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19 de abril de 2024 | 23:32
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‘As canções que você fez pra mim’

O Rei Roberto Carlos compôs, com Erasmo Carlos, a música que escolhi para ser o título de minha crônica desta sexta-feira. Os Beatles já tinham invadido o Brasil com seu som quando ouvi pela primeira vez “Splish-Splash”. Fiquei louco, pois estava aprendendo a tocar guitarra e aquele novo som invadiu meu pei­to. Nascia ali minha admiração por meu ídolo Roberto Carlos.

Sua parceria com Erasmo Carlos entrou numa fase de muita fartura em matéria de criação de canções. Sempre que ouvia uma nova no rádio, logo a elegiava minha favorita e até pensava: “Parece que eles fizeram esta música pra mim”. O tempo seguia e o Brasil esperava o ano inteiro para o lançamento anual do LP do Roberto Carlos, era difícil segurar a ansiedade e o Rei conseguia guardar segredo até os 45 minutos do segundo tempo.

Nós, fãs, nos falávamos tentando descobrir se algum radialis­ta já havia recebido alguma novidade do esperado lançamento, que era simultâneo em todas as grandes rádios do Brasil. Lem­bro-me de quando surgiu o cantor Paulo Sérgio, com a voz pa­recidíssima com a do Roberto Carlos, e a imprensa vazou para o lado do novo cantor. O Rei ficou na dele e o clone de voz nadou de braçada nos louros da fama de Roberto. Ficamos esperando o que viria no próximo LP de nosso ídolo.

O ano era 1968 e Roberto Carlos teve uma sacada genial. Lançou “O Inimitável”, um LP sensacional, recheado de sucessos, inclusive “As canções que você fez pra mim”, que foi regravada inúmeras vezes. Gal Costa, Maria Bethânia e outras mais incluí­ram a música em seus repertórios. Neste disco está também “Ci­úme de você”, “Se você pensa”, enfim, só filé para nosso deleite.

Nessa onda do saudoso Paulo Sérgio, também vieram outros que imitavam Roberto Carlso, e o que mais se destacou, na minha opinião, foi José Augusto, que depois de alcançar sucesso tentou desviar usando sua própria voz, mas, até hoje segundo meu amigo radialista Carlos Calixto, existem resquícios.

Quando Roberto compôs “Detalhes” eu já namorava minha esposa e nós adotamos verso por verso desta belíssima canção. Até então, ninguém havia escrito “Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grande pra esquecer”. Essa parte da letra é demais. Nas serenatas que fazia ela era uma das preferidas. Outra campeã é “Como é grande o meu amor por você”. Essa faz parte de muitas comemorações de aniversariantes, atravessou gerações e vai permanecer no coração dos românticos para sempre.

A música “As curvas da estrada de Santos” sempre gostei de can­tar na noite, ela me transportava para minha época de policial rodo­viário, quando eu trabalhava na Via Anhanguera, entre Jundiaí e São Paulo. Este trecho é cheio de curvas e, nas madrugadas, patrulhando com minha viatura Veraneio, fazia as curvas cantando “Eu prefiro as curvas, da estrada de Santos…” e adorava tudo isso.

Faz alguns anos, fui cantar no Teatro de Arena como convi­dado do Grupo Nós, numa homenagem a Jhonny Oliveira, meu amigo e baixista do grupo que havia falecido. A música escolhida foi “As curvas da estrada de Santos”. Ensaiei no estúdio do grupo com bateria, guitarras, teclado e baixo, mas quando me anuncia­ram pra cantar no palco haviam vários instrumentos de sopro, eram ex-integrantes do grupo que vieram homenagear o amigo que havia partido.

Quando começou a introdução, fiquei com o corpo em arre­pios, ouvindo aquela enorme banda tocando como a orquestra do Rei – me senti o cara. Encerro falando de “Emoções”, canção que foi composta em Miami. Roberto estava com Erasmo e lem­braram da época da casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro, os versos foram surgindo como que por encanto e nasceu ali essa obra maravilhosa. Obrigado, Rei, por nos presentear com tantas coisas lindas.
Sexta conto mais.

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