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19 de abril de 2024 | 5:04
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Uma vida nas Arábias

Murilo Bernardes

Há um ano o zagueiro Car­los Henrique, 25 anos, anun­ciou sua saída do Botafogo após a conquista do acesso para o Campeonato Brasileiro da Série B. Titular absoluto do Pantera na competição, atuou em 20 dos 22 jogos disputados. O defensor foi peça funda­mental do time botafoguense.

Formado nas categorias de base do clube, Carlos Henrique atuou pelo Pante­ra durante seis temporadas e acabou indo embora da equi­pe por não acertar acordo de renovação contratual.

Após sua saída, Carlos Henrique foi para o São Ca­etano, onde disputou o Cam­peonato Paulista 2019 e des­de o mês de julho, está em uma aventura internacional, mais precisamente, na Arábia Saudita.

O jogador acertou contra­to de uma temporada com o Najran SC, clube que disputa a segunda divisão do futebol saudita. Por lá, tem a compa­nhia de mais dois jogadores brasileiros e alguns membros da comissão técnica.

Carlos Henrique está vivendo fase artilheira no futebol árabe

Em entrevista exclusiva ao Tribuna, Carlos Henrique contou sobre sua adaptação ao país, aos costumes e tam­bém ao futebol, que, segundo ele, é tecnicamente inferior ao brasileiro.

“Acho que a principal di­ferença são os jogadores, a qualidade do brasileiro é di­ferente. Quando o brasilei­ro vem para cá eles gostam muito, por conta da técnica mais apurada, dos dribles. O jogador árabe é mais físico, eles correm bastante, mas a técnica é inferior. Outra questão bas­tante diferente são os treinos noturnos. Por conta do calor, as atividades são sempre du­rante a noite”, contou.

Vivendo num país de cul­tura completamente diferente do Brasil, Carlos Henrique afirmou que sua adaptação foi rápida, entretanto, alguns costumes ainda são bem estra­nhos para o jogador.

“Minha adaptação está sendo boa, bem rápida. Tem dois jogadores brasileiros, o treinador, preparador de go­leiros, fisioterapeuta, são to­dos brasileiros, isso facilitou a adaptação. Eu já passei por algumas situações engraçadas aqui. Quando vamos jantar, eles preparam as comidas de­les. Eles comem com a mão e no chão. Eles comem muito arroz com carneiro cru. Mas tem uma mesa pra gente que é estrangeiro usar e comer com o garfo. Essa parte é bastante complicada”, brincou.

A boa fase do zagueiro já levanta a possibilidade de renovar com o Najran

Evangélico praticante, Car­los Henrique não pode de­monstrar sua religiosidade por lá. A Arábia Saudita é um país islâmico, que proíbe qualquer tipo de manifestação religiosa que não seja a sua. Igrejas e ou outros templos não muçulma­nos são estritamente proibidos.

Em relação a isso, o joga­dor afirmou que compreende a questão cultural e ressaltou a obediência aos costumes que o povo árabe tem.

“Eu sou evangélico e aqui é só a religião deles. Uma coi­sa que eu vejo é que eles tem o momento deles de orar, são cinco orações no dia, e quando é o momento da oração, eles fecham tudo. As vezes eu saia pra ir comprar alguma coisa e aí era hora de orar e eu tinha que esperar meia hora até abrir de novo. Eles são muito apega­dos a religião”, revelou.

Em boa fase, Carlos Hen­rique caiu nas graças dos di­rigentes e torcedores do clube e até tem tirado onda de arti­lheiro, com dois gols marcados nos últimos jogos. O contrato do defensor é válido até o meio do próximo ano, entretanto, existe possibilidade de conti­nuar por lá.

Se adaptando aos costumes, Carlos Henrique utiliza vestimentas tradicionais do país

“Eu tenho contrato aqui até o final da temporada, que é no meio do ano que vem, mas já existem algumas questões em andamento. Estou muito fe­liz, vivendo um ótima fase, fiz dois gols no campeonato, um de cabeça e outro de perna esquerda. Estou gostando de viver toda essa experiência, de conhecer uma cultura diferen­te”, afirmou.

Mesmo do outro lado do mundo, a paixão do jogador pelo Botafogo continua, afirma ter vontade de voltar a vestir as cores do Pantera novamente.

“Eu penso em voltar a ves­tir a camisa do Botafogo por­que foi um time que me deu oportunidade, que me revelou, que me projetou para o mun­do. Estou sempre na torcida, acompanho os jogos e sigo torcendo. Espero um dia jogar novamente no clube”, revelou.

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