André Luiz da Silva *
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Hoje é o último dia da décima edição da Mostra dos Escritores de Ribeirão Preto e Região, evento de relevante valor cultural realizado no Centro Cultural Palace (CCP). Com programação diversificada e inclusiva, a Mostra contempla exposições literárias, lançamentos de livros, sessões de autógrafos e rodas de debates sobre temas atuais, como a inteligência artificial e suas implicações. Também homenageia a memória do rádio, veículo resiliente que moldou o imaginário popular brasileiro.
Integrando o Calendário Oficial de Eventos da cidade, o evento é promovido pela Ordem dos Jornalistas da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, com apoio da Prefeitura, por meio do CCP, e parceria de entidades culturais locais, como: Academia Brasileira Rotária de Letras – Distrito 4.540, Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, Academia Ribeirão-Pretana de Letras, Academia Ribeirãopretana de Educação, Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, Espaço Miguel Ângelo, Grupo Amigos da Fotografia, Grupo de Médicos Escritores e Amigos, Incubadora Cultural, Sarau Odilon, União Brasileira de Trovadores – Seção Ribeirão Preto e União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto.
Recordo-me de uma reflexão que me acometeu nos momentos que antecederam à abertura: seria eu um Sancho Pança contemporâneo, escudeiro de nosso presidente José Carlos Barbosa? Embora o contexto seja outro, o princípio se mantém: com coragem, dignidade, persistência e as pessoas certas, cremos ser possível transformar o mundo — este mundo ao qual todos pertencemos.
Ao contrário de Dom Quixote, não caminhamos sós. A abertura contou com a presença de companheiros notáveis: Eliane Ratier, Helena Agostinho, Maria Helena Ramos de Oliveira, Rita Cruz e Elias Antônio Neto, além de escritores sensíveis como Luis Moreira, Tereza Cristina Junqueira de Carvalho, Osmar Barra e Carolina Funayama. Na noite mais fria do ano, Alciony Menegaz aqueceu o público com sua voz e presença acolhedora.
Embora desejemos que cultura e educação alcancem a todos, reconhecemos que apenas alguns vivenciam momentos de tamanha densidade afetiva e simbólica, como a roda de conversa com os apaixonados pelo rádio — os “Loucos Por Rádio”: Paulo Prado, Gil Santiago, José Geraldo (Gera), Demétrio Pedro Bom e Antônio Edson. Ou a vivacidade de Nelson Jacinto que, inspirado por Dumara Piacentini, transforma suas poesias em canções com ajuda da inteligência artificial — união entre tradição e inovação.
E, falando nela, quem, após ouvir as lúcidas reflexões de Conceição Lima, ainda teme essa ferramenta? Quem não se encanta com o conto de Heloisa Martins Alves, na leitura sensível e análise de Nely Cirino de Melo? Que honra celebrar os 25 anos da União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto em mais uma inesquecível sessão de autógrafos!
A Ordem, antes reduto dos “velhos jornalistas”, se renova ao acolher jovens universitários como Joyce Pezzato, Gabriel Sertório e Ana Luiza Massoneti — promissores comunicadores que, com domínio das mídias digitais e entusiasmo, conectarão a instituição ao mundo contemporâneo.
Não empunhamos espadas nem temos couraças ou armas. Nossas ferramentas são singelas, mas potentes: papel, caneta — ou computadores e celulares —, esperança e o desejo de contribuir para um mundo mais justo, culto e sensível. Encontros como esta Mostra, que entrelaçam gerações de sonhadores e realizadores, revigoram os ânimos, fortalecem propósitos e renovam a luta cotidiana contra a ignorância, a mentira, a violência, a mediocridade e tudo o que ameaça o pleno florescimento do espírito humano.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista