Por Hugo Luque
Praticar um esporte faz bem à saúde. É um conhecimento comum. O que nem todo mundo sabe, porém, é que movimentar o corpo também pode ter grande impacto no ambiente profissional. Mesmo dentro de um escritório, é possível tirar proveito dos benefícios, sobretudo, da corrida.
Empresário e fundador da clínica e do Instituto AOD, Mario Rossi é apaixonado por esportes. Praticante de jiu-jítsu e da corrida de montanha, ele destaca que se movimentar deixou de ser uma atividade para se transformar em filosofia de vida. Rossi acredita na troca entre esporte e trabalho. Para o escritório, ele diz levar a certeza de que é capaz e combate a autossabotagem. Das mesas de reunião para as ruas onde corre, carrega na bagagem a clareza para solucionar problemas em um momento de silêncio e reflexão.
“Mais do que saúde física, a corrida traz clareza mental, disciplina, autoconfiança e capacidade de enfrentar desafios. Para o empresário, isso é ainda mais evidente: empreender é lidar com incertezas, altos e baixos e momentos de solidão. A corrida ensina a persistir, a lidar com desconforto e a buscar superação constante.”
Apaixonado pelo movimento desde sempre, Rossi é faixa preta de jiu-jítsu desde os 26 anos. Hoje aos 39, carrega uma vasta experiência no esporte. Competidor nato, teve sua disciplina e seu caráter moldados pela prática, e já disputou o Ultra-Trail du Mont-Blanc (UTMB) Brasil – considerado a “Copa do Mundo” da corrida de montanha –, em Paraty (RJ), além de trajetos de 21 km na Patagônia, com mais de 2 mil metros de elevação, e 36 km na Serra da Canastra.
No último fim de semana, Mario Rossi fez parte do First Experience, um desafio voltado a empresários que propôs que os participantes percorressem uma trilha de 11 km entre o bairro Olhos D’Água até a Fazenda Santa Maria. Mas, como em tudo na vida, houve um começo – e uma forte influência – para ele. “Sempre gostei de correr como parte da preparação física, fazendo 5 km ou 7 km no asfalto, algumas vezes por semana. Mas a grande virada aconteceu por influência da Lídia, minha esposa, que sempre amou correr. Ela me chamou para participar de uma corrida de montanha, e de início eu disse que não conseguiria. (…) Mas como sempre falo em minhas palestras sobre a lei da mudança: a importância de sair da zona de conforto, desaprender, aprender e se desafiar.”
Atleta, empresário e… pai
Para incentivar os empresários a evoluir por meio da atividade física, Mario Rossi trouxe um ultramaratonista para o evento. Engenheiro civil com atuação no ramo de “real estate” e cofundador de importantes empresas do ramo na capital paulista, Marcus Grigoletto veio para o interior para superar mais um desafio. No entanto, como ele mesmo ressalta, o principal deles vem de dentro de casa e exige muito jogo de cintura para saber administrar todas as responsabilidades.
“Tenho três filhos e minha esposa está grávida do quarto. Ufa!”, brinca. “Não é fácil mesmo, mas a única coisa que posso garantir é que, sim, é possível. Disciplina é a chave, tanto para os negócios quanto para corrida”, destaca Grigoletto, que revela acordar antes das 5h todos os dias para dar conta dos treinos, poder levar as crianças à escola e estar no escritório ainda pela manhã. “Nos finais de semana, me organizo para fazer treinos noturnos para não afetar minha rotina de família. É realmente um desafio, mas aprendi que não existe equilíbrio sem organização”, acrescenta.
Assim como Rossi, o engenheiro revela que começou no esporte também muito cedo. Apaixonado pelas modalidades individuais, se desenvolveu na natação até parar por conta dos estudos. Depois, foi a vez da corrida. Inicialmente, as distâncias eram curtas, mas com o autoconhecimento, os desafios passaram a ser cada vez maiores. “A cada desafio concluído, já planejo um próximo ainda mais desafiador. Isso que me faz sentir vivo. (…) A corrida me ensinou muito sobre resiliência: a arte de viver no desconforto. Paciência: entender que momentos bons e ruins sempre irão existir e que vai passar. Visão de longo prazo: temos de ter um sonho grande e dar pequenos passos por dia para nos aproximarmos do destino final.”
Entre as maiores conquistas, Grigoletto destaca a família que construiu e a primeira ultramaratona concluída, na Patagônia, quando percorreu 120 km. Em Ribeirão Preto, a distância foi menor, mas o sentimento também foi positivo. Agora, ele planeja voltar à cidade para disputar uma das provas de rua mais tradicionais do interior paulista. “Foi uma experiência incrível. Ribeirão tem uma energia contagiante, tanto pela cidade quanto pelo grupo que tive oportunidade de conhecer neste último final de semana. (…) Pretendo voltar e a Meia Maratona Internacional de Ribeirão Preto certamente é uma prova que deixa curioso para participar”, comenta.
Planejamento e crescimento
Marcus Grigoletto afirma que a corrida é para todos, mas pode beneficiar ainda mais quem toma grandes decisões. Uma enorme tomada por ele foi participar das finais do UTMB, que atravessa França, Itália e Suiça, começou na última sexta-feira e vai até este domingo. Antes de entrar nas trilhas dos Alpes, ele destacou o longo planejamento. “Correr em Chamonix é um sonho que planejo há mais de dois anos e, ao mesmo tempo, um enorme desafio por conta da altimetria acumulada da prova. Já tive algumas experiências em montanhas no Brasil e na Espanha, mas os Alpes têm uma imponência única. De verdade, me preparei tanto para esse momento que estou tranquilo e pronto para enfrentar tanto a altimetria quanto o clima, que são extremos.”
Dados de 2023 da norte-americana Velotric Bike mostram que quem se exercita de manhã tem 129% mais probabilidade de se sentir produtivo no dia. Já pesquisas da Universidade de Michigan também reforçam que a atividade física reduz ansiedade e depressão, e aumenta níveis de felicidade e bem-estar, fatores que impactam diretamente no desempenho e nas tomadas de decisão no ambiente corporativo.
Mario Rossi observa um crescimento no rendimento por parte dos colaboradores com quem trabalha motivado, acima de tudo, pelo autocuidado. “Nós incentivamos nossa equipe a praticar esportes, fazer academia, correr e até meditar. Eu realmente acredito que não existe profissional de alta performance sem cuidar do corpo e da mente”, enfatiza o empresário, que dá uma dica para quem deseja iniciar, mas não sente motivação. “Só vai. Faça um compromisso consigo mesmo e assuma esse compromisso. No começo é difícil, mas a disciplina transforma o impossível em hábito.”
Assim como Grigoletto, Rossi faz questão de acordar antes do sol nascer. Ele concilia a vida profissional com a leitura e a prática de bicicleta, jiu-jítsu, corrida e academia. Essa rotina intensa é, segundo ele, a mudança necessária para superar as longas distâncias nas trilhas e os grandes desafios no escritório. “A corrida de montanha me ensinou que a vida é feita de altos e baixos, assim como o empreendedorismo. Em um dia você está bem, no outro surge um problema inesperado. O esporte me lembra que não posso parar. Preciso ter disciplina, resiliência e inteligência emocional para seguir em frente”, conclui.

