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Elizabete é indiciada pela morte de filha

Delegado concluiu inquérito e encaminhou para o Fórum de Pontal indicando que idosa foi a única responsável pelo envenenamento de Nathalia

Elizabete, acusada de mater a nora Larissa, vai responder também pela morte da filha Nathalia, ambas por envenenamento (Foto: Redes Sociais)

Por: Adalberto Luque

O delegado da Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC), Fernando Bravo, concluiu, na tarde desta terça-feira, 14 de outubro, o inquérito que apura a morte de Nathália Garnica, de 42 anos. Ela foi morta por envenenamento e o delegado indiciou a mãe da vítima, Elizabete Eugênio Arrabaça Garnica, de 68 anos.

Elizabete já responde pela morte de sua nora, a professora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, morta em 22 de março aos 37 anos em Ribeirão Preto. Nathalia morreu em 9 de fevereiro, em Pontal, região metropolitana de Ribeirão Preto.

O delegado Fernando Bravo confirmou que o inquérito foi encerrado nesta terça-feira e enviado para o Fórum de Pontal, onde o crime teria ocorrido e onde Nathália está sepultada.

Segundo Bravo, o inquérito concluiu que a idosa matou a filha com o uso de “chumbinho” (Foto: Alfredo Risk)

“A conclusão que nós chegamos na investigação é que a Elizabete matou a filha com o uso de veneno, de ‘chumbinho’. A exumação e o exame toxicológico comprovaram essa afirmação. A investigação não comprovou a participação de mais nenhuma pessoa. Ficou evidente que só a Elizabete participou desse crime. A partir dessa conclusão e oitiva de várias pessoas, nós concluímos o inquérito, eu relatei e representei agora pela prisão preventiva da Elizabete. A partir de agora esse inquérito vai abrir vista para o Ministério Público que vai analisar e, se entender como a polícia entendeu, vai oferecer denúncia para fazer o eventual julgamento dela pela Justiça”, explica o delegado.

O Laudo de Exame Toxicológico foi conclusivo, detectando a presença de carbofurano (“chumbinho”) nas amostras de estômago, fígado e pulmão de Nathália, comprovando que a causa da morte foi envenenamento, descartando por completo a hipótese inicial de morte natural e confirmando o crime de homicídio. A exumação ocorreu no dia 23 de maio.

No inquérito, é citado que o motivo do crime seria de natureza financeira e de controle. Em depoimento, uma irmã da acusada, afirmou que Elizabete estava em situação financeira desesperadora, com dívidas de jogo. A irmã e outra testemunha também mencionaram que a idosa se opunha quanto à intenção de Nathália se casar e ter filhos, pois um novo herdeiro reduziria a expectativa de ganhos de Elizabete em relação à filha.

Exumação e exame toxicológico comprovaram que Nathalia morreu por envenenamento (Foto: Alfredo Risk)

O delegado também cita que, no dia do crime, Nathália e sua mãe tiveram uma forte discussão por conta da contrariedade de Elizabete aos planos da filha e, em seguida, a vítima teria se recolhido a seu quarto, onde acabou morrendo. Além disso, cita que os dois irmãos da vítima, o médico Luiz Antônio Garnica e Viviane Garnica Miotto, também foram investigados, mas não foram encontradas provas de participação de ambos no crime.

Elizabete foi indiciada por homicídio triplamente qualificado, com as agravantes de motivo torpe, premeditação e meio que dificultou a defesa da vítima. O delegado também pediu a prisão preventiva de Elizabete, que está presa desde maio pela morte da nora Larissa, ao lado do filho Luiz Antônio, casado com a professora. Elizabete está presa em Tremembé, Vale do Paraíba. Já o médico está preso em Serra Azul e ambos foram interrogados nesta terça-feira (14), na audiência de instrução sobre a morte da professora, ocorrido em Ribeirão Preto.

Elizabete Arrabaça foi indiciada por homicídio qualificado, por motivo torpe, premeditação e meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima (Foto: Alfredo Risk)

Entenda o caso

As suspeitas sobre o envenenamento de Nathália surgiram durante as investigações que apuravam a morte da professora Larissa Rodrigues, encontrada morta em seu apartamento no Jardim Botânico, Zona Sul de Ribeirão Preto, na manhã de 22 de março.

O exame necroscópico não identificou a causa da morte, mas o laudo toxicológico confirmou envenenamento por “chumbinho”. Após ouvir testemunhas, o delegado Fernando Bravo pediu a prisão preventiva de Garnica e de sua mãe, Elizabete Arrabaça, apontando ambos como suspeitos do crime. Na conclusão do inquérito, Elizabete e Garnica foram acusados de feminicídio. O marido da vítima também responde por fraude processual, por ter alterado a cena do crime.

Os corpos de Nathalia e Larissa estão sepultados no mesmo túmulo, no Cemitério de Pontal (Foto: Alfredo Risk)

Durante as investigações, Bravo também solicitou a exumação do corpo de Nathália Garnica, irmã de Luiz e filha de Elizabete, que havia morrido em Pontal, em 9 de fevereiro, aos 42 anos. Embora a morte tivesse sido registrada como enfarte, o delegado suspeitou de envenenamento, já que Nathália também apresentava boa saúde, a exemplo da cunhada Larissa. O laudo do Instituto Médico Legal confirmou a presença de “chumbinho”, apontando envenenamento.

Com o resultado, a polícia indiciou Elizabete por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, premeditação e meio cruel). Já o ortopedista e outra irmã, Viviane Garnica Mioto, foram isentos de envolvimento. O caso seguiu para o Fórum de Pontal e é aguardado o posicionamento do MP sobre oferecer ou não denúncia.

O que diz a defesa de Elizabete

O responsável pela defesa da idosa, Bruno Corrêa Ribeiro, divulgou nota a respeito do novo indiciamento de sua cliente. Confira a íntegra:

Tomamos ciência que no final da tarde de ontem, o dr. Fernando Teixeira Bravo, Delegado de Polícia que presidiu as investigações sobre a morte de Nathália Garnica encerrou as investigações, concluindo pela autoria da morte, exclusivamente, à srª Elizabete Eugênio Arrabaça, descartando a participação de eventuais outros investigados, fazendo uso da substância venenosa carbofurano, popularmente conhecida como “chumbinho”.

Na mesma oportunidade, procedeu com o ato do formal indiciamento de Elizabete, bem como representou pela prisão preventiva de Elizabete nestes autos, com o argumento de garantia da ordem pública.

Segundo o advogado Bruno Corrêa Ribeiro, a defesa técnica aguarda a análise do MP para decidir pelos próximos passos do trabalho de defesa de Elizabete (Foto: Max Gallão Mesquita)

Do ponto de vista da defesa, embora se trate de uma investigação complexa, necessário lembrar que durante as investigações policiais não existe o contraditório, ou seja, investigado e defesa técnica não apresentam defesa, só prestam esclarecimentos, pois não é o momento processual adequado para tal.

Neste momento a defesa técnica aguarda a análise do inteiro teor da investigação pelo Ministério Público de Pontal/SP, seja em razão da representação pelo pedido de prisão preventiva, como também, de eventual nova denúncia contra Elizabete, para decidir pelos próximos passos do trabalho da defesa, posto que, a última análise será da 1ª Vara Criminal da Comarca de Pontal-SP”, diz a nota assinada por Ribeiro e pelo advogado João Pedro Soares Damasceno.

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