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Bombardeio diário de fake news

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Diariamente jornais e pla­taformas de notícias confiá­veis apresentam manchetes e notícias em que o tema fake news ou notícias falsas estão em destaque. Nos segmentos político e saúde, mais precisa­mente no combate à pandemia de covid-19, essas mentiras são bombardeadas diariamente pelas redes sociais e dissemi­nadas como verdade.

“As fake news estão tão boas como um roteiro de série, mas nem Black Mirror nem Arquivo X”, diz o médico Feli­pe Magalhães, especialista em clínica médica e coordenador de conteúdo da plataforma de streaming para estudantes de medicina – o Jaleko.

Magalhães apresenta uma apuração de 2020, que mostra que pelo menos 79 denúncias foram feitas contra médicos e enfermeiros que foram acusa­dos de disseminar fake news em plena crise sanitária. Deste total, 40 casos foram abertos para sindicâncias.

O médico que faz um pro­grama no YouTube busca des­mistificar alguns pontos da medicina. “Quando vi o tanto de informações equivocadas que estão à solta na internet, mesmo antes da covid-19, percebi a importância desse novo passo para os estudan­tes de medicina, profissionais da saúde e sociedade. Os as­suntos serão os mais diversos como: infarto em jovem mata mais, vitamina C para gripe, hipotiroidismo gera obesi­dade, entre outros”, explica Magalhães que listou alguns temas (ver nesta página).

Combate a fake news é tema de 50 propostas na Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados tem 50 propostas que buscam combater, limitar a dissemi­nação ou mesmo criminalizar notícias falsas (fake news). A mais antiga delas é de 2005. Já em 2020 foram apresentados 21 projetos com o tema.

Um dos últimos é o Projeto de Lei 2927/20, que cria nor­mas para desestimular o abuso e a manipulação de redes so­ciais ou serviços de mensagem privada via internet (como whatsapp e instagram) com potencial de causar danos in­dividuais ou coletivos. A pro­posta cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência Digital e é válida para provedores com, pelo menos, 2 milhões de usuários registrados.

A proposta, dos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Feli­pe Rigoni (PSB-ES), é idêntica a outra (PL 2630/20), do senador Alessandro Vieira (Cidadania­-SE), que foi aprovada pelo Se­nado e tramita na Câmara.

O projeto proíbe o uso de contas inautênticas (perfis falsos) e de robôs e redes de robôs (bots ou botnets, em inglês) para simular ações hu­manas na internet. As medidas devem, entretanto, respeitar a utilização lícita de apelidos pelos usuários e de algoritmos (bots) cuja atividade seja legí­tima e tenha sido comunicada previamente ao provedor da aplicação (como sites, blogs e redes sociais).

Um bot é uma conta virtual automatizada, geralmente em mídia social, executada por um algoritmo e não por uma pessoa real. O objetivo desse tipo de conta é “inflar” a popularidade de um assunto. As três princi­pais características de um bot são anonimato, grandes níveis de atividade e foco em usu­ários ou em tópicos específi­cos. Botnets são redes de bots comandadas por uma mesma pessoa ou grupo. Também existem bots legítimos, como robôs que varrem a internet indexando sites para serviços de busca, como o Google.

O projeto ainda não entrou na pauta de votação.

Algumas fake news da pandemia:
– Vírus criado em laboratório
Em algum lugar um virologista levantou essa questão, e apesar do governo Chinês negar e as eviden­cias científicas mostrarem que não é o caso, as pessoas insistem em compartilhar. Esse contexto leva parte da população a não querer se vacinar com a CoronaVac, produzi­da pela chinesa Sinovac.

– Mascaras oferecem riscos à saúde
Asfixia por retenção de gás car­bônico. Essa é uma das fake news mais perigosas também. Não é real, claro, pois as máscaras são porosas, deixando espaço para que a pessoa consiga respirar, mas evitando as gotículas de saliva externas. Existem diversos atletas mostrando como é possível fazer esportes com elas, além, é claro, dos próprios médicos que realizam cirurgias que as vezes passam de 8 horas sem tirar as máscaras.

– Cloroquina: uma briga eterna no país.
A hidroxicloroquina é um medica­mento contra malária e, por vezes, é ministrado em pacientes com algumas doenças autoimunes. Porém, até a Organização Mundial de Saúde, e agora até o Ministério da Saúde do Brasil, já atestaram a ineficácia, portanto, não é recomen­dada como tratamento precoce e a pessoa só está ingerindo medica­ção sem resolver o problema.

– DNA humano e microship
Por favor, nós não estamos em um capítulo de BlackMirror nem Arqui­vo X. Portanto, vacina boa é vacina no braço. Nosso DNA é alterado por um monte de coisas o tempo todo, e nosso corpo inclusive possui mecanismo de correção. Agora, microship com bluetooth que tem todas as nossas informações e passa para grandes empresas cha­ma-se celular, e não vacina.

