Tribuna Ribeirão
Justiça

Toffoli desiste de dados de 600 mil pessoas

FÁBIO POZZEBOM/ AG.BR.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mi­nistro Dias Toffoli, decidiu voltar atrás e anulou nesta se­gunda-feira, 18 de novembro, uma decisão dele mesmo que havia determinado que o Ban­co Central lhe encaminhasse cópias de todos os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) produzidos nos últi­mos três anos pelo Conselho de Controle de Atividades Fi­nanceiras (Coaf), rebatizado como Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

A decisão, agora tornada sem efeito, foi duramente criticada por membros do Ministério Pú­blico Federal e congressistas, que reforçaram as articulações em torno de uma CPI da Lava Toga, que mira ministros de tribunais superiores. Em resposta à de­cisão de Toffoli, o Banco Cen­tral havia autorizado o acesso do ministro às informações, comunicando a existência de 19.441 relatórios com dados de quase 600 mil pessoas (412.484 pessoas físicas e 186.173 pes­soas jurídicas), incluindo au­toridades com prerrogativa de foro privilegiado.

“Diante das informações sa­tisfatoriamente prestadas pela UIF, em atendimento ao pedido dessa Corte, em 15/11/19, tor­no sem efeito a decisão na parte em que foram solicitadas, em 25/10/19 cópia dos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), expedidos nos últimos 3 (três) anos. Ressalto que esta Corte não realizou o cadastro necessá­rio e jamais acessou os relatórios de inteligência”, escreveu o pre­sidente do STF.

A decisão foi divulgada após Toffoli se reunir no STF com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o pro­curador-geral da República, Au­gusto Aras, e o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça. Toffoli tam­bém havia determinado que a Receita Federal enviasse todas as Representações Fiscais para Fins Penais (RFFP) elaboradas no mesmo período. Essa parte da decisão do presidente segue em vigor no momento, mas se­gundo a reportagem apurou, o ministro também deve anular esse outro ponto.

Por determinação de Toffoli, a Receita Federal encaminhou à Corte dados fiscais sigilosos e provas obtidas em investigações contra mais de 6 mil contribuin­tes, nos últimos três anos. Uma ala do Supremo avalia que os abusos e excessos cometidos por agentes públicos estão na Recei­ta, e não no Coaf.

Voto
O presidente do Supremo está costurando um voto que imponha limites ao comparti­lhamento de informações sigi­losas pela Receita Federal e pelo antigo Coaf, mas sem compro­meter o combate à corrupção no País. O tema será discuti­do pelo plenário do STF nesta quarta-feira (20).

A discussão, que deve mais uma vez dividir o plenário do Supremo, interessa ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Relator do processo que dis­cute o repasse de informações sigilosas por órgãos de contro­le e inteligência, Toffoli deter­minou em julho a suspensão de diversos procedimentos de investigação apoiados em dados fiscais e bancários com­partilhados sem o aval prévio da justiça. Só no Ministério Público Federal (MPF), o saldo de casos parados chegou a 935.

Uma das preocupações den­tro do governo é a de preservar a atuação do Coaf e da Receita. Para tratar do tema, Toffoli se reuniu nesta segunda-feira com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o pro­curador-geral da República, Au­gusto Aras, e o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça. “Nós estamos tentando buscar uma solução que atenda a todos em relação ao que vai ser votado na quarta­-feira”, disse Campos Neto.

O presidente do Supremo, por sua vez, está buscando uma saída que não prejudique o com­bate à corrupção, mas que ao mesmo tempo garanta a prote­ção de dados sigilos de cidadãos. Toffoli está levando em conta as ponderações do grupo de traba­lho da Organização dos Estados para a Cooperação e Desenvol­vimento Econômico (OCDE), que demonstrou preocupação com a liminar do ministro con­cedida em julho.

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