nas 63,3% deles usaram pre­servativo em sua primeira rela­ção. E 40,9% não o utilizaram na última relação. Ainda de acordo com a pesquisa, 11,6% dos estudantes de 13 a 17 anos deixaram de ir à escola por não se sentirem seguros no trajeto de ida ou volta para casa. Nesse caso, o percentual entre os alu­nos de escolas públicas é mais que o dobro da rede privada. E 21% afirmaram terem sido agredidos pelo pai, mãe ou res­ponsável alguma vez nos últi­mos doze meses.

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