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19 de abril de 2024 | 3:55
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Política

AGU aciona o STF para blindar ministro

O governo de Jair Bolso­naro, por meio da Advoca­cia-Geral da União (AGU), acionou nesta quinta-feira, 13 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) para blindar o ex-ministro da Saúde Eduar­do Pazuello em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, garantir o direito ao silêncio e inclusive barrar qualquer pos­sibilidade de prisão durante a fala aos senadores.

O depoimento de Pazuello aos senadores, considerado crucial para os trabalhos da comissão, está marcado para a próxima quarta-feira (19). Ao deixar o cargo, o general ligou sua demissão a um complô de políticos interessados em verba pública e “pixulé”.

Na avaliação de senadores, Pazuello sabe de escândalos que podem comprometer o gover­no. Ao entrar com um habeas corpus preventivo no STF, a AGU apontou risco de “cons­trangimentos” a Pazuello, no sentido de se “buscar uma con­fissão de culpa”, o que seria im­própria e inadequada no Estado Democrático de Direito.

A equipe jurídica do gover­no apresentou três pedidos: o direito ao silêncio, para Pazuello não produzir provas contra si mesmo e somente responder às perguntas que se refiram a fatos objetivos, livrando-o “da emis­são de juízos de valor ou opini­ões pessoais”; o direito de se fa­zer acompanhar de advogado; e o direito de não sofrer quaisquer ameaças ou constrangimentos físicos ou morais, como a prisão.

Em uma petição de 25 pági­nas, a Advocacia-Geral da União aponta que o receio de Pazuello sofrer constrangimentos pode ser confirmado por conta do depoimento do ex-secretário de Comunicação Social da Presi­dência Fabio Wajngarten.

Na última quarta-feira (12), em uma sessão marcada por bate-boca, xingamentos e até ameaça de prisão, Wajngarten admitiu aos senadores que a carta na qual a empresa Pfizer se dispunha a negociar vacinas contra o novo coronavírus foi enviada ao governo Bolsonaro em setembro de 2020 e ficou dois meses sem resposta.

Durante o depoimento à CPI na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, driblou as inúmeras perguntas relacionadas à cloroquina, me­dicamento sem eficácia com­provada contra a covid-19. Disse que a questão está em debate na Comissão Nacional de Incor­poração de Tecnologias no SUS (Conitec) e poderá ser submeti­da a sua avaliação definitiva.

Esta é a primeira vez que a AGU desloca uma equipe para orientar o depoimento de um ex-ministro. Em um movimen­to inédito, Pazuello passou a ser assessorado pela AGU para traçar sua estratégia de defesa na CPI. O general da ativa já se reuniu ao menos duas vezes com advogados da equipe. Eles estão coletando documentos sobre aquisição de respiradores e fabricação de cloroquina para subsidiá-lo na CPI.

Pfizer
O gerente-geral da Pfizer na América Latina e ex-presiden­te da empresa no Brasil, Carlos Murillo, disse nesta quinta-fei­ra à CPI da Pandemia do Se­nado que a farmacêutica nor­te-americana fez, entre 2020 e 2021, cinco ofertas de venda de vacina contra covid-19 ao governo brasileiro, que “não aceitou, tampouco rejeitou” a oferta feita pela empresa. A proposta tinha validade de 15 dias e não houve retorno por parte do governo brasileiro.

Carta
Segundo relato do executivo à CPI, em setembro de 2020, a Pfizer enviou uma carta ao go­verno, endereçada ao presidente Jair Bolsonaro, ao vice-presiden­te Hamilton Mourão, ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Eco­nomia, Paulo Guedes, ao então ministro da Casa Civil, Braga Netto, além do embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nes­tor Forster Jr.

No documento, a Pfizer pedia uma resposta rápida do Brasil, devido à alta procura pela vacina no mundo. No entanto, ela foi respondida dois meses depois, em novembro, confor­me dito pelo ex-secretário espe­cial de Comunicação Social, Fa­bio Wajngarten. Carlos Murillo confirmou ainda que chegou a se reunir com o ex-secretário e outros representantes do go­verno, mas que as negociações eram feitas exclusivamente pelo Ministério da Saúde.

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