O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza entrou em vigor às 12 horas no horário local (seis da manhã no horário de Brasília) desta sexta-feira, 10 de outubro. As tropas do Exército israelense começaram a se reposicionar dentro de Gaza para as linhas acordadas no acordo de trégua após aprovação do cessar-fogo pelo gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu durante a madrugada.
Milhares de pessoas que haviam se reunido em Wadi Gaza, no centro do território palestino, pela manhã, começaram a caminhar para o norte após o anúncio do Exército. Antes disso, palestinos relataram intenso bombardeio em partes de Gaza.
A aprovação do plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo gabinete israelense marca um passo importante para o fim de uma guerra devastadora de dois anos que desestabilizou o Oriente Médio. Um breve comunicado do gabinete de Netanyahu, na madrugada desta sexta-feira, informou que a coalizão aprovou o “esboço” de um acordo para libertar os reféns, sem mencionar outros aspectos do plano que são mais controversos.
Um oficial de segurança israelense que conversou com a Associated Press (AP) apontou que o Exército de Israel deve controlar cerca de 50% da Faixa de Gaza, segundo as linhas acordadas no cessar-fogo. O líder do gabinete político do Hamas, Khalil al-Hayya, disse que Israel irá liberar cerca de dois mil prisioneiros palestinos e irá permitir a travessia de fronteira entre Gaza e Egito para que um grande fluxo de ajuda humanitária possa entrar na Faixa de Gaza.
O membro do grupo terrorista afirmou que todas as mulheres e crianças detidas em prisões israelenses também serão libertadas. Ele não ofereceu detalhes sobre a extensão da retirada israelense de Gaza. Al-Hayya apontou que o governo Trump e os mediadores do Egito, Catar e Turquia deram garantias de que a guerra na Faixa de Gaza acabou.
“Declaramos hoje que chegamos a um acordo para acabar com a guerra e a agressão contra nosso povo”, disse Al-Hayya em um discurso televisionado na noite de quinta-feira (9). Para ajudar a apoiar e monitorar o acordo de cessar-fogo, oficiais dos EUA disseram que enviariam cerca de 200 tropas para Israel como parte de uma equipe internacional mais ampla.
Os funcionários falaram sob condição de anonimato para discutir detalhes não autorizados para liberação. Israel deve receber de volta todos os reféns que seguem na Faixa de Gaza. Segundo o Exército, dos 48 sequestrados, 20 estão vivos e 28 morreram. Esse era o ponto mais urgente do plano para os israelenses e americanos.
Este acordo inicial entre o Hamas e Israel aborda apenas alguns dos 20 pontos de um plano proposto por Trump no mês passado, e algumas das questões mais difíceis parecem ter sido deixadas para uma fase futura das negociações. Entre elas, quem governaria a Faixa de Gaza do pós-guerra e se, em que medida e como o Hamas deporia suas armas.
Trump reiterou em uma reunião na quinta-feira que o desarmamento fará parte da segunda fase do acordo sobre Gaza. “Não vou falar sobre isso porque vocês mais ou menos sabem o que é a fase dois. Mas… haverá desarmamento”, disse Trump a repórteres. O presidente acrescentou que também haverá retiradas das forças israelenses.
Segundo al-Hayya, o acordo também prevê a troca de prisioneiros, “com a libertação de 250 condenados à prisão perpétua e de 1.700 detidos da Faixa de Gaza que foram presos após o Sete de Outubro”, além da libertação de todas as crianças e mulheres. Trump afirmou que reféns mantidos pelo Hamas devem ser libertados na segunda (13) ou terça-feira (14) e acrescentou que pretende viajar a Gaza e Israel no domingo (12).

