Tribuna Ribeirão
Economia

Taxa de juros segue em 13,75%

Apesar da alta recente na inflação, o Banco Central (BC) não mexeu nos juros. Por una­nimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) mante­ve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros. Continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano.

Essa foi a quarta vez segui­da em que o BC não mexe na taxa, que permanece nesse nível desde agosto. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por doze vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

De março a junho de 2021, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto percentual em cada en­contro. No início de agosto do mesmo ano, o BC passou a au­mentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto de outubro de 2021 até fevereiro de 2022.

No ano passado, o Copom promoveu dois aumentos de 1 ponto, em março e maio, e dois aumentos de 0,5 ponto, em ju­nho e agosto. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no ní­vel mais baixo da série histórica iniciada em 1986.

Por causa da contração eco­nômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o con­sumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021. Mes­mo com a estabilidade da taxa Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (des­contada a inflação) do mundo.

A lista traz 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasi­leiro está agora em 7,38% ao ano. Em segundo lugar na lis­ta que considera as economias mais relevantes, aparece o Mé­xico (5,53%), seguido de Chile (4,71%). A média dos 40 países avaliados é de -2,07%.

A Selic é o principal instru­mento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Na­cional de Preços ao Consumi­dor Amplo (IPCA). Em 2022, o indicador fechou em 5,79%. Desde o fim do ano passado, a inflação vem subindo por causa da alta do preço dos alimentos e da reversão parcial das desone­rações sobre os combustíveis.

O índice fechou o ano pas­sado acima do teto da meta de inflação. Para 2022, o Conse­lho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5% nem ficar abaixo de 2% no ano passado.

Para 2023, a meta de inflação está em 3,25%, também com margem de 1,5 ponto percentu­al, o que garantiria um intervalo entre 1,75% e 4,75%. No Relató­rio de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Cen­tral, a autoridade monetária esti­mava que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base.

A projeção, no entanto, pode ser revista na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de março. As previsões do mercado estão menos otimistas. De acordo com o boletim Fo­cus, pesquisa semanal com ins­tituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,74%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,31%.

Crédito mais caro
A elevação da taxa Selic aju­da a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encare­cem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por ou­tro lado, taxas mais altas dificul­tam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava cres­cimento de 1% para a economia em 2023. O mercado projeta crescimento menor.

Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expan­são de 0,8% do Produto Inter­no Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano. A taxa básica de juros é usada nas negocia­ções de títulos públicos no Sis­tema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

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