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Lava Jato Palocci entregou dinheiro vivo a Lula

O ribeirão-pretano Antônio Palocci Filho, ex-ministro da Fa­zenda e da Casa Civil dos gover­nos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), respec­tivamente, afirmou em delação premiada na Polícia Federal que entregou propinas em espécie para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-ministro relatou pelo menos dois episódios aos in­vestigadores, um no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, e outro no Aeroporto de Con­gonhas, em São Paulo, em que teria entregue dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht em uma caixa de celular e em ou­tra de uísque. Palocci depôs no dia 13 de abril do ano pas­sado, uma semana depois que o ex-presidente foi preso para cumprir pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá.

Este relato do ex-ministro foi anexado nesta quinta-feira, 17 de janeiro, ao inquérito da PF que investiga supostas fraudes na licitação e construção da usi­na de Belo Monte. Segundo Pa­locci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-petista relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a em­preiteira entrou no negócio de Belo Monte.

O delator, que foi alvo da Operação Omertà, desdobra­mento da Lava Jato em 2016, livrou-se da prisão depois que fechou acordo de delação com a Polícia Federal. No depoimento de abril do ano passado, Palocci afirmou ter repassado “em opor­tunidades diversas” cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em espécie para o pró­prio Lula. Segundo Palocci, “os valores eram demandados pelo próprio Lula com a orientação para que não comentasse sobre os pedidos com Paulo Okamot­to (presidente do Instituto Lula) e nem com ninguém”

Ele afirma que “sempre atendia aos pedidos de Lula”. Indagado pela PF se tinha tes­temunhas de suas revelações, Palocci apontou dois motoris­tas que trabalhavam para ele, na ocasião. O ex-ministro de­talhou duas entregas de dinhei­ro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no valor de R$ 50 mil “escondidos dentro de uma caixa de celular”. A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que recorda-se que a caminho do aeroporto “recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega”.

O ex-ministro falou, ain­da, de uma reunião com outra empreiteira, Andrade Gutier­rez, na qual teria sido acerta­do pagamento de 1% em pro­pinas sobre o valor recebido pelo grupo nas obras de Belo Monte. Em troca, Palocci atu­aria contra um consórcio que estava tentando “atravessar” a licitação. O ex-presidente Lula sempre negou recebimento de valores ilícitos. A Odebrecht informa que colabora com a Justiça nos termos do acordo que firmou com a Lava Jato. A reportagem não conseguiu contato com a Andrade Gu­tierrez, que já disse anterior­mente, em nota, que colabora com as investigações.

No dia 9, Palocci assinou seu terceiro acordo de colaboração premiada, desta vez com o Mi­nistério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Gre­enfield, que mira desvios nos maiores fundos de pensão do País. O ex-ministro já assinou um acordo de colaboração com a Polícia Federal de Curitiba no qual abordou crimes cometidos no âmbito da Petrobras. Um se­gundo, fechado no final do ano passado com a PF de Brasília e que tramita em sigilo, envolve acusações contra alvos com di­reito a foro privilegiado, como políticos com mandato.
Palocci foi condenado a nove anos e dez dias de prisão por corrupção e lavagem de di­nheiro. Em setembro de 2016, ele foi preso na Operação Omer­tà, desdobramento da Lava Jato. Para se livrar da prisão, fechou acordo de delação com a Polí­cia Federal, homologado pelo desembargador Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). No dia 29 de novem­bro, o ex-ministro deixou a pri­são dois anos e três meses depois de detido para cumprir pena provisória em regime prisional semiaberto domiciliar, com tor­nozeleira eletrônica.

“Dilma ‘deu corda’ contra Lula”
O ex-ministro disse ain­da, em um dos depoimentos prestados em agosto de 2018, tornado público nesta sexta-feira (18), que a ex-presidente Dilma Rousseff “deu corda” para que as investigações da Operação Lava Jato impli­cassem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A petista classificou a versão como fan­tasiosa e disse que não pas­sa de uma tentativa de fazer intriga entre ela e o ex-pre­sidente. A assessoria de im­prensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou as acusações feitas em delação.

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