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Cartografia e Literatura: dinastias cartográficas e especiarias

As conquistas de Cristóvão Colombo na Europa do século XVI motivaram D. João II e D. Manuel a adotarem leis rigorosas, visando impedir que nave­gantes portugueses revelassem, oralmente ou em cartas de navegação, notícias geográficas de suas viagens ao Oriente. O que se buscava proteger? As ambições políticas e o enriquecimento por elas gerado. A atividade cartográfica sendo vista, portanto, como uma profissão de máxima dignidade na sociedade portu­guesa desde o século anterior. “Saber desenhar a face da Terra naquele período da história portuguesa representava um prestígio semelhante ao que possui um piloto espacial atualmente… não restrito aos limites de seus respectivos países, mas de âmbito universal”. O resultado disso? As famílias que tinham cartógrafos e construtores tornarem-se nacionalmente reconhecidas, não abandonando a tradição destes nobres ofícios. Exemplos? Os Reinéis, os Homens e os Teixeiras.

Jorge Reinel, e seu pai Pedro, formavam a inteligente equipe cartográfica a serviço dos reis portugueses e espanhóis. Um de seus mapas, conservado na Biblioteca de Herzog August de Wolfensottel, definindo o continente africano após a viagem de Vasco da Gama. Lopo Homem, exemplo de uma dinastia que se destacou pelos precisos dados científicos e beleza da impressão cartográfica, destacando plantas, animais típicos e navios em suas representações. O original deste encontra-se guardado no Museu Florentino da História e da Ciência. Pe­dro Teixeira Albernaz transferindo nos seus mapas as próprias observações das viagens em que participou. Alguns dos mesmos presentes no Museu Britânico.

A fama dessas dinastias durou até o século XVII, com seu estilo, modo de execução e técnica sendo incorporados pelos europeus, os quais atribuíam os êxitos da expansão portuguesa aos exímios conhecimentos lusos. “Conseguir um cosmógrafo lisboeta para assessorar nas diferentes expedições náuticas ou conselheiro da corte nestas matérias, era muito difícil”. O exemplo deixa­do por Colombo e por eles impulsionou as gerações seguintes a continuarem tentando provar que a Terra era redonda. Após a morte do genovês, conquis­tadores como Hernán Cortés e Francisco Pizarro, e célebres apóstolos como frei Juan de Zumárraga e Bartolomé de las Casas, enviaram ao novo conti­nente cartógrafos e pilotos exímios para que assegurassem rotas mais curtas e seguras para atravessarem os oceanos.

Por sua vez, quase na metade do século XVI, os portugueses substituem a mentalidade militar pela busca mercantil, chegando à China, Formosa e Japão. Na ocasião, coube ao missionário espanhol Francisco Javier promover intensa difusão da religião cristã. No Renascimento, o descobrimento de novos espa­ços alterou o fundamento das concepções cosmográficas, atingindo profunda­mente todas as camadas do conhecimento humano. A nova configuração da Terra exibia quatro continentes, rompendo, definitivamente, com o esquema tripartido dos antigos.

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