Por Lúcio Mendes
No próximo dia 10 de maio, o programa Larga Brasa completa 59 anos de atividades ininterruptas, consolidando-se como um dos programas mais tradicionais de comunicação regional no Brasil. Sua trajetória começou em 1966, nos estúdios da antiga Rádio 79, localizados à Rua Duque de Caxias, nº 795, em Ribeirão Preto. Desde os primeiros minutos no ar, o programa apresentou uma linha editorial firme, crítica e voltada aos interesses da sociedade, conquistando rapidamente um público fiel.
O nome “Larga Brasa” tem uma origem curiosa. Em meio a debates políticos da época sobre a criação do então MDB — Movimento Democrático Brasileiro —, era comum o uso da expressão “manda brasa” entre os opositores do regime militar. O criador do programa, o jornalista Antônio Carlos Morandini, inspirado nesse contexto político, decidiu adotar a versão “Larga Brasa”, que transmitia com clareza a proposta do programa: dizer o que precisava ser dito, sem rodeios. O nome foi devidamente registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Um dos marcos que consolidaram o Larga Brasa no cenário jornalístico foi o furo de reportagem sobre a morte do ex-presidente da República, Humberto de Alencar Castelo Branco, em 1967. A informação foi confirmada por meio de uma gravação realizada na casa do radioamador Zorzenon, em Ribeirão Preto, antes mesmo da grande imprensa nacional.
Formador de talentos – Ao longo dos anos, o programa revelou e formou inúmeros profissionais da comunicação, muitos deles com carreiras destacadas no jornalismo estadual e nacional. Entre os nomes que passaram pelo microfone ou pelos bastidores do Larga Brasa estão Wilson Toni, Luiz Cláudio Alba, Marcos Stefaneli, Heraldo Pereira, Antônio Calixto, Carlos Massom, Ivone de Carvalho, Flavinha Tostes, Juliana Malaguti e tantos outros que contribuíram com talento e dedicação. Técnicos como José Ribeiro e Bruno também foram fundamentais para garantir a qualidade técnica das transmissões.
Uma figura emblemática do programa foi Francisco Oswaldo Passarelli, ex-policial rodoviário e colaborador assíduo. Por anos, ele trouxe informações relevantes sobre as rodovias paulistas, além de momentos bem-humorados que conquistaram os ouvintes. Seu talento natural para a comunicação fez dele um dos quadros mais queridos do Larga Brasa.
Antônio Carlos Morandini, idealizador e apresentador, é o responsável por manter o programa no ar por quase seis décadas. Durante muitos anos, o jornalista viajava de Batatais para Ribeirão Preto diariamente — muitas vezes saindo durante a madrugada, por volta das 4h30, e retornando apenas à noite. Em outras épocas, chegou a residir temporariamente na cidade para facilitar a rotina exaustiva. Paralelamente à condução do programa, Morandini também se destaca como colunista diário do jornal Tribuna Ribeirão, onde assina uma das colunas mais lidas do impresso.
O programa na TV – O Larga Brasa também fez história na televisão. Em diferentes fases, foi exibido na TV Record Interior, na TV Mais e no Canal 20, sempre mantendo excelente audiência e levando aos telespectadores o mesmo conteúdo de opinião firme, denúncia e prestação de serviço que o caracterizou no rádio. No Canal 20, inclusive, alcançou recordes de audiência para a emissora.
Outro marco importante na trajetória do Larga Brasa foi a cobertura de casos de grande repercussão local e nacional. O programa foi o primeiro da imprensa regional a divulgar o ataque na empresa de transporte de valores Prosegur e a Operação Sevandija, que revelou um esquema de corrupção envolvendo agentes públicos, empresários e servidores municipais. O programa sempre esteve atento aos temas que impactam a população, antecipando pautas e cobrando soluções.
Sua abrangência também ultrapassou as fronteiras nacionais. Em ocasiões especiais, o Larga Brasa foi transmitido de países como Itália, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Rússia, Grécia, Egito, Chile, Austrália e Qatar. Essas edições internacionais trouxeram ao público uma perspectiva global dos acontecimentos, algo inédito para um programa regional.
Em fevereiro de 2018, o Larga Brasa foi o primeiro a ser transmitido na nova sede da Fábrica, em Ribeirão Preto, marcando a inauguração da multiplataforma do Grupo Thathi de Comunicação. Mais uma vez, o programa se posicionou na vanguarda, incorporando recursos audiovisuais e formatos digitais sem perder sua essência.
Com dezenas de prêmios acumulados, milhares de horas no ar, incontáveis histórias e uma audiência fiel que atravessa gerações, o Larga Brasa chega aos 59 anos como um exemplo de longevidade, credibilidade e resistência na mídia brasileira. Muitas destas histórias registradas diariamente nas páginas deste Tribuna.