A Justiça de Ribeirão Preto decretou a prisão preventiva de três jovens acusados de matar Kaylan Thiago Marcondes Andrade, de 18 anos, em 13 de junho deste ano, na avenida Antonio e Helena Zerrener, na Vila América, Zona Oeste de Ribeirão Preto. O rapaz segui um trenzinho quando foi espancado a pauladas em uma rixa que envolve grupos de adolescentes rivais de dois bairros da mesma região
Na terça-feira, 7 de outubro, o promotor Marcus Tulio Nicolino denunciou Guilherme Carvalheiro Rocha, o Gui Rocha, Iuri Kauan Benedito de Lima, o Kauanzin, e Victor Hugo Ferreira Passos, o Tonelada, por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Como eles contaram com a ajuda de três adolescentes, são acusados também de corrupção de menores. O crime trouxe à tona a rivalidade entre grupos da Vila Virgínia e do Parque Ribeirão Preto. As defesas dos acusados não foram localizadas. Segundo o Ministério Público, os acusados avistaram a vítima caminhando sozinha e gritaram para incitar os outros envolvidos.
Em seguida, cercaram o jovem para dar início ao espancamento. A vítima foi agredida com socos, chutes e golpes com objetos, sem ter qualquer chance de se defender. O jovem ainda tentou fugir, mas pouco depois passou a apresentar falta de ar e salivação intensa, perdendo a consciência.
Levado a uma unidade de saúde, Kaylan Thiago Marcondes Andrade não resistiu. O laudo necroscópico apontou que a causa da morte foi asfixia por hiper-reatividade brônquica, decorrente de intenso estresse físico e emocional provocado pelas agressões. Para o promotor, o crime foi cometido de forma “violenta, coordenada e orquestrada”. Nicolino diz que a prisão se faz necessária para assegurar a aplicação da lei penal.
Segundo a Polícia Civil, cerca de 20 agressores participaram da ação.Segundo familiares, Kaylan Thiago havia saído de casa para acompanhar um trenzinho. O bloco festivo circulava pelas ruas, quando teve início uma briga generalizada. Testemunhas relataram que um dos agressores usava fantasia no momento da ação.
Kaylan Thiago chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado à Unidade Básica Distrital de Saúde Doutor Marco Antônio Sahão (UBDS Sul), na Vila Virgínia, mas não resistiu aos ferimentos.
O dono do trenzinho, Valdecir Júnior, diz que em nenhum momento teve briga no evento que ele realizou e que confusões desse tipo sempre existiram e são provocadas por pessoas que não estão relacionadas com as festas que acontecem nas ruas de Ribeirão Preto.
Ele lamentou a morte do jovem. Kaylan Thiago era recém-formado no ensino médio e tinha completado 18 anos em março. Além disso, de acordo com a família, era trabalhador e apaixonado pela arte dos trenzinhos. A prefeitura de Ribeirão Preto também lamentou o episódio e informou que a operação dos trenzinhos é regulamentada e fiscalizada pelas autoridades.
Ressaltou, porém, que este caso feira aconteceu em via pública, fora do veículo. A “Lei dos Trenzinhos” (nº 13.030/2013) foi aprovada pela Câmara em 2013, sancionada e regulamentada no mesmo ano pela então prefeita Dárcy Vera (sem partido), mas nunca foi devidamente cumprida pelos donos das carretas. Entre os grandes problemas que inibem a fiscalização está o horário de atendimento dos departamentos municipais responsáveis, que só funcionam de segunda a sexta-feira até as 18 horas.
Os trenzinhos, em geral, atuam à noite e nos finais de semana. Em caso do descumprimento da lei, os proprietários dos trenzinhos estão sujeitos a penas que vão da advertência até a cassação da licença pelo período de dois anos. Também prevê multa no valor de 100 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesp, neste ano cada uma vale R$ 37,02), o equivalente a R$ 3.702. No caso dos clandestinos, os veículos também serão apreendidos.

