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19 de abril de 2024 | 3:01
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Cultura

Cauim vai exibir ‘Cine São Paulo’

O Cineclube Cauim vai exibir, neste final de semana, o documentário “Cine São Pau­lo”, rodado em 2017 e dirigido por Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli. Serão duas sessões, a primeira neste sábado, 23 de novembro, e a outra no domin­go (24), sempre às 19h30, com entrada gratuita. A sala fica na rua São Sebastião nº 920, no Centro de Ribeirão Preto. Mais informações pelo telefone (16) 3441-4341 ou no site www.cine­clubecauim.ong.br.

O filme conta uma história semelhante a do Cine Bristol, inaugurado pelo cineasta Gui­lherme de Almeida Prado em 1969 onde hoje atende o Cauim, com capacidade para 800 pes­soas, a maior sala da cidade e a única fora de shopping center, que em 2003 foi encampado pelo cineclube e passou por vá­rias reformas.

“Cine São Paulo” levou o prêmio de melhor documen­tário no Biarritz Latin Ameri­can Film Festival (França) e foi selecionado oficialmente para o É tudo verdade – Festival In­ternacional de Documentários, Festival de Brasília, AFI Docs Documentary Film Festival (Es­tados Unidos) e para o Fidba In­ternational Documentary Film Festival (Buenos Aires, Argenti­na), todos em 2017.

A produção é da Trilha Mí­dia, com coprodução da Input – Arte Sonora e Zumbi Post. Participam do documentário, Francisco Augusto Prado Tel­les (Seu Chico), Neusa San­galetti Prado Telles e Daniele Soffner. A montagem é de Yuri Amaral, Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, com dire­ção de fotografia de Ricardo Martensen, som de Felipe To­mazelli, que também assina a trilha sonora e a produção executiva ao lado de Martensen e Dríades Carolina da Rosa.

Sinopse
Aquilo que um dia foi uma respeitável sala de cinema, agora está praticamente em ruínas. Seu Chico, o simpáti­co e desastrado proprietário do cinema, inicia uma luta obstinada para salvar o prédio centenário na pequena cidade de Dois Córregos, no interior paulista. Uma declaração de amor ao cinema e um exemplo de luta pelo acesso à cultura.

“A cabine [de projeção] pra mim era como se fosse uma nave espacial, com todas aque­las chaves, com todos aqueles botões. Então eu, operando o projetor com o cinema lotado de 400 pessoas, me achava muito importante!”, diz Seu Chico no documentário.

Para muitos o cinema é pra­ticamente uma religião, é em frente ao grande ecrã (tela) que o ritual se realiza, é na arte de fazer filmes que seus devotos ofere­cem suas vidas aos deuses cine­matográficos e é também na arte de se projetar um filme, que o amor por essa expressão da alma humana alcança sua plenitude.

Seu Chico é mais um entre muitos devotos da arte cinema­tográfica. Ele que cresceu em uma sala de cinema, adquirida por sua família no ano de 1940, encarnou o desafio de manter o templo vivo até os dias de hoje, mas, mesmo com tanta devo­ção, o antigo Cine São Paulo estava capengando, interditado, sujo e esquecido.

O que houve com esse lu­gar que costumava encher to­dos os finais de semana, para alegria das pessoas da peque­na cidade de Dois Córregos? Houve o progresso, a elitização dos espaços de fruição cultural, a violência dos meios de comu­nicação e os avanços tecnológi­cos, que tornaram uma sala de cinema, com quase quatrocen­tos lugares e um projetor de car­vão, um espaço anacrônico, com equipamentos obsoletos. O anti­go templo se tornou apenas mais um prédio antigo, esquecido no centro da cidade.

O documentário “Cine São Paulo” joga luz sobre essa his­tória tão comum nas pequenas cidades do interior do Brasil. Os documentaristas Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli se unem a seu Seu Chico no desa­fio de restaurar e reativar as ativi­dades do Cine São Paulo.

Essa relação, nem sempre isenta de conflitos de interesses, se expressa através das diferentes formas de se documentar um fato. Por hora os documenta­ristas são como uma mosca na parede, por hora os personagens encenam para a câmera e em alguns momentos os cineastas interferem diretamente no que estão testemunhando.

“Cine São Paulo” é uma jor­nada que nos leva a um universo particular, para tratar de ques­tões comuns a todos os seres hu­manos. Questões como: batalhar por sua missão de vida, possibi­litar o acesso do maior número de pessoas à fruição cultural, resgatar a memória e autoestima de uma comunidade, envolver a população em torno de algo que traga benefício mútuo e dar voz e luz para pessoas inspiradoras. Como diz Seu Chico durante o filme “nós somos finitos, mas a arte nos eterniza”.

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