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18 de abril de 2024 | 7:40
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Santa Sofia/Hagia Sophia

O Governo Turco acaba de anunciar que Santa Sofia – Hagia Sofia, em grego, – volta a ser mesquita muçulmana, adicionando novo capítulo à sua longa história, que se confunde com a história de Istambul. A antiga capital turca é uma das mais interessantes e belas cidades do mundo. Geograficamente, espraia-se por ambos os lados do Estreito de Bósforo, língua de água que une os mares de Mármara e Negro e que serve de fronteira entre a Europa e Ásia.

De manhã, quando o sol atinge suas pequenas e constantes ondas, parece um panapaná de borboletas azuis esvoaçando sobre a água. Último bastião europeu e primeiro asiático ou vice-versa, a cidade é uma simbiose das duas culturas e oferece grandes e imprevistas atrações. Historicamente, teria sido fundada em 667 a.C., por Bizas, chefe do povo grego de Mégara, daí seu primeiro nome Bizâncio.

O povoado foi se desenvolvendo muito lentamente, sujeito a várias guerras, até a chegada dos romanos, em 191 a.C. Várias batalhas a destruíram e era reconstruída sempre. Em 395, com a queda de Roma, torna-se a capital do Império Romano do Oriente e passa a se chamar Constantinopla, em homenagem ao Impera­dor Constantino e torna-se depositária de todo o conhecimento clássico, como centro do cristianismo e da cultura e língua gregas e romanas.

Grandes obras são feitas na cidade, como as muralhas que a protegiam e a Hagia Sophia (santa sabedoria), a majestosa catedral de Santa Sofia que por mil anos reinou sozinha como a maior igreja do mundo.

Em 1453, Constantinopla não aguenta o ataque do sultão Maomé II e cai sob domínio mulçumano. O vencedor adentra a Hagia Sophia com seu cavalo e a transforma em mesquita, tornando-a capital do Império Otomano. A cidade sofreu vários cercos e guerras, como as Cruzadas que a retomaram por breve período. Em 1923, com a Proclamação da República da Turquia, que põe fim aos seis séculos do Império Otomano, perde para Ancara sua condição de capital e passa a se chamar Istambul. A cidade tem inúmeros monumentos históricos, destacando-se a grandiosa Santa Sofia.

Foi erguida entre 532 e 537, para ser a Catedral de Constanti­nopla, sobre escombros de duas outras igrejas antigas. Era o maior templodo mundo, título que reteve por mil anos, até a construção da Catedral de Sevilha. O Imperador Constantino supervisou pessoalmente as obras e é ponto culminante da arquitetura bizan­tina. Seu interior resplandecia com pilares de granito e mármore e mosaicos de ouro, decorada com imagens da Virgem e dos santos.

Curioso que o seu nome original, Igreja da Santíssima Sabedo­ria de Deus, indica sua dedicação a segunda pessoa da Santíssima Trindade e não à santa romana de nome homônimo. Em 1453, com a tomada da cidade pelo Sultão Maomé II, foi transformada em mesquita e teve suas paredes cobertas com gesso, pois a reli­gião muçulmana não permite imagens. Ganhou quatro minaretes, de onde eram conduzidos os cinco cultos diários. Em 1931, com a extinção do Império Otomano, foi dessacralizada e transformada em museu. Agora, volta a ser mesquita, para alegria de seus habi­tantes muçulmanos.

É muito emocionante adentrar o local testemunha de longos anos de história, ver seus desenhos e mosaicos restaurados e ima­ginar os dramas humanos e religiosos que se desenrolaram no seu interior. Caminhar embaixo de sua cúpula monumental recorda os passos de bizantinos, romanos, cruzados, muçulmanos que ali estiveram e ajudaram a construir sua história. Muito provavel­mente os tesouros da mesquita serão novamente cobertos, ocul­tando um Patrimônio da Humanidade, como reconhecido pela Unesco. Santa Sofia tem resistido por mais de 2.700 anos. Esta decisão turca será somente mais um episódio de sua existência.

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