André Luiz da Silva *
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O fim de mais um ano se aproxima e, entre vitrines iluminadas, pessoas correndo desorientadas por lojas populares e shopping centers, confraternizações de empresas, formaturas escolares e retrospectivas nos meios de comunicação, seguimos imersos num misto de tristeza e alegria. Muitas vezes, nem sabemos ao certo o porquê. Ao final, paira a dúvida inevitável: 2025 foi um ano bom ou não?
Como profissional do Direito e atuante na área da comunicação, aprendi a ouvir todas as partes envolvidas nos fatos e a sempre buscar mais de uma fonte de informação. Seja no rádio do carro, em programas televisivos ou em canais das redes sociais, considero fundamental prestar atenção ao que pensam e acreditam pessoas com visões diferentes sobre os mais variados temas.
Recentemente, enquanto dirigia, ouvi dois conhecidos articulistas econômicos bastante otimistas com o que aconteceu no país e projetando um ano ainda melhor.Cautelosamente, troquei de estação e, em seguida, outro economista anunciava o caos, afirmando que vivemos um ano péssimo. Nesses momentos, não cabe ser torcedor, militante ou aloprado. É preciso verificar dados e recorrer a fontes confiáveis. Foi o que fiz.
Ao olhar para a economia, os números mostram que o país registrou indicadores históricos no mercado de trabalho. Desde 2023, foram gerados 4,9 milhões de empregos formais, levando o desemprego ao menor nível dos últimos 13 anos. Voltamos a crescer acima de 3% ao ano, com a menor inflação acumulada dos últimos quatro anos. Saímos novamente do Mapa da Fome, alcançando o menor índice de pobreza da história. Retomamos protagonismo no cenário internacional e estamos superando a insana taxação de 40% imposta pelo governo Trump.
No Judiciário, testemunhamos julgamentos históricos que, pela primeira vez, condenaram e levaram à prisão militares de altas patentes, personalidades políticas até então intocáveis e mais dois ex-presidentes. É claro que também assistimos a manobras para reduzir penas e a um Congresso que, a cada dia, parece mais distante da população. Ainda assim, a Reforma Tributária finalmente destravou, e vibramos com a aprovação da isenção do Imposto de Renda para as faixas salariais mais baixas.
Na COP30, em Belém, observamos avanços importantes em participação social, justiça climática e na aprovação de indicadores para adaptação. Contudo, não foi definido um plano claro para a eliminação dos combustíveis fósseis. Enquanto isso, sentimos na pele os efeitos das mudanças climáticas: recordes de calor, tragédias com deslizamentos e acidentes aéreos e rodoviários.
Ao mesmo tempo em que explodiram as estatísticas de racismo e de violência contra as mulheres, em muitos municípios prefeitas e prefeitos recém-empossados aderiram à onda “tiktoker”, apostando em ações midiáticas como “migração forçada” e “internação compulsória” para reduzir a população em situação de rua. Políticas públicas efetivas, até agora nada.
A insana polarização seguiu firme e promete se intensificar no próximo ano, impulsionada pelo calendário eleitoral e pelo uso indiscriminado da inteligência artificial. Na ausência de inteligência e consciência coletiva e individual, quem melhor souber utilizar as ferramentas tecnológicas tende a levar vantagens — comerciais, empresariais, econômicas e, certamente, políticas.
Entre as inúmeras personalidades falecidas em 2025, talvez seja oportuno, neste momento, lembrar do Papa Francisco, que partiu deixando lições de amor, humildade e inclusão. A proposta, então, é fazer uma retrospectiva mais introspectiva: voltar-se para o próprio interior e responder à pergunta de John Lennon que certamente ouviremos na voz da Simone — Então é Natal, e o que você fez?
Desejo o que diz outro trecho daquela canção – Que seus atos e escolhas possibilitem um Feliz Natal para negros e brancos, para amarelos e vermelhos. Vamos parar toda a luta. Feliz Ano Novo, sem nenhum medo.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista

