Tribuna Ribeirão
Economia

Inflação chega a 4,52% em 2020

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Com alta de 1,35% em de­zembro, em boa parte puxada pela conta de luz mais cara, o Índice de Preços ao Consumi­dor Amplo (IPCA), o indica­dor oficial de inflação do país, fechou o ano passado com avanço de 4,52%, o maior des­de 2016. O resultado, informa­do nesta terça-feira, 12 de janei­ro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 4,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

No ano marcado pela co­vid-19, os preços dos alimentos deram o tom. O indexador ofi­cial de preços no Brasil encer­rou 2019 em 4,31%, também acima do centro da meta de inflação estabelecida pelo Ban­co Central, de 4,25%. Quando a pandemia se abateu sobre a economia, provocando a reces­são global, o IPCA chegou a re­gistrar taxas negativas. Com as atividades paradas, os preços, especialmente de serviços, des­pencaram nos primeiros meses de isolamento social.

Com a concentração da demanda em itens básicos e a alta do dólar, os alimentos para consumo no domicílio começaram a encarecer rapi­damente. Fecharam 2020 com alta de 14,09%, a maior desde 2002, quando foi de 19,47%. A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de adotar bandeira vermelha – taxa extra na conta de luz para compensar o maior uso de usinas térmicas, mais ca­ras – em dezembro era o que faltava para o IPCA de 2020 extrapolar a meta.

O brasileiro arcou com cobrança de R$ 6,243 a cada quilowatts-hora (kWh) consu­midos. Em dezembro, a varia­ção de 1,35% foi a mais intensa desde fevereiro de 2003, quan­do tinha sido de 1,57%. É tam­bém a maior taxa para um mês de dezembro desde 2002 (ficou em 2,10%). Em novembro ti­nha sido de 0,89%. No último mês de 2019, a variação havia ficado em 1,15%.

O resultado do ano mos­trou ainda que os preços do óleo de soja com 103,79% e do arroz com 76,01% dispa­raram no acumulado de 2020, mas outros itens importantes na cesta das famílias também subiram expressivamente. En­tre eles estão o leite longa vida (26,93%), frutas (25,40%), car­nes (17,97%), batata-inglesa (67,27%) e tomate (52,76%).

A habitação, com 5,25%, também contribuiu para o comportamento da inflação, influenciada pelo aumento da energia elétrica (9,14%). O efeito do dólar sobre os preços dos eletrodo-mésticos, equipa­mentos e artigos de TV, som e informática provocou impacto nos artigos de residência, que também pesaram mais.

De acordo com o IBGE, em conjunto, alimentação e bebidas, habitação e artigos de residência responderam por quase 84% da inflação de 2020. Segundo maior peso na composição do indicador, os transportes encer­raram 2020 com alta de 1,03%.

O gerente da pesquisa con­tou que houve quedas fortes, em abril e maio, por conta do preço da gasolina, que fechou o ano em queda (-0,19%), apesar das seis altas consecutivas em junho e dezembro, mas houve compensações. “As passagens aéreas tiveram uma queda de 17,15% no acumulado do ano, ajudando a puxar o resultado para baixo”, conclui.

O vestuário foi o único gru­po a apresentar variação ne­gativa (-1,13%) explicada pelo isolamento social. “As pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a deman­da por roupas. Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro”, revela.

A inflação de 2020 mos­trou também que a alta dos preços foi generalizada em todas as 16 localidades pes­quisadas pelo IBGE. Kislanov afirma, também, que todos os grupos pesquisados tiveram alta no mês, sendo o destaque a habitação, que, por causa do aumento de 9,34% na energia elétrica, subiu 2,88%.

A segunda maior contri­buição em dezembro partiu de alimentação e bebidas (1,74%), embora tenha regis­trado desaceleração frente ao mês anterior (2,54%). Os pre­ços do tomate tiveram queda de 13,46%. Além disso, houve altas menos intensas nas car­nes (3,58%), no arroz (3,84%) e no óleo de soja (4,99%).

Em movimento contrário, os preços das frutas subiram de 2,20% para 6,73%. Ainda em dezembro outro grupo em destaque foi o de transportes com variação de 1,36%, per­to do resultado de novembro, quando tinha sido de 1,33%. Os demais ficaram entre 0,39% de comunicação e o 1,76% de artigos de residência.

Para 2021, as projeções apontam para um IPCA anual de 3,30%, diante de uma meta do BC mais baixa que a deste ano, de 3,75%, com a mesma margem de 1,5 ponto. Com as projeções apontando para perto da meta, uma reação do BC, com alta da taxa básica de juros – a Selic, hoje em 2,0% ao ano – para conter a deman­da, não deverá ser acelerada por causa da leitura final do IPCA do ano passado.

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