A restauração da Catedral Metropolitana de São Sebastião, a Igreja Matriz de Ribeirão Preto, deve terminar em agosto de 2026. As intervenções começaram em 1º de dezembro, com a execução da fase 1 das obras, dedicada ao reforço das fundações e à realização de intervenções técnicas de conservação do templo. O prazo para conclusão é de oito meses.
Nesta sexta-feira (19), a Comissão de Preservação e Restauro da Catedral Metropolitana anunciou a suspensão temporária das atividades na igreja a partir deste sábado (20) como medida técnica e preventiva, relacionada ao andamento das obras de restauro do edifício.
As missas serão celebradas no Centro Social Dom Arnaldo Ribeiro, na rua Prudente de Morais nº 431, também na região Central da cidade, assegurando a continuidade da agenda pastoral e o acolhimento da comunidade. Hoje haverá celebrações às 12 horas e aas 18h30. No domingo (21) são quatro horários: às nove, onze, 17 e 19 horas.
Em breve, será divulgada a nova agenda de atividades da Catedral, com os respectivos locais e horários. A decisão foi tomada com base em avaliações técnicas realizadas pela equipe de engenharia responsável pela obra, como parte do processo natural de restauro de um patrimônio histórico, que exige etapas rigorosas de análise, acompanhamento e segurança.
Segundo o engenheiro responsável, Robson Álvares, a paralisação já estava prevista no planejamento geral do restauro. A obra está condicionada a avaliações técnicas para adequação do cronograma. A movimentação da estrutura do prédio, observada nos últimos dias, associada ao volume de água empregado nos procedimentos técnicos e ao aumento das chuvas típicas deste período – embora esperada, superou as projeções iniciais consideradas para esta fase da obra.
Diante desse cenário, optou-se pela antecipação dessa etapa, como medida de cuidado e preservação, especialmente em um período de final de ano e celebrações natalinas, tradicionalmente marcado por maior presença de fiéis.
“Nós já considerávamos um aumento natural de uso da Catedral neste período”, diz o engenheiro.
“O que os acompanhamentos técnicos indicaram foi uma movimentação estrutural acima do previsto inicialmente para esta etapa da obra. Diante disso, optamos por antecipar a paralisação das atividades no templo, garantindo que o restauro avance com segurança, sem riscos e com o respeito que um patrimônio histórico exige”, explica Robson Alvares.
Durante esse período, as celebrações e atividades religiosas serão realocadas e inicialmente acontecerão no Centro Social Dom Arnaldo Ribeiro (Rua Prudente de Morais, 431), também localizado na região central da cidade, assegurando a continuidade da agenda pastoral e o acolhimento da comunidade.
A comissão reforça que se trata de um procedimento técnico responsável, alinhado às boas práticas de engenharia e preservação patrimonial, acompanhado de forma permanente por especialistas e pelas entidades envolvidas no processo.
De acordo com a Comissão de Preservação e Restauro da Catedral, a campanha “Salve a Catedral”, em andamento desde outubro de 2024, segue mobilizando a sociedade em prol da preservação deste patrimônio histórico e cultural de Ribeirão Preto, com compromisso permanente com a transparência das informações.
Entre outubro de 2024 e novembro de 2025, a iniciativa somou quase R$ 4 milhões em arrecadações – o equivalente a 28,5% da meta total de R$ 14 milhões necessária para a restauração completa. O pároco da igreja, padre Francisco Jaber Zanardo Moussa, o Padre Chico, e o arcebispo metropolitano Dom Moacir Silva participaram da coletiva de ontem.
Catedral Metropolitana – Inaugurada em 1870, a Catedral é considerada um dos principais marcos históricos e arquitetônicos de Ribeirão Preto. Após mais de um século de existência, o edifício apresenta sinais significativos de deterioração, com riscos estruturais que demandam atenção urgente.
A Catedral Metropolitana foi tombada provisoriamente como patrimônio histórico pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) em 2014, e no final do ano passado a Câmara a aprovou projeto da prefeitura determinando o tombamento oficial e definitivo.
A edificação teve início no século XIX, quando proprietários de terras doaram áreas para a construção de uma capela em honra ao santo padroeiro da cidade, São Sebastião. É uma construção neogótica notável por sua estrutura majestosa e pelos jardins que a circundam.
A grandiosidade do edifício é reforçada pela sua escadaria central e pelas entradas laterais. O altar central, consagrado a São Sebastião, está rodeado por outros laterais que prestam homenagem a Nossa Senhora Aparecida, São José e ao Sagrado Coração de Jesus.
Os vitrais, que foram instalados entre 1917 e 1918, são um dos destaques do interior da Catedral de São Sebastião, ilustrando a existência de vários santos católicos e trazendo luz e cor ao espaço sagrado. A porta da entrada principal foi construída em bronze e inaugurada em 18 de novembro de 1954.
Ostenta escudos que retratam a história da diocese, agora Arquidiocese de Ribeirão Preto, representando a persistência da fé e da tradição ao longo dos anos. Recentemente um grupo de empresários, entidades da cidade e população se reuniu e criou uma comissão para preservação e restauro da Catedral.
A Catedral Metropolitana apresenta muitas rachaduras em várias paredes e na fundação. A nave do templo será a última etapa de obras e a mais cara de todas, uma vez que envolve a restauração das pinturas do artista plástico Benedito Calixto (1853-1927).
A Catedral Metropolitana de São Sebastião começou a ser construída no local onde fica atualmente no início do século passado, depois a que a torre da “velha matriz”, na praça XV de Novembro, ruiu. Em 3 de março de 1904 foi novamente lançada a pedra fundamental. Em dezembro daquele ano foram concluídos os alicerces e em maio de 1905 foi celebrada uma missa campal no local.
As paredes foram levantadas entre 1905 e 1908. Em fevereiro de 1909, dom Alberto José Gonçalves tomou posse como primeiro bispo – a cerimônia aconteceu na Igreja São José. Em 21 de março de 1909 ele “benzeu as partes concluídas e a nova Igreja Matriz assumiu o papel de palco maior da vida católica na cidade”.