Tribuna Ribeirão
Esportes

Brasileirão de 2021 tem a menor troca de treinadores desde 2012

CESAR GRECO/PALMEIRAS

A atual edição do Brasileirão tem até o momento o menor número de trocas de técnico dos últimos dez anos, igualan­do a temporada de 2012. Fo­ram 19 alterações de comando, bem abaixo das 27 registradas na última disputa. A queda pode estar diretamente rela­cionada à regra implementa­da pela CBF para esta edição que limita a troca de treina­dores, apesar da utilização do comum acordo ter facilitado o caminho para mudanças no co­mando. Outra explicação pode ser a falta de dinheiro dos clu­bes durante a pandemia, assim como a safra ruim de ‘professo­res’ no mercado.

Segundo a nova regulamen­tação, o clube que demitir o téc­nico poderá inscrever apenas mais um treinador durante a competição. Em caso de segun­da demissão, o substituto preci­sará ter pelo menos seis meses no clube. Caso o próprio técni­co peça para deixar o comando do time, o clube em questão não sofre com limitação para trocar de comando e escolher outro profissional para o car­go. No caso dos treinadores, eles só poderão se demitir em uma oportunidade. Se pedir demissão mais uma vez, ele fica impossibilitado de treinar outra agremiação durante a disputa daquela competição.

A regra que limita o troca­-troca de técnicos também está em vigor na Série B do Campe­onato Brasileiro, que já regis­trou 23 mudanças no coman­do, menor marca desde 2016. Na última temporada, foram 30 alternâncias durante a disputa. Tanto na Série A quanto a Série B contam com 20 clubes cada.

O técnico Eduardo Barroca, que deixou o comando do Atlé­tico-GO no fim de setembro em comum acordo com a dire­toria, defendeu a implementa­ção da regra no futebol brasilei­ro, mas ressaltou a importância dos critérios de treinadores e clubes na hora de escolherem um novo trabalho. “Ela obriga o empregador a fazer um pro­cesso seletivo mais coerente para definir o seu profissional e vice-versa, mas eu também defendo a liberdade de escolha, desde que se cumpram os com­promissos. Agora no Atlético­-GO, debatemos em alto nível e conversamos realmente em comum acordo que o trabalho não deveria seguir porque não prosperaria dessa forma”.

Apesar da experiência de Barroca em Goiás, alguns clubes e técnicos têm se uti­lizado do “comum acordo” para driblar a regra e esca­par das limitações de troca impostas pela CBF. Estão se valendo de um ‘jeitinho’ bra­sileiro. O técnico Jair Ventu­ra, demitido da Chapecoense em agosto após dois meses no cargo e agora treinador do Ju­ventude, disse ser favorável à nova regra, mas destaca que apresenta falhas e brechas.

“Tive a possibilidade de sair em comum acordo da Chape­coense e não aceitei. Estamos no primeiro ano (da regra). Pode haver coisas a ajustar. Quando há a limitação da troca de téc­nico, há mais tempo para ele trabalhar e para os jogadores assimilarem suas ideias”, contou ao Estadão no início de outubro.

O presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Fu­tebol (FBTF), Zé Mário Barros, acredita que o futebol brasileiro ainda vai se adaptar à nova de­terminação. “A continuidade é muito importante no futebol. Chegamos à conclusão de que se puder evitar o ‘comum acor­do’ é muito bom, mas tem al­guns casos que abrimos mão e tentamos entender a situação de cada um. No futuro bem próxi­mo, as coisas vão se acomodar. Os dirigentes vão escolher me­lhor os treinadores, pensando nas características do time que ele tem no clube”, avalia.

Apenas cinco dos 20 ti­mes da Série A não trocaram de técnico na atual edição do Brasileirão: Atlético Mineiro (Cuca), Corinthians (Sylvinho), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira) e Red Bull Bragantino (Maurício Bar­bieri). Só Abel e Barbieri estão há mais de um ano em seus respectivos clubes. O palmei­rense completou o prazo recen­temente, com direito a festa e bolo na Academia.

América-MG, Bahia e Grê­mio foram as únicas equipes que trocaram de treinador mais de uma vez. O time de Minas Gerais começou o torneio com Lisca, mudou para Mancini e agora tem Marquinhos Santos no comando. A equipe baiana, agora comandada por Guto Ferreira, chegou a ter Dado Cavalcanti e o argentino Diego Dabove como técnicos. Já o Tri­color Gaúcho iniciou sua traje­tória na competição com Tiago Nunes, que acabou substituído por Felipão e, hoje, conta com Mancini, que estava com o América

Sem dinheiro
A temporada de portões fechados nos estádios tam­bém ajudou o dirigente a pensar com o ‘bolso’, ou pelo menos a pensar duas vezes antes de optar pela demissão. Sem o dinheiro das bilhete­rias, dos programas de só­cio-torcedor e do matchday, os clubes perderam receitas. Era possível para muitos de­les arrecadar cerca de R$ 10 milhões por mês com o tor­cedor. Sem ele, esse dinheiro sumiu – os públicos voltaram aos estádios em outubro. A maioria dos treinadores co­loca no contrato multas res­cisórias em caso de demissão unilateral. Hernán Crespo, por exemplo, deveria receber US$ 700 mil do São Paulo. Isso daria R$ 4 milhões.

Há ainda a falta de opções no mercado. Muitos treina­dores estão desgastados e não são vistos como opções pelos dirigentes. Há profissionais em formação e alguns mais veteranos nessa condição O futebol brasileiro ainda se vale de estrangeiros para o posto.

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