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Hemocentro inicia testes com plasma

ALFREDO RISK

O Hemocentro de Ribeirão Preto começou há poucos dias uma pesquisa em busca de um tratamento para pacientes com o novo coronavírus (co­vid-19). Basicamente, a pes­quisa é utilizar anticorpos, por meio de plasma de pacientes que foram curados da doença, em pacientes doentes.

De acordo com o médico Gil Cunha de Santis, diretor médico do laboratório de te­rapia celular do Hemocentro de Ribeirão Preto do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo­-USP, a pesquisa visa a avaliar a efetividade do uso de plasma de convalescente em pacientes com a forma grave (insuficiên­cia respiratória) da covid-19.

Gil Cunha de Santis, diretor médico do laboratório de terapia celular do Hemocentro de Ribeirão Preto,
ao lado de uma doadora de plasma

“Plasma de convalescente da doença contém anticorpos que neutralizam o vírus, de modo que sua transfusão poderia ser benéfica para pacientes que ainda não tiveram tempo ou não conseguiram montar sua própria resposta imune contra o vírus e que, portanto, pode­riam se beneficiar da imunida­de elaborada por outras pesso­as, que seria transferida então para o paciente. Essa é a ideia básica”, explica.

O diretor ressalta que esse tipo de tratamento é usa­do esporadicamente há mais de um século, para doenças como a difteria, a gripe espa­nhola, a primeira Sars (Sín­drome Respiratória Aguda), em 2002/2003, a Mers-Cov (vírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Mé­dio e membro da família dos coronavírus), em 2012 e 2015, e a doença do ebola.

“Com re­sultados que sugerem a possi­bilidade de benefício para os receptores”, salienta Santis.

Em Ribeirão, a pesquisa teve início há pouco mais de uma semana. “Mas os resultados ain­da não permitem que se extraia nenhuma conclusão, pois o nú­mero de pacientes incluídos na pesquisa é ainda pequeno. Pre­tendemos incluir 120 pacientes no total, 40 dos quais no grupo que deverá receber o plasma, e 80 no grupo controle, que não receberá o plasma, mas que será submetido também ao trata­mento convencional, ou seja, os dois grupos serão submetidos ao mesmo tratamento de base, mas o grupo experimental re­ceberá a transfusão de plasma como medida adicional. É o que se chama de estudo clínico con­trolado, com alocação aleatória dos participantes (randomiza­do), a única maneira de provar se determinado tratamento de fato funciona”, ressalta Santis.

Transfusão poderia ser benéfica para pacientes que ainda não tiveram tempo ou não conseguiram montar sua própria resposta imune contra o vírus

Depois que 15 pacientes receberem a transfusão de plasma, será feita análise dos dados e, se verificar benefí­cio com o tratamento com plasma, a pesquisa será in­terrompida e o plasma con­valescente será oferecido aos pacientes com a forma grave da covid-19.

Outras pesquisas pareci­das já estão sendo realizadas por pesquisadores da Univer­sidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas, da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e nos hospitais Albert Einstein e Sí­rio-Libanês.

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