A 20ª Feira Internacional do Livro (FIL) de Ribeirão Preto abre espaço para um amplo debate por meio do projeto Utopias. Realizada 100% em ambiente virtual entre os dias 20 e 29 de agosto, a Feira coloca em pauta cinco temáticas fundamentais: Paz, Verdade, Meio Ambiente, Respeito à Diversidade e Oportunidades Iguais.
O primeiro tema em debate é “Paz” (dia 23, segunda-feira, 13h), numa conversa que aborda a literatura como ferramenta potente no processo de reabilitação do sistema prisional, a partir das vivências e experiências práticas do professor e magistrado Luís Carlos Valois, defensor do Direito de Defesa e dos Direitos Humanos; do poeta e escritor Carlos Domingos, que já esteve em situação de privação de liberdade; e do bibliotecário e doutor em Ciência da Informação, Ciro Monteiro, que há mais de 15 anos atua em projetos literários em penitenciárias da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.
A filósofa Marcia Tiburi assume o bate-papo sobre “Verdade” (dia 24, terça-feira, 13h), convidando o público a refletir sobre como lidar com o que é e o que não é verdade em tempos orquestrados pelas redes sociais, notícias falsas e polarização de discursos em nível mundial. Também artista plástica e professora de Filosofia na Universidade Paris 8 Vincennes – Saint-Denis e com ampla produção literária, Marcia Tiburi aborda o tema proposto compartilhando sua produção literária. Títulos como “Complexo de Vira-Lata”, “Como derrotar o Turbotecnomachonazifascismo” e “Ridículo Político” são alguns assinados pela filósofa.
Na quarta-feira (25, 13h), o projeto Utopias recebe Ailton Krenak, um dos mais destacados líderes e ativistas indígenas brasileiros, para abordar o tema “Meio Ambiente”. Filósofo, ambientalista, poeta, escritor, e professor honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Krenak integrou a Assembleia Constituinte que elaborou a Constituição Federal de 1988 e fundou a ONG Núcleo de Cultura Indígena, com atuação na preservação, defesa e divulgação da produção cultural dos povos índios no Brasil. Junto com ele, participa dessa atividade o jovem rapper Owerá Kunumi MC, mundialmente conhecido após levantar a faixa “Demarcação Já”, na abertura da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.
À época, as televisões brasileiras não mostraram Kunumi e sua faixa, mas emissoras internacionais sim, atraindo o interesse de lideranças ambientalistas de todo o mundo. O rapper é autor de “Contos dos Curumins Guaranis” – escrito junto com o irmão e publicado quando ele tinha 14 anos – e “Kunumi Guarani”, narrativa biográfica sobre o menino que vive na aldeia. A difícil tarefa de conscientização sobre a preservação do meio ambiente, utopia ou não, será também traduzida na FIL com música e literatura.
Respeito e acolhimento aos diversos gêneros, sob diferentes óticas, no dia 26 (quinta, 13h), três mulheres trazem suas percepções sobre essa questão, no debate “Respeito à Diversidade”. Marcela Tiboni, RafaMon e Candy Mel. Homossexual, casada e mãe, a escritora Marcela Tiboni é autora de “Mama: um relato de maternidade homoafetiva” e “Maternidades no plural”. Candy Mel é cantora e apresentadora, primeira mulher trans a ocupar lugar de destaque num grupo musical brasileiro, a Banda Uó, de Goiânia; além de ter sido a primeira mulher trans brasileira a estrelar uma campanha de marca de cosméticos. A artista visual RafaMon fecha a composição do trio de debatedoras. Mineira, radicada no Rio de Janeiro, Rafa é ativista LGBTQIAP+.
A agenda do projeto Utopias termina no dia 27 (sexta-feira, 13h), com o tema “Oportunidades Iguais”. Para essa conversa, a FIL convidou Helder Holiveira, professor, supervisor cultural e pedagógico na Fundação CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), e criador do Afeto na Lata, projeto que recicla latas de spray usadas nos murais que ele cria. Essa experiência serve como fonColaborativas, pela University College de Tromsoe (Noruega). Possui mais de 20 anos de experiência em trabalho na área social e em gestões de políticas públicas e educação formal, e seu trabalho artístico já foi visto em exposições individuais e coletivas no Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, Suíça e Argentina, entre outros países.
FIL
Para além desse projeto, o debate sobre utopias baliza todas as atividades da FIL 2021, agrupadas sob o tema central “Velhas e Novas Utopias”, que de acordo com Adriana Silva – curadora da Feira e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto – surgiu para responder questões que precisamos dar conta de responder. “A pandemia nos sugere essa revisão, oferecendo uma perspectiva de futuro. Devemos olhar para trás, vendo as velhas utopias que se confirmaram, mas, ao mesmo tempo, com o olhar para frente, focando as novas utopias que precisamos nos colocar”, destaca Adriana.
O projeto Utopias contou com a coordenação de Priscilla Altran, do Núcleo Pedagógico da Fundação e com a produtora Cristiane Cordeiro. Juntas elas traçaram os perfis dos palestrantes, selecionando convidados que possuem histórico de atuação, ativismo e diálogo com os temas propostos. “Espero que o conhecimento e o contato com iniciativas concretas que vêm modificando realidades utilizando a literatura e a arte como ferramentas, renove a capacidade do público da FIL de sonhar com um mundo melhor”, finalizou Priscilla Altran.
Exposições
Dentro do projeto Utopias, a FIL contará ainda com duas exposições em regiões diversas de Ribeirão Preto. Transformando latas vazias de tinta spray em peças de arte, com pinturas na superfície, acompanhadas por frases que transmitem mensagens de alegria, positividade e paz, o artista plástico Helder Holiveira realiza a exposição entre os dias 16 e 29 de agosto em cinco pontos diferentes da cidade.
No dia 14 de agosto, das 10h às 15h, a FIL realizará uma ação nas dependências do SESI Castelo Branco (Rua Dom Luís do Amaral Mousinho, 3465 – Jardim Castelo Branco, em Ribeirão Preto): serão produzidas cinco latas de fibra de vidro branca em grandes proporções (1,5 x 0,5m), com cada um dos temas do Projeto Utopias – Paz, Verdade, Meio Ambiente, Respeito à Diversidade e Oportunidades Iguais. As peças serão pintadas pelos artistas muralistas de Ribeirão Preto – Rodrigo Chov, David Daniel, Kall e Inaiá Vilas Boas – com orientação de Helder Holiveira, que também deixará sua contribuição artística. A ação tem o apoio da empresa Baldocchi Assistência Familiar.
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