Tribuna Ribeirão
Cultura

As relíquias que o corpo guarda

O espetáculo de dança con­temporânea “O corpo como re­licário” será apresentado em Ri­beirão Preto neste sábado, 2 de setembro, e no domingo (3), no Armazém Baixada, na abertura do 13º Festival de Teatro TPC (Teatro Popular de Comédia), que vai até dia 24 em vários es­paços da cidade. “O corpo como relicário” é um projeto artístico do Núcleo BPI, da Universida­de Estadual de Campinas (Uni­camp), dirigido pela professora titular do Instituto de Artes, Graziela Rodrigues. Foram sete meses de laboratório.

Este espetáculo congrega o trabalho de pesquisa da diretora e de sete bailarinos-pesquisado­res-intérpretes, todos artistas pesquisadores da pós-gradua­ção em Artes da Cena, com a participação de mais três alu­nas da graduação em dança do instituto. No elenco estão Elisa Costa, Flávio Campos, Laris­sa Turtelli, Mariana Floriano, Mariana Jorge, Nara Cálipo e Natália Alleoni. A trilha so­nora é de Fábio Evangelista. Os figurinos são das costureiras Ju­liana Di Salvi e Creusa Ferreira Quintans, com máscaras feitas pelos artesões de Pirenópolis.

A proposta da direção artís­tica, para este projeto, visou uma abordagem contemporânea de dança em que os intérpretes trazem para os seus corpos um movimento de intensidade e or­ganicidade. Constituído de sete espaços com seus respectivos personagens, os ambientes de relicários trazem uma apuração de pesquisas de campo de cada intérprete, temas de anos de es­tudo e pesquisa acadêmica, com teses defendidas de mestrado e doutorado. Foram pesquisados: benzedeiras ribeirinhas (AM), parteiras Pankararu (PE), que­bradeiras de coco babaçu (MA), baianas de escolas de samba (SP), ciganos (SP), folguedos do boi (MG, MA, MT) e a comuni­dade dos Arturos (MG).

Os temas norteiam a ceno­grafia, o figurino, composto ain­da por instrumentos musicais feitos pelos luthiers Cris Bueno e Toshiro. Entre eles, chocalho, tambor, gunga – um instru­mento usado nas Congadas pelo Brasil mineiro e máscaras da fes­ta do divino e das cavalhadas de Pirenópolis, em Góias, utiliza­dos pelos bailarinos para recep­cionar o público estes elementos vão sendo desenvolvidos ao lon­go do espetáculo.

Como pesquisa de campo para este projeto, o Núcleo BPI esteve por 11 dias em Pirenópo­lis, no mês de maio e junho deste ano, quando o grupo fez pesqui­sas in loco nestas tradições po­pulares. Junto às pesquisas de movimentos foram realizados laboratórios permanentes, com vivência real dos intérpretes du­rante as manifestações do Divi­no através das folias, dos festejos dos mascarados, das cavalhadas e, inclusive, com participação dos pesquisadores no cotidiano interno das festas, como o das cozinhas dos festejos.

Nos “espaços-relicários” os movimentos dos bailarinos apresentam a luta contra o aniquilamento de um povo; o esforço e a compaixão em tra­zer à vida a despeito da falta de tudo; o despedaçar-se num co­tidiano compensado pela trans­cendência; a fome constante e a busca pela sobrevivência; o desterramento e a manutenção dos valores no próprio corpo; o peito transpassado pelo dor que também alimenta; e o acolhi­mento daquilo que é rechaçado. São tradições tão antigas que ao mesmo apresenta uma infor­mação tão contemporânea da condição humana, que trazem à memória um povo.

O 13º Festival de Teatro TPC, com produção executiva da Origem Produções, será re­alizado na Sala Marcos Caruso, Armazém Baixada e nos teatros Municipal, Pedro II e Maris­ta. O grupo vai promover um workshop com o ator Marcos Caruso, em 1º de outubro, na sala que leva seu nome e onde aconte­cem as aulas de teatro do Grupo TPC, na rua Comandante Mar­condes Salgado nº 731, Centro.

Os ingressos para “O corpo como relicário” custam R$ 30 e R$ 15 – meia-entrada para estu­dantes e professores de escolas públicas e particulares (median­te apresentação de documento comprobatório como carteirinha da instituição, boleto de mensa­lidade ou holerite), aposentados (com documento específico) e idosos acima de 60 anos (com cédula de identidade, o RG).

As apresentações serão ás 20 horas de sábado (2) e às 19 horas de domingo (3). O Armazém Baixada fica na rua Duque de Caxias nº 141, no Centro Histó­rico de Ribeirão Preto. Há esta­cionamento no local. O espetá­culo é livre para todas as idades. Os ingressos estão à venda na sede do Grupo TPC, na rua Coman­dante Marcondes Salgado nº 731, no Centro, de segunda-feira a sá­bado, das nove às 22 horas. Mais informações do 13ª Festival no site www.teatrotpc.com.br.

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