Tribuna Ribeirão
Polícia

Acordo livra Longo de ocultação de cadáver

ALFREDO RISK

Um acordo assinado com a Justiça da Espanha livrou Gui­lherme Raymo Longo, de 32 anos, acusado de assassinar o enteado Joaquim Ponte Mar­ques em novembro de 2013, de responder pelo crime de ocul­tação de cadáver, que tem pena prevista de um a três anos de reclusão. Em compensação, res­ponderá por falsidade ideológi­ca, que poder render ao técnico em informática de um a cinco anos de cadeia.

Neste processo, Longo será julgado na capital do Estado, como determina a legislação. O acordo foi fechado para possibi­litar a transferência do padras­to de Joaquim para o Brasil. A legislação penal espanhola não considera crime a ocultação de cadáver e isso poderia dificultar a extradição. O acusado teria de permanecer na Espanha e, se condenado, obrigado a cum­prir a pena por ter entrado no país com documentos falsos. Somente depois deste trâmite ele responderia, no Brasil, pela morte do enteado.

O promotor Marcus Túlio Nicolino não foi informado previamente e não participou do acordo. Por causa da falsi­dade ideólogica, o número de testemunhas de defesa e acu­sação caiu para dez (cinco de cada lado). O Ministério Pú­blico Estadual (MPE) e o ad­vogado Antônio Carlos de Oli­veira., que defende Longo, vão recorrer para que mais pessoas sejam interrogadas.

Guilherme Longo foi preso em 27 de abril de 2017, no cen­tro de Barcelona, na Catalunha, pelas polícias Federal (PF) e Internacional (Interpol), e hoje está em Tremembé. É acusado pelo MPE de matar o enteado de três anos com uma dose elevada de insulina. A criança tinha dia­betes e necessitava diariamente da substância para regular o ní­vel de açúcar no sangue. Mas a aplicação de quantidade excessi­va o teria levado à morte.

O padrasto sentará no ban­co dos réus para responder por homicídio triplamente quali­ficado – motivo fútil ou torpe, meio cruel e sem oferecer chan­ce de defesa à vítima – falsidade ideológica. Ele á suspeito de ter jogado o corpo do menino no córrego Tanquinho, no Jardim Independência, Zona Norte de Ribeirão Preto. O cadáver foi encontrado em 5 de novembro de 2013, cinco dias depois do desaparecimento, boiando no Rio Pardo, em Barretos, a cerca de 100 quilômetros de distância.

O MPE também acusa a mãe de Joaquim, a pscóloga Na­tália Mingoni Ponte, de 33 anos, de ser omissa em relação ao fi­lho, uma vez que tinha conhe­cimento de que o companheiro era usuário de drogas e tinha comportamento violento. Ela também responde por homi­cídio doloso. Neste mês, a juíza Izabel Cristina Alonso Bezerra Zara, da 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribei­rão Preto, emitiu parecer favo­rável à realização do júri popular de Guilherme Longo fora do Es­tado de São Paulo.

Consultada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/ SP), a magistrada colocou em dúvida a isenção dos jurados mediante o que considera ex­tremo clamor público no caso e defendeu o desaforamento. Para o promotor Marcus Tú­lio Nicolino, por outro lado, não há provas concretas da segurança ou imparcialidade do júri de Guilherme Longo em Ribeirão Preto. Ele diz que vai aguardar a decisão do Tri­bunal de Justiça.

A transferência do júri popular partiu do advogado Antônio Carlos de Oliveira, que atua na defesa do técnico em informática – o pedido de desaforamento ainda deve ser analisado pelo TJ/SP. Nathan Castelo Branco, advogado da mãe de Joaquim, também vai aguardar a decisão do Tribu­nal de Justiça para, depois, analisar de também vai pedir para que sua cliente seja jul­gada em outro Estado. Antes, vai tentar derrubar a denúncia de homicídio doloso que pesa contra ela.

Neste ano, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Fe­deral (STF), manteve a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que leva a júri popular a mãe do menino Joaquim Ponte Marques, assassinado há qua­se seis anos em Ribeirão Preto. Castelo Branco já ressaltou que a decisão foi de apenas um mi­nistro do STF e que, por isso, vai recorrer a uma das duas turmas da Corte Suprema,.

Em junho deste ano, a juíza Izabel Cristina Alonso Bezerra Zara desmembrou a ação penal contra o padrasto e a mãe do menino. Longo e Natália Ponte serão julgados separadamente. A decisão atende a um pedido feito pela defesa do padrasto. A previsão é que o técnico em informática e a psicóloga sejam levados ao tribunal do júri no ano que vem.

Longo preso em Tremem­bé. Em 15 de fevereiro, o STJ negou recurso interposto pela defesa de Natália Ponte e mu­dou a acusação contra a psicó­loga, que respondia por homi­cídio culposo e agora responde por homicídio doloso, quando existe a intenção de matar. Ela também será levada a júri po­pular. O promotor pede pena máxima para ambos.

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