– O novo coronavírus não resiste ao calor
O problema é que até uns 50 ou 60 graus célsius ele resiste bem, então não é um solzinho de 30 ou 40 graus que vai matar, portanto, não adianta aglomerar na praia. E lembre-se que mesmo no sol a nos­sa temperatura interna se mantém relativamente estável, ou seja, em média entre 36º e 37º.

Fonte: Felipe Magalhães – clínico geral e diretor científico do Jaleko.

USP oferta curso para ajudar idosos a identificar fake news
A Universidade de São Paulo (USP) vai ofertar um curso online e gratuito para ajudar idosos a identificar fake news. A iniciativa quer mostrar a importância da averiguação de mensagens e informações. A capacitação será de responsa­bilidade do Instituto de Ciên­cias Matemáticas e de Compu­tação (ICMC) e vai apresentar atitudes e práticas que podem contribuir para diminuir a dis­seminação de notícias falsas em aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsA­pp e outras redes sociais.

As aulas vão ocorrer em uma plataforma online entre 2 de agosto e 3 de setembro, sempre às terças e quintas-feiras, das 15h às 17h. O público-alvo da iniciativa são idosos que tem 60 anos ou mais, já possuem smar­tphone e tenham noções sobre o uso do aparelho, com acesso a internet. Mais informações po­dem ser obtidas pelo Sistema Apolo da USP (https://uspdigi­tal.usp.br/apolo). São apenas 30 vagas, que serão distribuí­das por ordem de chegada das inscrições.

“Fake News e como identificá-las”
“Fake News e como identificá-las” é o título de uma publicação disponível na web da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Univer­sidade de São Paulo USP, assinada por Wasim Syed, Artur Acelino, E duarda A. Moreira, Rayane G. Valez e Francisco Moro. O material foi elaborado a partir de conteúdos criados pelos Grupos de divulgação científica Vidya Academics e Pretty Much Science.

O trabalho reúne dicas sobre como se prevenir das fake News (ver algumas dicas nesta página) e explicações de por que elas estão erradas. “Procura­mos criar uma imunida­de informativa contra a epidemia de desinformação que ocorre em meio à pan­demia da covid-19”, diz a publicação.

1. Espere um momento e pense.
Não acredite imediatamente e saia compartilhando por aí.

2. Suspeite de conteúdos que te causem reações emo­cionais muito fortes.
As notícias inventadas são feitas para causar surpresas ou rejeição.

3. O conteúdo confirma uma crença sua?
Desconfie.

4. A notícia pede para você confiar, porque a “mídia” quer esconder o fato?
Desconfie.

5. Confie em especialistas da área.

6. Leia toda a matéria, não somente o título.
Muitas notícias falsas têm erros gramaticais ou de digitação. Também podem fazer afirmações absolutas sem citar fontes ou informações que se contradizem.

7. Pesquise o título no Google.
Se for verdade, é provável que outras mídias já tenham com­partilhado. Se for falso, alguns sites verificadores de dados já podem ter checado a veracida­de. Sites: Fato ou Fake, Agência Lupa, Aos fatos, Boatos, etc.

8. Descubra a fonte.
É uma corrente do whatsapp sem autoria? Cita uma fonte legítima? Pesquise o nome da mídia ou do autor no Google para ver o que mais essa pessoa fez e em qual mídia trabalha. Preste atenção se o site que publicou as notícias tem um viés fortemente ideológico.

9. Confira os dados.
Se há depoimento de uma auto­ridade, resultados de pesquisa, datas, números e índices, essas informações podem ser conferi­das no Google e provavelmente outros veículos já os tenham divulgado.

10. Verifique o contexto.
Algumas fake news divulgam informações do passado como acontecimentos atuais. Observe se o contexto faz sentido.

11. Recebeu uma foto que conta uma história?
Você pode fazer uma pesquisa “inversa” de imagens e ver se outros sites a reproduziram. Salve a foto no seu computador e faça o upload no imagens. Google.com ou no reverse.photos.

12. Recebeu um áudio ou vídeo?
Tente pesquisar o conteúdo na internet usando palavras-chave e “whatsapp” ou a plataforma que você recebeu essa mídia.

13. Desconfie de experiên­cias pessoais.
As experiências pessoais (evidências anedóticas) não têm validade científica alguma em comparação a estudos com um grande número de pessoas, porque podem ter ocorrido ao acaso ou a conclusão tirada pelo autor está errada.

14. Correlação não é causa.
Geralmente, em experiências pessoais ou até em alguns estudos, uma correlação é esta­belecida entre eventos comuns: “quanto mais eu tomo isso, menos mal eu fico”. No entanto, correlação não implica causa. Assim como o lançamento de foguetes nos EUA seguem o número de doutoramentos em ciências sociais, essas corre­lações são simplistas e insufi­cientes para implicar que quanto mais doutores em ciências sociais, mais foguetes os EUA irão lançar.

15. Denuncie a publicação ou o contato.

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