Tribuna Ribeirão
Artigos

Da Paz e da Guerra: A Guarda Desarmada 

Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com

A questão da paz e da guerra está na preocupação atual e diária do mundo, com a percepção atroz de que a paz está excluída da gramática política, especialmente da europeia. É o que nos repete os entrevistados dos “Estudos de Imparcialidade” comandados pelo professor suíço, sediado na Universidade de Kyoto no Japão.

A narrativa de hostilidade à Federação Russa é um sentimento tão feroz, quanto gratuito, acentuado pela atitude do imperador Donald Trump, que de parceiros dos europeus e inimigo da Rússia, de repente, coloca à Europa na casa da irrelevância ignorando-a, desde o inicio, da proposta de paz na Ucrânia. Aliás, ela foi vista com natural desconfiança, porque parceiro num dia, propagador da guerra, simplesmente vira a moeda para o anverso dela, e alça o voo único da presunção, da soberba, da arrogância, querendo impor a paz falando como o inimigo de ontem, que era tratado como vassalo, vassalo continuaria.

O mundo, agora multipolar, assiste verdadeira reversão de valores jamais imaginada. Chefes ou ex-Chefes de Estados vinculados a processos criminais, e neles condenados até, assumem governos e desacreditam  as regras da justiça local como as regras da convivência política e comercial do mundo.

O Brasil não está fora dessa disseminação medíocre. Ela quer se  mostrar  como virtude nova. E ele está  perfeitamente enquadrado por essa sombra de ameaça do terrível.

O exemplo dessa realidade está nessa gritaria para anistiar os bandidos de 8 janeiro, que supostamente vestidos pelo véu da inocência, destruíram e também pintaram e bordaram nos prédios e nos recintos das sedes dos três Poderes da República. E não só isso, já que o caminhão, esteve estacionado próximo ao Aeroporto de Brasília, preparado para explodir. Ainda, a invasão anterior do prédio da Policia Federal. E inclusive a articulação para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Morais, ação iniciada, mas suspensa por imprevisto que tirou o Ministro da mira covarde e homicida.

Esse tóxico homicida está inoculado na atuação atual dessa barbárie, que sobressaltou o país durante quatro anos de desordem calculada e com o cultor da morte, hoje inelegível, aguardando no exterior o resultado do que preparou, tal quando capitão expulso do Exército.

Esses braços, essas pernas, essas cabeças que servem só para separar as orelhas, arrancadas do submundo da estupidez, estão no Congresso nacional, roubando o povo através das emendas parlamentares, usando palavrões nas tribunas, sem a ética do decoro parlamentar. E agora não surpreenderam com a defesa do projeto de lei absolutamente inusitado, que tem clara característica de preparação de assassinato, para não deixar esse vazio maluco na história política do país.

O projeto dispõe que a guarda, segurança do Presidente da República e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), seja proibida de usar armas.

Não existe país no mundo, não existe fundamento de segurança necessária de autoridades, que possa servir de base a essa estupidez escrita, defendida e proclamada, com toda desfaçatez.

Não é possível que nosso Parlamento tenha membros que queiram fazer nele um espaço pequeno dele seu verdadeiro covil.

É verdade, o Brasil já anistiou muitas vezes, jamais quem cometeu crimes militares com a intensidade jamais vista.

Os militares golpistas de hoje são filhos da generosidade de uma anistia, que fez com que torturadores fossem chefiar as máfias das drogas, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, que fizeram do Rio de Janeiro o exportador nacional das milícias e das drogas.

O problema da paz e da guerra está plantado no espaço de cada cidadão ou cidadã nacional e de cada cidadã ou cidadã do mundo. Espera-se que surja uma consciência forte e militante para definir essa questão e que o país possa traçar um projeto de seu desenvolvimento e soberania.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

Postagens relacionadas

Antonia da gente, de todos e do mundo

Redação 1

Emoção (4): suas três dimensões

William Teodoro

Neurociência da vida cotidiana (20): Obesidade 

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com