Lúcio Mendes
Ribeirão Preto registrou mais uma morte provocada pelo uso criminoso de linha com cerol. Radyel Kelvin Lima da Silva, de apenas 7 anos, morreu na tarde desta segunda-feira, 2 de junho, após ter o pescoço cortado por uma linha cortante enquanto andava de bicicleta no Jardim Zara, zona Leste da cidade.
Segundo informações de testemunhas, a criança havia encontrado uma pipa e a atravessou no corpo para levá-la. No entanto, a linha se prendeu ao aro da bicicleta, se tensionou e acabou cortando gravemente o pescoço e o corpo do menino. Ele foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, na avenida Treze de Maio, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte do garoto causou comoção na comunidade e reacendeu o alerta sobre os riscos do uso de cerol, uma mistura ilegal e altamente perigosa de cola com vidro moído usada em linhas de pipa.
Aumento de acidentes com linha de cerol preocupa moradores de Ribeirão Preto
Nos últimos anos, Ribeirão Preto tem enfrentado um aumento preocupante de acidentes envolvendo linhas com cerol, resultando em vítimas fatais e ferimentos graves. O cerol é especialmente perigoso para motociclistas, ciclistas e crianças.
Entre os casos mais recentes está o de José Ivanildo Correia, de 43 anos, que morreu em janeiro de 2023 ao ter o pescoço cortado por uma linha com cerol enquanto pilotava sua motocicleta na Avenida Eduardo Andrea Matarazzo (Via Norte). Ele morreu no local, antes da chegada do socorro.
Outro caso que comoveu a população foi o de Carlos Henrique de Jesus, adolescente de 16 anos, também atingido por linha de cerol no bairro Jardim Zara enquanto andava de bicicleta. Mesmo socorrido e internado no Hospital das Clínicas, ele não resistiu aos ferimentos.
Em 2019, uma motociclista de 26 anos sofreu um corte profundo no pescoço ao ser atingida por uma linha de cerol na Rua Rio Paraguaçú, no bairro Ipiranga. Ela precisou passar por cirurgia após a lesão em um vaso sanguíneo importante.
Medidas de prevenção
Diante do aumento desses acidentes, é fundamental que motociclistas e ciclistas adotem medidas de proteção, como o uso de antenas corta-pipa e protetores de pescoço. A população também pode e deve colaborar denunciando o uso e a venda de cerol.
A Guarda Civil Metropolitana de Ribeirão Preto realiza apreensões constantes de materiais com cerol e encaminha os responsáveis para a delegacia. As denúncias podem ser feitas anonimamente pelos telefones 153 ou 190.
Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Preto lamentou profundamente o falecimento de Radyel e manifestou solidariedade à família. O comunicado reforça que a fiscalização para coibir a venda de insumos usados na fabricação de cerol é rotineira, mas será intensificada.
“Em razão do ocorrido, uma equipe de fiscalização já percorre os comércios do bairro onde se deu o fato, vistoriando lojas de artigos para coibir a venda irregular desses produtos em todo o território municipal.”
A Prefeitura também fez um apelo à população:
“Diante deste trágico episódio, a Prefeitura convoca escolas, lideranças comunitárias e toda a população a colaborar, denunciando ao Disque 153 estabelecimentos que comercializem insumos proibidos.”
A sucessão de tragédias envolvendo linhas com cerol reforça a urgência de ações mais rigorosas e constantes. Além da repressão, campanhas educativas e a conscientização da população são essenciais para impedir que mais vidas sejam perdidas.
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