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Em nova história de Sissi, diretora busca uma mulher mais real

Por Luiz Carlos Merten, especial para o ESTADÃO

Quem viu o trailer de Corsage, filme que já está em cartaz, por certo se impressionou com as cenas da imperatriz Elizabeth pedindo à aia que aperte cada vez mais o espartilho. Elizabeth, que sempre foi reconhecida pela beleza, está chegando aos 40 anos. Para os padrões de seu tempo está velha, mas ela insiste em se manter jovem aos olhos de seus súditos. Manter a cintura fina faz parte desse esforço. Numa conversa por telefone com a diretora Marie Kreutzer, o repórter lembra o começo do clássico ..E o Vento Levou, quando Vivien Leigh, como Scarlett, preparando-se para o baile, também pede a Mammy/Hattie McDaniels que aperte mais e mais o espartilho, para destacar a silhueta.

“É verdade? Conheço o filme, mas não me lembro da cena, e de maneira nenhuma foi uma referência para mim. Vou até conferir.” Marie Kreutzer conta que nunca havia pensado em biografar a princesa da Baviera e imperatriz da Áustria, embora habite em Viena, não muito longe do museu que abriga seu legado. A ideia partiu da atriz Vicky Krieps. “Comecei a pesquisar e terminei desconstruindo os clichês associados à figura. Descobri uma mulher interessante e adiante do seu tempo, de acordo com o approach de outros filmes meus, especialmente O Chão Sob Meus Pés, de 2018”, diz a atriz.

E Marie prossegue: “O que mais me impressionou nela foi a rebeldia. Elizabeth, conhecida de seus súditos e familiares como Sissi, enfrentou o que talvez tenha sido uma crise dos 30 anos. Passou a viajar muito, praticava esportes, recusava-se a comer para manter-se esbelta e fumava em público, o que era tudo muito ousado, ainda mais para uma monarca reinante. Estou convencida de que detestava ser rainha e, por isso, testava os limites não apenas do reino, mas dela própria. Descobri esse viés, digamos, moderno, que a tornou muito mais interessante. Vicky tinha razão O filme tornou-se uma necessidade para mim”.

A diretora prossegue: “Passado todo esse tempo, nós, mulheres, ainda somos, massivamente, criadas para ser bonitas e agradar, sendo avaliadas mais pela aparência e pelo comportamento do que por qualidades mais intrínsecas”.

A par de sua colaboração com Marie, Vicky Krieps tem participado de filmes importantes de outros (grandes) autores. Fez Trama Fantasma com Paul Thomas Anderson e A Ilha de Bergman com Mia Hansen-Love. “Vicky é uma pessoa muito ativa, muito física, mas ela seria a primeira a lhe contar que esse filme lhe exigiu mais preparação do que qualquer outro. Teve aulas de equitação, de etiqueta, seguiu uma alimentação estrita.”

O repórter observa que, por maior que tenha sido o esforço, há que reconhecer – Vicky está ótima. É o filme mais belo, visualmente, de Marie. Todo aquele cuidado com as roupas, os ambientes. “Na verdade, não nos escravizamos ao padrão do filme de época. Só um vestido foi recriado com todos os detalhes, aquele que imortalizou Sissi na pintura famosa, seu retrato oficial, por Franz Xavier Winterhalt.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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