Taís Roxo Fonseca *
[email protected]
O Brasil caminha a passos largos para cortar o cordão umbilical com os EUA. Ora bolas, já não somos mais dependentes dos norte-americanos e podemos negociar a taxação imposta pelo Donald Trump, em igualdade de posição, afinal, temos o Brics e podemos escolher a moeda que nos favorece em nossas negociações.
O professor Ladislau Dowbor, economista brasileiro, de origem polonesa, que muito me honra poder-me dizer sua aluna em sede de pós graduação, ensina: “vivemos a era do capital improdutivo, antes o investidor almejava abrir sua empresa para fabricar um objeto como calçados, carros, eletrodomésticos, hoje, prefere investir seu dinheiro que é mais garantido e rende mais”.
Estamos num momento que o dinheiro em notas saiu do bolso, hoje vamos comprar algo e escutamos do comerciante, cartão débito, crédito ou pix. Seria muito oportuno começarmos a discutir como funciona a economia do Brasil, fazermos a Pedagogia da Economia, e passarmos para a população nacional, onde há 71 milhões de adultos atolados em dívidas, que eles não são culpados disso, ou seja, que a taxa de juros aplicada aqui é uma barbárie comparada a qualquer outro país.
A pedagogia da economia vai contar para o brasileiro que aplicamos aqui um verdadeiro sistema de drenagem financeiro, que só serve para aumentar a desigualdade social e concentração de renda nas mãos dos Titans do Capital. Não é preciso muito aprofundamento em economês para aprendermos que a economia brasileira existe para 1% da população em detrimento de 99% que arca com todo o ônus.
Conclusão, a economia brasileira aplicada atualmente não é ilegítima porque ela não cumpre sua verdadeira função social. O professor Dowbor em seu livro Função Social da Economia, diz : Precisamos de uma sociedade verdadeiramente informada do que acontece realmente, temos recursos financeiros e tecnológicos, sabemos o que deve ser feito- trata-se de buscar uma sociedade viável, socialmente justa e ambientalmente sustentável .
A política tributária no Brasil é injusta , improdutiva e ineficiente. Os debates no Congresso são intermináveis porque são realizados por maioria de homens, brancos e ricos que organizam a cobrança e o uso dos impostos em proveito de si mesmos. O básico é que os países que realmente dão certo usam seus impostos para redistribuir renda, equilibrando assim sociedade”.
No Brasil, a tributação é utilizada para concentrar mais ainda os recursos. Não há como não se dar conta de que vivemos numa democracia de faz de conta . A morte da Preta Gil que emocionou o País inteiro, pela sua luta incessante contra o câncer , nos trouxe mais perto de seu pai, o poeta e músico Gilberto Gil que proferiu algumas falar imemoráveis que ao meu ver deveriam ser anotadas para os anais da eternidade.
Em uma delas ele fez uma comparação entre a peregrinação da filha pela vida e do Brasil pela democracia dizendo que são etapas que vencemos ou não e que a Preta precisou de tempo para assimilar a morte e aceitar de bom senso a hora chegada.
O Brasil, como a Preta, está na peregrinação que às vezes como uma engrenagem desengrena mas tem de seguir agora para o momento da desdolarização, da independência e do fim da hegemonia dos EUA, finalmente. Isso depende de coragem e de bom senso.
Gilberto Gil contou que quando a Preta nasceu ele foi ao cartório e disse que queria registrar a filha com o nome de Preta Maria Gadelha Gil Moreira e ouviu do cartorário encarregado pelos registros civis que Preta não era nome legítimo, quando Gil imediatamente advertiu, mas e se fosse Branca Maria Gadelha Gil Moreira, poderia.
E assim ele compôs Tempo Rei- Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço, navegando todos os sentidos. Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei, transformai as velhas formas do viver, ensinai-me ó pai , o que eu ainda não sei, Mãe Senhora do Perpetuo Socorrei. Axé.
* Advogada

